GA9:320 – humanitas

Carneiro Leão

É ao tempo da República Romana que, pela primeira vez, e expressamente com seu nome próprio, se pensa e aspira a humanitas. O homo humanus se opõe ao homo barbarus. O homo humanus é aqui o romano que exalta e enobrece a virtus romana, pela “incorporação” da paideia tomada dos gregos. Os gregos são os gregos do Helenismo, cuja formação se fizera nas escolas filosóficas. Ela se refere à eruditio et institutio in bonas artes. A paideia assim entendida se traduz por humanitas. A romanitas propriamente dita do homo romanos consiste nessa humanitas. É em Roma que encontramos o primeiro humanismo. Em sua Essência, portanto, o humanismo permanece um fenômeno especificamente romano, que nasce do encontro da romanidade com a cultura do helenismo. A chamada Renascença dos séculos XIV e XV na Itália é uma renascentia romanitatis. Porque o que interessa é a romanitas, trata-se da humanitas e, por conseguinte, da paideia grega. Mas o grego aqui é sempre o grego em sua forma posterior e esta ainda assim, à romana. Também o homo romanus da Renascença está numa oposição ao homo barbarus. Todavia, o in-umano é agora o pretenso barbarismo da escolástica gótica da Idade Média. Por isso, ao humanismo, entendido historicamente, sempre pertence um stadium humanitatis que, num certo e determinado modo, retoma a antiguidade e assim se torna cada vez um reviver da Grécia. É o que se mostra em nosso humanismo do século XVIII, empreendido e sustentado por Winckelmann, Goethe e Schiller. Hölderlin, porém, não pertence ao “humanismo”. E não pertence, porque ele pensa o destino1 da Essência do homem mais originariamente do que é capaz de fazer esse “humanismo”. (p. 35-36)

Giachini & Stein

Cortés & Leyte

Munier

Capuzzi

Original

  1. DESTINO= GESCHICK: É um conceito importante na interpretação heideggeriana da História. A tradução só é fiel, se se tomar “destino” em seu sentido etimológico. Pois o verbo, “schicken”, donde se forma “Geschick”, significa “enviar”, “mandar”, “destinar”. Heidegger concebe a necessidade vigente na história, como uma missão !encaminhada pela vicissitude da herdade. É o que designa a expressão: “Geschick des Seins” = destino do Ser. (Carneiro Leão, nota à tr. de Introdução à Metafísica)[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress