Betrachtung
contemplation
contemplación
Os romanos traduzem theorein por contemplari, theoria por contemplatio. Trata-se de uma tradução oriunda do espírito da língua latina, isto é, do modo romano de estar no ser. Com esta tradução, o essencial da palavra grega desaparece, como que por encanto. Pois contemplari significa: separar e dividir uma coisa num setor e aí cercá-la e circundá-la. Templum é o grego temenos, proveniente de uma experiência inteiramente outra do que theorein. Temnein significa partir e separar. Por isso o que não se pode partir e separar é o atmeton, o a-tomon, o átomo.
O latim templum diz de per si o setor recortado no céu e na terra, o ponto cardeal, a região celeste disposta segundo o curso do sol. É dentro dela que os áugures realizam suas observações para saber o futuro pelo modo de voar, gritar e comer dos pássaros (NA: Cf. Ernout-Meillet, Dictionnaire étymologique de la langue latine, 1951 p1202: contemplari dictum est a templo, i.e. loco qui ab omni parte aspici, vel ex quo omnis pars videri potest, quem antiqui templum nominabant).
Na theoria tornada contemplatio, o pensamento grego já traz seminalmente o momento de uma visão incisiva e divisora. No conhecimento, prevalece a seguir o caráter de um procedimento que divide e intervém na percepção visual. Mesmo aqui e agora, ainda continua a distinção entre vita contemplativa e vita ativa.
Na linguagem religiosa e teológica da Idade Média, esta distinção adquire um outro sentido que opõe a vida contemplativa dos mosteiros à vida ativa do mundo e do século. (GA7 46)