GA6T2:164-165 – economia maquinal (machinale Ökonomie)

Casanova

Nos dias de hoje, nós mesmos somos testemunhas de uma lei secreta da história, uma lei segundo a qual um povo não consegue mais fazer frente à metafísica que emergiu de sua própria história no instante justamente em que essa metafísica se transforma no incondicionado. Agora se mostra o que Nietzsche já reconhecera metafisicamente, o fato de a “economia maquinal” moderna, o cálculo total de todo agir e planejar em sua forma incondicionada, exigir uma nova humanidade, que vai além do homem até aqui. Não é suficiente que se possuam tanques, aviões e aparelhos de comunicação; também não é suficiente que se disponha de homens em condições de servir a tais coisas; não é suficiente nem mesmo que o homem apenas domine a técnica, como se ela fosse algo em si indiferente e estivesse para além de utilidade e prejuízo, de construção e destruição, algo útil para qualquer um e para qualquer finalidade.

Carece-se de uma humanidade, que esteja de ponta a ponta sintonizada com a essência fundamental e única da técnica moderna e de sua verdade metafísica, isto é, que se deixe dominar totalmente pela essência da técnica, a fim de dirigir e utilizar assim precisamente os processos e possibilidades técnicas particulares.

No sentido da metafísica de Nietzsche, só o além-do-homem está sintonizado com a “economia maquinal” incondicionada, e, inversamente, essa economia necessita do além-do-homem para erigir o domínio incondicionado sobre a terra.

O portal na região essencial desse domínio compreendido metafisicamente foi aberto à força por Descartes com a sentença cogito sum. A sentença, segundo a qual a natureza inanimada seria res extensa, não é senão a consequência essencial da primeira sentença. Sum res cogitans é a razão que se encontra na base, o subiectum para a definição do mundo material como res extensa. [GA6T2MAC:122-123]

Krell

Original

[Excerto de HEIDEGGER, Martin. Nietzsche II. Tr.: Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 122-123]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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