GA65:129 – o nada

Casanova

O seer “é”, visto a partir do ente, não o ente: aquilo que não é, e, assim, segundo o conceito habitual, o nada. Contra essa explicação, não é preciso trazer à tona nenhuma reserva, sobretudo se o ente for tomado como o elemento objetivo e presente à vista e o nada justamente como a completa negação do ente assim visado. Sendo que a própria negação tem o caráter do enunciado objetivo.

Essa determinação “negativa” do “nada”, ligada ao conceito objetivo maximamente universal e vazio de “ser”, é, com certeza, o “que há de mais nulo”, pelo que qualquer um se vê imediata e facilmente tomado por aversão. Se nossa questão só dissesse respeito a essa nulidade admitida (de qualquer modo, porém, ainda não concebida), então ela não poderia pretender colocar a metafísica em questão e determinar a copertinência de seer e nada de maneira mais originária.

O que aconteceria, contudo, se o seer mesmo fosse o que se subtrai e se essenciasse como recusa? Isso seria algo nulo ou a mais elevada doação? E se for mesmo somente por força dessa negatividade do próprio ser que o “nada” conquista plenamente aquele “poder” que se atribui a ele, de cuja consistência emerge todo “criar” (tornar-se ente do ente)?

Se, então, o abandono do ser pertence ao “ente” da maquinação e da vivência, então é de se espantar se o “nada” for mal interpretado como o apenas nulo? (p. 242-243)

Fédier

Emad & Maly

Rojcewicz & Vallega-Neu

Original

  1. Alles «Schaffen»: les guillemets, pour attirer l’attention sur le fait que ce mot change ici entièrement de sens. N’oublions pas que Schaffen désigne le fait de « donner figure » (cf. l’anglais « shape »). Ici, donc, il est donné à entendre non comme notre «créer» (= faire venir à être), mais bien comme: faire l’étant devenir encore davantage étant.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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