eigentlich

eigentlich, próprio, auténtico, autêntico, authentique, authentic

O autêntico é aquilo ao que corresponde e se mostra como suficiente aquilo que é o verdadeiro, e o verdadeiro é aqui visado como o efetivamente real ou o pertinente.

Na autenticidade reside, por isso, uma correspondência, e, com isso, uma correção.

A questão é que, contudo, o autêntico não é simplesmente apenas aquilo que “concorda” com o pertinente, por exemplo, até mesmo uma proposição. Uma proposição é correta, mas não autêntica; ou será que ela é autêntica? Uma proposição inautêntica, que não provém de Aristóteles, pode ser de qualquer modo correta, e vice-versa, uma incorreta pode ser autêntica. Autenticidade significa, portanto, algo diverso de correção, se é que esse nome deve ser retido para a co-rrespondência de uma expressão com a coisa interpelada.

Autêntico, porém, é um pedaço de ouro. Um “autêntico Dürer”, mas também uma expressão “autenticamente” schilleriana. Aqui, “autêntico” significa uma vez mais algo diverso, de maneira alguma o que não foi falsificado e o que provém em geral apenas de Dürer, Schiller, mas precisamente aquilo que é conforme com ele e apenas com ele, o que é essencialmente justo. Do mesmo modo, falamos do autêntico, quando dizemos de um homem que ele seria “autêntico” em seu fazer e em seu deixar de fazer.

O autêntico não é apenas o que é pertinente e o que é próprio, ou seja, o que corresponde a algo que já existe, mas, ao mesmo tempo, a conformidade no erigir da medida, autêntico no desdobramento, fiel à origem, mantendo a originariedade. (GA65:§235; GA65MAC:357)


VIDE: eigentlich


eigen, propre, particulier, à soi, personnel, próprio, own, eigenen, ἴδιον, ἴδια, ἴδιος

L’adjectif eigen, qui signifie propre, particulier, à soi, personnel, sera rencontré à de très nombreuses reprises, tout comme l’adjectif eigentlich, qu’il m’arrivera fréquemment également de traduire par propre (par exemple le sens propre d’un mot). Compte tenu de l’importance, comme on le verra, de ce second adjectif dans l’acception très spécifique : propre (eigentlich), versus impropre (uneigentlich), qu’il prend dans Sein und Zeit, la règle suivante sera observée. Dans le premier cas (eigen), l’adjectif (propre) sera placé, comme ici, avant le nom auquel il se réfère. Dans le second cas (eigentlich), il sera placé après. Cette règle posant problème pour le superlatif (eigenst) qui, en français, ne peut rester devant le substantif auquel il se réfère, la traduction retenue sera alors : « le plus sien » (le plus à soi), expression qui dans ce cas pourra être placée après le substantif. Dans certains cas néanmoins, où la confusion avec l’autre sens du mot propre n’est pas possible, l’expression « le plus propre » pourra alors être conservée en place arrière (exemple : au sens le plus propre du mot). (Auxenfants; ETJA:§2N5)


VIDE: (eigen

authentique (ETEM)
authentic (BT)

(eignen< eigen) Eigentum (s): propriedade eigentlich: propriamente, em sentido próprio eignen: apropriar er(-)eignen / sich ereignen: acontecer (originário) de apropriação / acontecer apropriando-se, propiciar-se Ereignis (s): acontecimento de apropriação Vereignung (e): o tornar próprio zueignen: apropriar-se (GA5BD) NT: eigentlich : authentique, et uneigentlich : inauthentique. — Appliqué à la seule existence du Dasein, ou aux modalités de celle-ci. Sinon, ord. = proprement dit. (ETEM)


NT: Authentic (eigentlich), passim: Angst, 190; appropriation of untruth, 299; being of Da-sein, 44, 188, 191, 322; being-come-to-an-end, 239; being-guilty, 291; being-one’s-self, 129, 184, 263, 268, 298; being-toward-death, 237, 260-267 (§ 53), 373; being toward oneself, 122; being-a-whole, 267; care, 122, 301, 323; certainty, 258, 308; coming toward, 330; constancy of the self, 410; disclosedness, 221, 297, 325, 331, 397; dying, 247; encountering of the un-handy, 73; existence: passim; existentiell possibility, 193, 267-270; face to face with thrownness, 348; “for-the-sake-of-which,” 193; future, 329-330, 336-338, 348; grasping of a sign, 79; guilt, 287; hearing the call, 294; historicity, 382, 385-387, 390-391, 395-396; historiographical, 395; occurrence, 382, 385, 387; history, 386; maintaining oneself in a primordial possibility, 306; making present, 410; possibilities of existence, 383; possibility which has been, 394; potentiality-of-being, 233-235, 266, 267-301 (II.iii) 322, 339, 343-344; potentiality-of-being-one’s-self, 175, 322-323; potentiality-of-being-a-whole, 235, 266-267, 301-333 (II.iii), 372; present, 338; handiness, 69, 106; repetition, 385; resoluteness, 308, 310, 313, 382; self, 129-130, 433 (Hegel); temporality, 327, 329, 331, 338, 348, 375, 385, 414; “there,” 328, 347; time, 329; transparency, 298; truth of Da-sein, 297, 302; understanding, 146, 364, 279-280, 295, 302, 306, 348, 383, 425 (BTJS)


’. . . das eigentlich Intendierte . . .’ The adverb ‘eigentlich’ occurs very often in this work. It may be used informally where one might write ‘really’ or ‘on its part’, or in a much stronger sense, where something like ‘genuinely’ or ‘authentically’ would be more appropriate. It is not always possible to tell which meaning Heidegger has in mind. In the contexts which seem relatively informal we shall write ‘really’; in the more technical passages we shall write ‘authentically’, reserving ‘genuinely’ for ‘genuin’ or ‘echt’. The reader must not confuse this kind of ‘authenticity’ with the kind, which belongs to an ‘authentic text’ or an ‘authentic account’. See H. 42 for further discussion. In the present passage, the verb ‘intendieren’ is presumably used in the medieval sense of ‘intending’, as adapted and modified by Brentano and Husserl. (BTMR)


eigentlich: se trata de uno de los términos que más frecuentemente aparece en estas lecciones, sin pretender ser un término técnico. Quiere decir «real, efectivo, de verdad»; digo, por lo tanto, verdadero en ese sentido, y no en cuanto «relativo a la verdad» en su acepción tradicional estricta, lo que en alemán sería wahr. Otra cosa es que luego cuaje en el concepto de Eigentlichkeit, tan importante en Sein und Zeit. Así pues, «verdadero» corresponde en principio siempre a eigentlich. (N. del T., Aspiunza, GA20)