“Vida” não visa, aqui, apenas ao ser animal e vegetal (tierische und pflanzenhafte Sein), como também não à lida com os negócios palpáveis e urgentes do cotidiano (Umtrieb des Alltags). Ao contrário, “vida” é o título para o ser na nova interpretação (Auslegung), de acordo com a qual ela é um devir (Werden). A “vida” não é concebida nem “biológica”, nem “praticamente”, mas metafisicamente. A equiparação entre ser e vida (Gleichsetzung von Sein und Leben) também não é nenhuma supervalorização do biológico (Übersteigerung des Biologischen), apesar de as coisas parecerem frequentemente assim, mas uma interpretação transformada do biológico a partir de um ser concebido mais elevadamente, este permanecendo, a bem dizer, sem ser dominado, no antigo esquema: “ser e devir” (Sein und Werden). (GA6T1:223; GA6MAC:175-176)
Nós, por outro lado, só usamos o termo “vida” para a designação do ente vegetal e animal (pflanzlichen und tierischen Seienden). Desde o princípio, nós os diferenciamos, assim, do ser humano (Menschsein), que é sempre mais e sempre diverso da mera “vida”. No sentido pleno do termo, a palavra “existência” (Dasein) (ser-aí) nos diz algo que não equivale de maneira alguma ao ser humano, e que é inteiramente diverso do que Nietzsche e a tradição antes dele compreendem por existência (ser-aí). O que designamos com o termo “existência” (ser-aí) não tem um precursor na história da filosofia até aqui. (GA6T1:246; GA6MAC:193)