GA66:39 – instante (Augenblick)

Casanova

O “instante” é o repentino da queda de tudo aquilo que é fundável e que ainda resta sem ter sido jamais fundado na clareira do seer.

O “instante” é o repentino do levante do homem em meio à insistência no entre dessa clareira.

O “instante” não possui nada em comum com a “eternidade” do ente no sentido da metafísica como o nunc stans, que porta em si todos os sinais e não sinais do tempo calculado.

O “instante” é a origem do próprio “tempo” – esse tempo como a unidade extasiada, que só se submete à clareira e, por isto, pode ser assumida como o âmbito projetivo da primeira interpretação do ser, apesar de desconhecida enquanto tal.

O instante não carece da “eternidade”, que permanece ela mesma apenas a fuga do perecível em direção ao cerne do sem-pre-finito sob a aparência do primado do ente presente à vista como o “propriamente” ente, porque de qualquer modo o “permanente”.

O instante, porém, também não pode ser degradado ao nível do que há de mais perecível no perecível, algo que permanece claramente apenas como o reverso afirmado de modo aparentemente heroico da “eternidade”, apenas como a inversão da metafísica, uma inversão por meio da qual o inevitável é falsificado e transformado no essencial; todas as meras doutrinas do destino, incluindo aí o amor fati, são expedientes da metafísica, tentativas de dizer algo sobre o ente sem perguntar pelo ser. Assim como o (108) tempo originariamente (“ekstaticamente”) concebido não é senão o próximo da clareira do seer, o “próximo” que se abate sobre nós na meditação sobre a interpretação metafísica do ser, o “instante” permanece apenas a denominação temporal, feita no sentido daquele tempo, do repentino da clareira do seer.

Boutot

Emad & Kalary

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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