GA89:5-7 – Annahme – admissão

Arnhold & Almeida Prado

Segundo Kant, é, pois, evidente que ser não é um predicado real no sentido de que este “não-ser-predicado-real”, deve ser simplesmente aceito, admitido.

Mas admissão (Annahme) tem nada menos que três significados diferentes:

1. Supor (Annehmen): Esperar, presumir, pensar, achar algo.

2. Na hipótese de (Angenommen): no caso de, colocar algo como condição, se…, então …, algo que não é dado por si, colocar algo por baixo de um objeto, suposição, admissão (Annahme), como hipótese, como suppositio.

3. Aceitação (Annahme): aceitar um presente, manter-se aberto para uma coisa, acceptio.

No nosso caso os significados 2 e 3 de “Annahme” são especialmente importantes:

a) Admissão como suppositio, hipótese, “subordinação”. No texto de Freud sobre atos falhos, por exemplo, tais suposições são as aspirações e as forças. Estas supostas aspirações e forças provocam e efetivam os fenômenos. Então os atos falhos podem ser explicados de uma ou de oulra forma, isto é, podem ser provados em sua origem.

b) Admissão como aceitar, como perceber aquilo que se mostra de si mesmo, o evidente, por exemplo, a existência da mesa que está à nossa frente, que não pode ser provada por suposições. Ou você pode “provar” a sua existência como tal? Aquilo que é percebido na aceitação não necessita de prova. Ele se identifica por si. O assim percebido é ele mesmo o chão e o fundamento em que o que é dito sobre ele está fundado e colocado. Trata-se aqui de um mero identificar o que é dito. Chegamos a isso com uma simples indicação. Nenhuma necessidade de argumentos.

Deve-se diferenciar rigorosamente onde precisamos exigir e procurar provas e onde elas não são necessárias e onde, apesar disto, exista a forma mais elevada de fundamentação. Nem toda fundamentação pode e deve ser um provar, pelo contrário, todo provar é uma espécie de fundamento.

Aristóteles já dizia: “É ignorância não reconhecer em relação a que é necessário procurar provas e em relação a que isto não é necessário”. (Aristóteles, Metaphysik, Livro IV, cap. 4, 1006 a 6f.) Se houver a compreensão desta diferença é sinal de que somos criados e formados para o pensar. Quem não tem esta compreensão não é criado nem formado para a ciência.

As duas maneiras de “admitir” (do supor e do aceitar) não têm o mesmo valor, de forma que se possa escolher uma ou outra à vontade, mas toda suposição é sempre fundamentada em alguma forma de aceitação. Só quando a presença de algo é aceita, podem-se-lhe subordinar suposições. [GA89AAP:34-35]

Xolocotzi Yáñez

Mayr & Askay

Original

  1. Heidegger refers to Freud’s Psychopathology of Everyday Life, vol. 6, The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Freud (London: Hogarth Press, 1960). — TRANSLATORS[↩]
  2. We translate Anwesenheit as “presence,” Anwesen as “presencing,” and das Anwesende as “that which comes to presence.” — translators[↩]
  3. Acceptio (Annahme), as the pure acceptance of phenomena, is the ground for scientific supposition, i.e., a hypothesis and theory. According to Heidegger, acceptio is rooted in the projecting (Entwurf) of Da-sein’s existential possibilities. By means of this existential projecting, a domain of things is always already opened up in advance, as for instance in the projecting of Galileo’s scientific worldview. See M. Heidegger, Being and Time, trans. J. Macquarrie and E. Robinson (New York: Harper and Row, 1962), p. 145 ff.; originally published as Sein und Zeit (Tübingen: Max Niemeyer, 1927). All subsequent citations are to the Macquarrie and Robinson translation. — translators[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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