GA7:5-36 – verdade

Nós dizemos “VERDADE” e a entendemos geralmente como o correto de uma representação. (GA7, pag.16)

A técnica não é, portanto, um simples meio. A técnica é uma forma de desencobrimento. Levando isso em conta, abre-se diante de nós todo um outro âmbito para a essência da técnica. Trata-se do âmbito do desencobrimento, isto é, da VERDADE. (GA7, pag. 17)

A indicação, portanto, que nos dá a palavra techne e a maneira, como os gregos a determinam, nos conduzem e levam ao mesmo contexto que se nos mostrou no questionamento do que é, na VERDADE, a instrumentalidade do instrumento.

Técnica é uma forma de desencobrimento. A técnica vige e vigora no âmbito onde se dá descobrimento e desencobrimento, onde acontece aletheia, VERDADE. (GA7, pag. 18)

A liberdade tem seu parentesco mais próximo e mais íntimo com o dar-se do desencobrimento, ou seja, da VERDADE. (…) A liberdade é o que aclarando encobre e cobre, em cuja clareira tremula o véu que vela o vigor de toda VERDADE e faz aparecer o véu como o véu que vela. (GA7, pag. 28)

Assim, pois, a com-posição provocadora da ex-ploração não encobre apenas um modo anterior de desencobrimento, a pro-dução, mas também o próprio desencobrimento, como tal, e, com ele, o espaço, onde acontece, em sua propriedade o desencobrimento, isto é, a VERDADE.

A com-posição depõe a fulguração e a regência da VERDADE. (GA7, pag. 30)

O predomínio da com-posição arrasta consigo a possibilidade ameaçadora de se poder vetar ao homem voltar-se para um desencobrimento mais originário e fazer assim a experiência de uma VERDADE mais inaugural. (GA7, pag. 30)

Se a essência da técnica, a com-posição, constitui o perigo extremo e se também é verdadeira a palavra de Hölderlin, então o domínio da com-posição não se poderá exaurir simplesmente porque ela depõe a fulguração de todo desencobrimento, não poderá deturpar todo o brilho da VERDADE. (GA7, pag. 31)

Todo destino de um envio acontece, em sua propriedade, a partir de um conceder e como um conceder. Pois é a concessão que acarreta para o homem ter parte no desencobrimento, parte esta de que carece a aproximação do desencobrimento. Por ser assim encarecido, o homem se acha apropriado pela apropriação da VERDADE. (GA7, pag. 34)

A essência da técnica é de grande ambiguidade. Uma ambiguidade que remete para o mistério de todo desencobrimento, isto é, da VERDADE.

A questão da técnica é a questão da constelação em que acontece, em sua propriedade, em desencobrimento e encobrimento, a vigência da VERDADE.

Mas de que adianta olhar dentro da constelação da VERDADE? Propicia ver o perigo e perceber o crescimento do que salva. (GA7, pag. 35)

Outrora, não apenas a técnica trazia o nome de techne. Outrora, chamava-se também de techne o desencobrimento que levava a VERDADE a fulgurar em seu próprio brilho. Outrora, chamava-se também de techne a pro-dução da VERDADE na beleza. (…) A arte era piedade, promos, isto é, integrada na regência e preservação da VERDADE. (GA7, pag. 36)

É o poético que leva a VERDADE ao esplendor superlativo que, no Fedro, Platão chama de to ekphanestaton, “o que sai a brilhar da forma superlativa”. O poético atravessa, com seu vigor, toda arte, todo desencobrimento do que vige na beleza. (GA7, pag. 37)

Ninguém poderá saber se está reservada à arte a suprema possibilidade de sua essência no meio do perigo extremo. Mas todos nós poderemos nos espantar. Com o quê? Com a outra possibilidade, a possibilidade de se instalar por toda parte a fúria da técnica até que, um belo dia, no meio de tanta técnica, a essência da técnica venha a vigorar na apropriação da VERDADE. (GA7, pag. 37)

A arte nos proporciona um espaço assim. Mas somente se a consideração do sentido da arte não se fechar à constelação da VERDADE, que nós estamos a questionar. (GA7, pag. 37)

(QTCL)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress