GA66:37 – verdade

O projeto essencial da verdade com respeito à clareira teve em seu primeiro início, em sua identidade com a circunscrição essencial da verdade à correção, aquele elemento não desdobrado que os primeiros gregos designaram no nome e na figura da deusa ἀλήθεια: algo que traduzimos de maneira simples e pertinente como desvelamento e que, contudo, ainda não vislumbramos minimamente em sua inicialidade, desprovidos como estamos do distanciamento histórico adequado.

“Ter-sido-des-coberto” e “decisão” se mantêm, em verdade, (em Ser e tempo) no âmbito essencial da ἀλήθεια, mas não conseguem alcançar o pleno saber – um saber próprio à história do [103] seer – do inicial, daquilo que permite à ἀλήθεια e à φυσις permanecerem essencialmente unidas.

E de maneira correspondente já se encontra no mito da caverna de Platão (e na tentativa de interpretação de 1931/1932 2) uma defecção em relação ao início; o translado da ἀλήθεια para a “representação” da alma, ainda que o mito (caverna e ascensão à região da luz) remeta essencialmente à ligação entre ὄv – οίκτία – ἰδέα – ἀλήθεια.

No ἀληθευειν τῆς ψυχῆς de Aristóteles (apesar de Metafísica Θ 10), o desvelamento transformou-se em desencobrimento da alma – a ζῷή e ο νοῦς dispõem e erigem o desvelamento; e, com isto, se perdeu definitivamente a grande fundação, uma fundação que, porém, nunca – a partir dos primeiros pensadores – chegou a ter sucesso, a fundação da alma e do homem no desvelamento: como a possibilidade decisiva da conservação do início. Desde então, o avanço da correção tomou o seu curso e apoderou-se da determinação essencial do “pensamento” e da “razão” e, com isto, também da interpretação da entidade do ente no sentido do ter-sido-representado.

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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