Leidenschaft, passion, paixão, passión
Afeto: o acometimento que nos agita cegamente. Paixão: a expansão clarividente e reunidora do campo de vinculação ao ente. Nós falamos e só olhamos de fora ao dizermos: uma ira se inflama e se dissipa, dura pouco; um ódio, contudo, dura muito. Não; um ódio ou um amor não (46) duram apenas mais tempo. Ao contrário, eles trazem pela primeira vez uma verdadeira duração e uma verdadeira constância para a nossa existência. Em contrapartida, um afeto nunca consegue viabilizar algo assim. Como a paixão restaura nosso ser, nos libera e nos deixa soltos para os seus fundamentos; como a paixão é, ao mesmo tempo, a expansão do campo de vinculação até a amplitude do ente, por isso pertence à paixão – e o que se tem em vista aqui é a grande paixão – ser dispendiosa e engenhosa. Não lhe pertence apenas a capacidade, mas mesmo a necessidade de retribuir, e, ao mesmo tempo, aquela despreocupação quanto ao que acontece com o dispendido, aquela superioridade que repousa em si mesma e que caracteriza as grandes vontades.
Paixão não tem nada a ver com um mero desejo, não é coisa dos nervos, da exaltação e do excesso. Nietzsche põe na conta de todos esses estados, por mais excitados que possam parecer, o fato de produzirem uma extenuação da vontade. A vontade só é vontade como querer-para-além-de-si-mesmo, como mais-querer. A grande vontade tem em comum com a grande paixão aquela calma do movimento que se perfaz lentamente. Essa calma faz com que dificilmente se responda, com que dificilmente se reaja; e isso não por insegurança e lentidão, mas por uma segurança que expande amplamente o seu campo de vinculação e pela leveza interna daquilo que é superior. (GA2MAC:45-46/38-39)
Sob os nomes de paixões e sentimentos esses fenômenos são de há muito onticamente conhecidos e a filosofia sempre deles tratou. Não é casual que a primeira interpretação das paixões sistematicamente levada a efeito e transmitida não tenha sido tratada no quadro da “psicologia”. Aristóteles estuda os πάθη no Segundo Livro de sua Retórica. (…)
São conhecidas a continuação da interpretação das paixões no estoicismo e igualmente sua transmissão pela teologia patrística e escolástica à época moderna. Não houve atenção para o fato de que a interpretação ontológica dos princípios do afetivo em geral desde Aristóteles apenas pôde dar um passo adiante que fosse digno de menção. Ao contrário: paixões e sentimentos caem tematicamente sob a classificação de fenômenos psíquicos e, no mais das vezes, têm a função de uma terceira classe de fenômenos, ao lado de representar e de querer. Decaem ao plano de fenômenos concomitantes.
É um mérito da investigação fenomenológica propor uma visão mais livre desses fenômenos. (SZ:138; STCastilho:395)
VIDE: (Leidenschaft->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Leidenschaft)
Não o “sentimento apaixonado” — seja o desejo “cego” — mas “provação” (pathos) pela qual se passa, ou melhor que nos atravessa e assim nos mede. O termo tem uma ressonância nietzscheana: não há saber sem um querer saber; a “ciência” não é um fenômeno “frio”. (M. Froment-Meurice)
Sería muy superficial, y ante todo pensaríamos de modo no griego, si quisiéramos dar a entender que Platón y Aristóteles sólo comprobaron aquí que el asombro sea la causa del filosofar Si fueran de tal opinión, entonces aquello querría decir: cierta vez los hombres se asombraron, a saber, del ente, de que es y de qué es. Impulsados por este asombro, comenzaron a filosofar. No bien la filosofía se puso en marcha, el asombro, en tanto estímulo, se volvió superfluo, de manera que desapareció. Pudo desaparecer porque era sólo un impulso. Pero: el asombro es arche – domina por completo cada paso de la filosofía. El asombro es pathos. De ordinario traducimos pathos por passion, pasión (Leidenschaft), agitación afectiva (Gefühlswallung). Pero pathos está en relación con paskein, sufrir (leiden), tolerar (erdulden), soportar (ertragen), sobrellevar (austragen), dejarse llevar por (sich tragen lassen von), dejarse de-terminar por (sich be-stimmen lassen durch). Es arriesgado, como siempre en casos tales, traducir pathos por temple de ánimo (Stimmung), con lo qué significamos la dis-posición (Ge-stimmtheit) y de-terminación (Be-stimmtheit). Con todo, debemos arriesgar esta traducción, porque sólo ella nos guarda de presentarnos pathos psicológicamente en sentido moderno. Sólo cuando comprendemos pathos como temple de ánimo (Stimmung) (dis-position), podemos caracterizar mejor también el thaumatein, el asombro. En el asombro nos contenemos (être en arrêt). En cierto modo retrocedemos ante el ente – ante eso de que es y de que es así y no de otra manera. Tampoco se agota el asombro en este retroceder ante el ser del ente, sino que, en tanto retroceder y detenerse, está al mismo tiempo arrastrado hacia aquello y por así decir encadenado por aquello ante lo cual retrocede. De tal modo, el asombro es la dis-posición (Dis-position) en la que y para la que se abre el ser del ente. El asombro es el temple de ánimo (Stimmung) dentro del cual se les concedió a los filósofos griegos el corresponder al ser del ente. Heideggeriana: QueFilosofia