GA65:162 – ser para morte/nada

Casanova

O ser para a morte precisa ser concebido como determinação do ser-aí e apenas assim. Aqui se realiza a mensuração mais extrema da temporalidade e, com isso, a referência do espaço da verdade do seer, a indicação do tempo-espaço. Portanto, não para negar o “seer”, mas sim para instituir o fundamento de sua afirmabilidade plena e essencial.

Como é mesquinho e barato, porém, extrair a palavra “ser para a morte”, dispor sobre ela uma “visão de mundo” tosca e, então, colocá-la em Ser e tempo. Aparentemente, esse cálculo irrompe de modo particularmente bom, uma vez que se está falando nesse “livro” de resto do “nada”. Assim, obtemos a conclusão seca: ser para a morte, isto é, ser para o nada e esse ser para o nada como a essência do ser-aí! E isso não deve ser nenhum niilismo.

Mas o que importa não é dissolver o ser do homem na morte e declará-lo a mera nulidade, mas, ao contrário: inserir a morte na ligação com o ser-aí, a fim de dominar o ser-aí em sua amplitude abissal e, assim, mensurar completamente o fundamento da possibilidade da verdade do seer.

Nem todos, porém, precisam levar a termo esse ser para a morte e assumir nessa propriedade o si mesmo do ser-aí. Ao contrário, essa realização só é necessária na (279) esfera da fundamentação da questão acerca do seer, uma tarefa que, com certeza, não permanece restrita à filosofia.

A realização do ser para a morte só é um dever para os pensadores do outro início, mas cada homem essencial entre os futuramente criadores pode saber disso.

O ser para a morte não seria tocado em sua essencialidade, se não houvesse para os eruditos em filosofia a ocasião para escárnios maçantes, assim como para os jornalistas o direito de saber melhor das coisas. [GA65PT:279-280]

Pinotti

Emad & Maly

Original

  1. Aquí ‘fundar’ traduce a ‘stiften’, en el sentido de crear, instituir. (N. de la T.)[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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