GA7:243-244 – dialogue avec la pensée ancienne

Schuback

(…) É provável que todo pensamento que ensaia posteriormente uma conversa com o pensamento anterior deva escutar, a cada vez, o seu próprio âmbito de sustentação e assim trazer para um dizer o silêncio do pensamento anterior. Com isso, o pensamento anterior se torna inevitavelmente incluído na conversa posterior, vendo-se transferido para o seu campo de escuta e âmbito de visão, ao mesmo tempo em que se vê privado de seu dizer próprio. Essa inclusão não obriga de maneira alguma uma interpretação que se esgota na transposição do que se pensou no início do pensamento ocidental para modos posteriores de representação. Tudo depende se a conversa entreaberta se faz, de início e sempre de maneira renovada, no intuito de corresponder ao que, num questionamento, constitui o apelo do pensamento anterior, ou então se a conversa se fecha para o que faz apelo, recobrindo o pensamento anterior com opiniões doutrinárias posteriores. Isso acontece tão logo o pensamento tardio descuide de questionar em sentido próprio o campo de escuta e âmbito de visão do pensamento anterior.

Um esforço nesse sentido não deve se esgotar numa investigação historiográfica. Esse apenas constata as pressuposições implícitas à base do pensamento anterior. As pressuposições são, porém, definidas como pressuposições a partir da verdade que as interpretações posteriores assumem como o que agora não vale mais por ter sido superada pelo desenvolvimento ulterior. Mas toda investigação deve ser, bem ao contrário, uma conversa em que se pensa o campo de escuta e o âmbito de visão anteriores. E se os pensa segundo a proveniência de sua essencialização a fim de iniciar-se um apelo para o dizer que reúne ao mesmo tempo o pensamento anterior, o posterior e o porvindouro. Um ensaio nesse sentido de investigação deve dirigir seu primeiro olhar atento para as passagens obscuras de um texto antigo e não se fixar naquelas passagens que parecem compreensíveis, pois assim a conversa terminaria antes mesmo de começar. [GA7CFS:211-212]

Barjau

Préau

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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