Geltung

Geltung, Gültigkeit, validité, validade, validity

Validade significa, em primeiro lugar, a “forma” da realidade efetiva que é própria do conteúdo-do-juízo, na medida em que este se mantém inalterável em face do mudável processo “psíquico” de julgar. No estado atual da questão-do-ser em geral, caracterizado na Introdução a este tratado, dificilmente se poderia esperar apenas que a “validade”, como “ser ideal”, se distinguisse por uma particular clareza ontológica. Validade significa ao mesmo tempo o sentido-do-juízo que vale em relação ao “objeto” nele visado, adquirindo, assim, a significação de “validade objetiva” e de objetividade em geral. O sentido do ente que “vale” dessa maneira e que é “atemporalmente” válido em si mesmo “vale”, além disso, no sentido de valer para todo aquele que julgue racionalmente. Validade significa agora ser-vinculante, “validade universal”. E se, além de tudo isso, se sustenta uma teoria “crítica” do conhecimento segundo a qual o sujeito não “sai” “propriamente” para ir até o objeto, então a validade, como validade do objeto, objetividade, funda-se na consciência válida do verdadeiro (!) sentido. As três significações de “valer” que aqui se expuseram, isto é, valer como modo-de-ser do ideal, como objetividade e como ser-vinculante, não só padecem em si mesmas de falta-de-transparência, mas se confundem, constantemente, uma com a outra. (SZ:155-156; STCastilho:441)


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validité
validity
VIDE Wert

NT: Validity (Geltung, Gültigkeit), 7, 99, 127, 155-156, 227, 357, 395 (BTJS)


Coisas e acontecimentos físicos e psicológicos “são” ou “existem”. Já valores, leis, verdades e ideias gelten, “são válidos”, independentemente do que qualquer um possa fazer ou pensar sobre eles. Mais exatamente, Lotze distinguiu quatro formas da ” atualidade”, Wirklichkeit: o ser, Sein, das coisas; o acontecer, Geschehen, dos acontecimentos; a subsistência, Bestehen, das relações; a validade, Getung/gelten, das proposições (GA21, 69, 73). A verdade, como um valor, é “válida”, gilt. Uma verdade particular é válida, tanto por ser uma entidade ideal, não física ou psicológica, quanto por incorporar a verdade: gelten refere-se tanto ao ser de uma proposição verdadeira (ou falsa), quanto ao fato de ser verdadeira (GA21, 74). A “palavra mágica Geltung” é, conclui Heidegger, um “emaranhado de confusão, desamparo e dogmatismo” (GA21, 79). Possui pelo menos três sentidos: 1. O “ser” de uma entidade “ideal”, tal como um sentido ou uma proposição, em contraste com o ato psicológico de julgar ou com a sua concretização física em sons, escrita etc. 2. A ” validade de” da proposição, o objeto ao qual ela se dirige, sua objetividade ou verdade; Geltung neste sentido equivale à objetividade, Gültigkeit. 3. Sua “validade para” todos os julgadores racionais, sua Verblindlichkeit, “vínculo, obrigatoriedade”, ou sua Allgemeingültigkeit, “validade universal” (SZ, 156. Cf. GA21, 80ss).

Heidegger rejeitou o conceito de Geltung por razões ainda diversas da sua indubitável confusão. A ideia de um âmbito de Geltung em contraste com o ser, ou de um reino do ser “ideal” em contraste com o ser “real” (GA21, 50), precisa ser investigada em função do nosso conceito geral de ser e, provavelmente, precisa ser rejeitada. A entidade ideal parece algo intermediário entre nós e os entes reais, algo que não se encontra em nossa reflexão fenomenológica sobre nossos julgamentos (GA20, 42); provoca um efeito especial sobre aqueles que acreditam que “o sujeito ‘na realidade’ não sai’ para o objeto” (SZ, 156. Cf. GA21, 81). A “lógica da Geltung” pressupõe que os veículos primários da verdade são as proposições, ignorando a aletheia, a verdade como desvelamento (GA17, 200; GA21, 78s Cf. SZ, 156 sobre o “sentido”, Sinn). (DH)