GA9:157-158 – o ser-aí existe em-virtude-de-si-mesmo

Stein & Giachini

A proposição o ser-aí existe em-virtude-de-si-mesmo não contém nenhuma afirmação ôntico-egoística de uma finalidade para um cego amor-próprio de cada homem fático. Ela não pode, por conseguinte, ser “refutada”, digamos, mostrando-se o fato de que muitos homens se sacrificam pelos outros e de que em geral os homens não existem apenas para si, mas em comunidade. Na proposição citada, não reside nem um isolamento solipsista do ser-aí, nem uma afirmação egoísta do mesmo. Mas, pelo contrário, a proposição dá a condição de possibilidade para que o homem “se” comporte quer “egoística”, quer “altruisticamente”. Somente porque o ser-aí como tal é determinado pela mesmidade, um eu-mesmo pode se relacionar com um tu-mesmo. Mesmidade é o pressuposto para a possibilidade da egoidade, que sempre se descerra apenas no tu. Nunca, porém, a mesmidade está relacionada com o tu, mas é – porque possibilita isto – neutra em face do ser-eu e ser-tu e ainda com maior razão em face da “sexualidade”. Todas as proposições de uma analítica ontológica do ser-aí no homem tomam este ente, de antemão, nessa neutralidade.

Henry Corbin

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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