A essência da verdade, porém, reside na connexio (symploke) de sujeito e predicado. Leibniz concebe, por conseguinte, a verdade desde o começo e com expressa, ainda que não justificada, referência a Aristóteles, como verdade da enunciação (proposição). Determina o nexus como “inesse” do P no S, no “inesse”, porém, como “idem esse”. Identidade como essência da verdade proposicional não designa aqui certamente mesmidade vazia de algo consigo mesmo, mas unidade, no sentido da harmonia (união) do que faz parte de uma comum-unidade. Verdade significa, por conseguinte, acordo que somente é tal enquanto con-cordância com aquilo que na identidade se manifesta como unido. As “verdades” – enunciações verdadeiras – recebem sua natureza por referência a algo em razão do qual podem ser acordos. Em cada verdade a união que separa é o que é, sempre em questão de…, isto é, como algo que se “fundamenta”. Na verdade reside, por conseguinte, uma referência essencial a algo semelhante como “fundamento”. Isto leva o problema da verdade necessariamente para a “proximidade” do problema do fundamento. Por isso, quanto mais originariamente nos apoderarmos da essência da verdade tanto mais urgente se tornará o problema do fundamento. (MHeidegger SOBRE A ESSÊNCIA DO FUNDAMENTO GA9)
O desvelamento (Entbergung) do ente (Seiende) enquanto tal é, ao mesmo tempo e em si mesmo, a dissimulação (Verbergung) do ente em sua totalidade. É nesta simultaneidade do desvelamento e da dissimulação que se afirma a errância (di Irre). A dissimulação do que está velado e a errância pertencem à essência originária da verdade. A liberdade, compreendida a partir da ek-sistência insistente do ser-aí, somente é a essência da verdade (como conformidade da apresentação) pelo fato de a própria liberdade irromper da originária essência da verdade, do reino do mistério da errância. O deixar-ser (sein-lassen) do ente se realiza pelo nosso comportamento (Verhalten) no âmbito do aberto. Entretanto, o deixar-ser do ente como tal e em sua totalidade acontece, autenticamente, apenas então, quando, de tempos em tempos, é assumido em sua essência originária. Então a decisão enérgica pelo mistério se põe em marcha para a errância que reconheceu enquanto tal. Neste momento a questão da essência da verdade é posta mais originariamente. Então se revela, afinal, o fundamento da imbricação da essência da verdade com a verdade da essência. A perspectiva sobre o mistério, que se descerra a partir da errância, põe o problema da questão que unicamente importa: que é o ente enquanto tal em sua totalidade? Uma tal interrogação pensa o problema essencialmente desconcertante e por isso não dominado ainda em sua ambivalência: a questão do ser do ente. O pensamento do qual emana originariamente tal interrogação se concebe, desde Platão, como “filosofia”, e recebeu mais tarde o nome de “metafísica”. (MHeidegger SOBRE A ESSÊNCIA DO FUNDAMENTO GA9)