essence (EtreTemps)
NT: Essence: Essenz, 117, 233, 418; Wesen, 12, 35, 42, 48-49, 56, 121, 136-137, 172, 199, 214, 216, 231, 298, 318, 323, et passim; statement of essence, 123; intuition of essence, 147 (BT)
(Das) Wesen raramente aparece em SZ, e é normalmente equivalente a Essenz (SZ, 117). SZ fala da Wesenverfassung, “constituição essencial” (SZ, 8) e Wesensbestimmung, “determinação essencial” (SZ, 12) de dasein. Wesen aplica-se duplamente a Dasein: “A ‘essência’ (’Wesen’) deste ente encontra-se em seu ser-para (Zu-sein). (…) A ‘essência’ de Dasein encontra-se em sua existência” (SZ, 42). Mas não se aplica a Sein, “ser”: “Não há ‘essência do ser’, já que ser-uma-essência (Wesen-sein) é em si mesmo um modo de ser” (Scheler (1976), 285). O verbo wesen aparece no passado nos neologismos gewesend(e), “durante o ter sido”, e Gewesenheit, “vigor-de-ter-sido” (SZ, 326).
Em outras obras, Wesen é frequentemente usada no sentido não verbal de “essência” . Ao “esclarecer a essência” (Wesenserhellung), por exemplo, da liberdade, determinamos três coisas: 1. Seu ser-o-que, o que a liberdade é; 2. A possibilidade inerente ao ser-o-que, o quanto ela é intrinsecamente possível; 3. O solo desta possibilidade inerente (GA31, 12, 179). Isto é mais do que uma análise do conceito de liberdade ou do significado da palavra “liberdade”: isto envolve nossa transcendência em mundo. A essência da verdade muda ao longo da história, embora haja um cerne persistente que preserva a identidade da essência (N1, 173s/N1, 147s). E “não apenas a essência da verdade, mas a essência de qualquer coisa essencial possui uma riqueza própria, da qual cada época histórica pode apenas extrair um pouco como sua parte” (GA54, 15). Uma afirmação significativa acerca da essência, por exemplo, da poesia, é uma definição persuasiva de um conceito essencialmente contestado: ela “nos força a uma decisão, se e como, no futuro, levaremos a sério a poesia” (HEP, 34/294). A nova definição deveria estar afinada com a época: “A essência da poesia que Hölderlin estabelece é histórica no mais alto grau, pois antecipa uma era histórica. Sendo, porém, essência histórica, é a essência singularmente essencial” (HEP, 47/313s). (DH)
Quando anteriormente mencionamos que o modo de ser — a essência — do homem recebe indícios do modo de conhecer — já o fizemos nesse quadro de pressupostos: a fenomenologia hermenêutica como pensamento da finitude.
Essência não é mais um conceito importado do aparato conceituai da metafísica. A distinção entre essência e existência é um par de conceitos da metafísica enquanto ontoteologia, mas ela já vem problematizada desde Suarez e é assumida na sua condição de problema e não de solução por Kant.
Heidegger, ao apresentar, portanto, a definição do homem — “a substância do homem é sua existência” — já trabalha com a consciência de que “essência” quando falamos desde a analítica existencial deve ser empregada com muito cuidado. Não se trata mais de uma quididade, nem da definição que resulta da determinação do gênero pela diferença específica — não se trata mais, como vimos há pouco, de uma simples generalização. Essência na fenomenologia hermenêutica passará a ser definida a partir de Wesen como manifestação fenomenológica do ser ou de um modo de ser. (ErStein2008:128-129)