Lebenswelt

Lebenswelt (lifeworld) – 1918 to 1921, perhaps from conversations with Husserl. In the habilitation (1915-16), it is called the Erlebniswelt or Erfahrungswelt, the world of experience. In keeping with the neo-Kantian division of values, it tends to be used in the plural to refer to the scientific, ethical, aesthetic, and religious lifeworlds. [Kisiel]


Lebenswelt (die): «mundo de la vida». En los primeros cursos de Friburgo, se llama Lebenswelt a los diferentes mundos en que ya siempre nos encontramos a nosotros mismos. Heidegger distingue entre el mundo de la vida científico, ético, estético y religioso. Además, cada uno de estos mundos de la vida provoca un tipo peculiar de comportamiento de la vida. Es más que probable que el joven Heidegger, que conocía los escritos y las investigaciones de Husserl de primera mano como asistente suyo, tomara el concepto de Husserl, aunque sea en un sentido diferente al que encontramos, por ejemplo, en Erste Philosophie. [GA56/57, pp. 5, 18 (mundo de la vida religioso); GA58, p. 83; GA60, pp. 12, 328.] [LHDF]


(VGKH)

Mundo da vida (Lebenswelt): A noção de “mundo da vida” foi emprestada por Husserl da Crítica da Experiência Pura de Richard Avenarius (1843-1896), mas adquiriu nos anos 1920 uma significação propriamente husserliana.

Sem dúvida, Husserl já utilizava esporadicamente a expressão “conceito natural de mundo” antes de 1920, por exemplo, nos Problemas Fundamentais da Fenomenologia (§8, p. 109), no contexto de uma problemática bem determinada: a da teoria do conhecimento. O problema em que o conceito é mobilizado é o da fundamentação das ciências objetivas, ou seja, o da relação de fundamento entre o conceito científico e a intuição pré-conceitual. Nesse contexto preciso, Husserl retoma a ideia de Avenarius de uma restituição do “conceito natural de mundo” contra as falsificações da metafísica dualista.

Porém, nos anos 1920, assiste-se a um aprofundamento da problemática gnoseológica e a um deslocamento da questão: o problema passa a ser a relação entre, por um lado, o mundo abstrato da teoria objetiva e, por outro, o mundo concreto e histórico da vida subjetiva, do qual faz parte a práxis teórica. A experiência que sustenta em última instância as ciências objetivas não é mais uma intuição muda e pré-conceitual, mas a experiência de um mundo atual, concreto e histórico, com suas realizações culturais — e, portanto, também com seus conceitos e ciências. A transformação do conceito inicial de mundo da experiência natural marca também o nascimento do conceito propriamente husserliano.

As três teses fundamentais de Husserl sobre o mundo da vida, conforme formuladas por R. Bœhm em “Husserls drei Thesen über die Lebenswelt” (Lebenswelt und Wissenschaft in der Philosophie Edmund Husserls, p. 24), são as seguintes:

1. O mundo da vida, “o único mundo verdadeiro” (“die einzig wahre Welt”, Husserliana XIX, texto 11, p. 140), é um mundo relativo e subjetivo, de modo que sua relatividade subjetiva permanece necessariamente oculta à vida mundana em seu solo, sob a aparência de sua objetividade.

2. A ciência objetiva moderna perdeu seu significado para a vida, pois nunca conseguiu tematizar o mundo da vida em sua relatividade subjetiva — justamente porque permaneceu prisioneira dessa mesma relatividade. É na medida exata em que não consegue se desvencilhar do solo do mundo da vida que a ciência objetiva se mostra incapaz de tomá-lo como tema (cf. Krisis, §37).

3. A única maneira possível de restituir à ciência seu significado para a vida consiste em se desvencilhar do solo do mundo da vida, rompendo completamente com a vida mundana natural e, assim, liberando a possibilidade de uma ciência que tome o mundo da vida subjetivo-relativo como seu tema universal e sistemático.

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress