Com isto, apesar de já falarem e mesmo de só falarem da essência do seer, isto é, do “acontecimento apropriador”, as “Contribuições” ainda não conseguem juntar a junção livre e fugidia da verdade do seer a partir dele mesmo. GA65 (Casanova): 1
O tempo da construção da figura essencial do ente a partir da verdade do seer ainda não chegou. GA65 (Casanova): 1
Entrementes, a filosofia precisa ter empreendido algo essencial em meio à transição para o outro início: o projeto, isto é, a abertura fundante do campo de jogo tempo-espacial da verdade do seer. GA65 (Casanova): 1
O pensamento inserido na transição empreende o projeto fundante da verdade do seer como uma meditação histórica. GA65 (Casanova): 1
O pensamento no interior da transição coloca o primeiro movimento de essenciação do seer da verdade e o porvir mais extremo da verdade do seer em discussão e dá voz, em meio a essa discussão, à essência até aqui inquestionada do seer. GA65 (Casanova): 1
A questão do ser é a pergunta sobre a verdade do seer. GA65 (Casanova): 2
A pergunta sobre a verdade do seer aponta certamente para a inserção violenta em algo resguardado; pois a verdade do seer – como verdade pensante ela é o saber insistente sobre como o seer se essencia – talvez não caiba nem mesmo aos deuses, mas pertença unicamente ao abismal daquela junção destinatória à qual mesmo os deuses estão submetidos. GA65 (Casanova): 2
Mas como se essencia o seer? Mas é um ente? A partir de que outra instância decide aqui o pensar, se não a partir da verdade do seer. GA65 (Casanova): 2
Consequentemente, o ente é voltado para o interior de sua constância por meio do ocaso dos fundadores da verdade do seer. GA65 (Casanova): 2
Esse “salto” tem por fim promover a “fundação” da verdade do seer como a preparação dos “que estão por vir” e “do último deus”. GA65 (Casanova): 2
Essa diretiva indica o livre abrigo da verdade do seer em meio ao ente como algo necessário, sem ser, contudo, uma ordem. GA65 (Casanova): 2
Ninguém compreende o que “eu” penso aqui: deixar o ser-aí eclodir a partir da verdade do seer (e isso significa a partir da essenciação da verdade), para fundar aí o ente na totalidade e enquanto tal; e, em meio à sua fundação, o homem. GA65 (Casanova): 2
A partir de um simples toque do pensar essencial, o acontecimento da verdade do seer precisa ser transposto do primeiro para o outro início, para que, em consonância, ressoe a canção totalmente diversa do seer. GA65 (Casanova): 2
A fundação da verdade como a fundação da verdade do seer (o ser-aí). GA65 (Casanova): 3
Tudo se coloca aqui em função da única pergunta acerca verdade do seer: em função do perguntar. GA65 (Casanova): 4
O perguntar sobre a verdade do seer não se deixa contabilizar a partir do que se deu até aqui. GA65 (Casanova): 4
A pergunta sobre o “sentido”, ou seja, segundo a explicitação presente em Ser e tempo, a pergunta sobre a fundação do âmbito do projeto, em suma, a pergunta sobre a verdade do seer é e continua sendo minha pergunta e é minha única pergunta, pois ela concerne ao maximamente único. GA65 (Casanova): 4
Todavia, resta a tarefa: a restauração do ente a partir da verdade do seer. GA65 (Casanova): 4
Como é que ela poderia conseguir alcançar algo assim? Já a vontade para tanto não encontra nenhuma escuta, enquanto a verdade do seer e sua unicidade não se tornarem necessidade. GA65 (Casanova): 5
Como é que o pensamento pode ter sucesso naquilo que anteriormente permaneceu vedado ao poeta (Hölderlin)? Ou será que precisamos apenas arrancar sua via e sua obra do soterramento na direção da verdade do seer? Estamos equipados para tanto? A verdade do seer só se torna necessidade por meio daqueles que perguntam. GA65 (Casanova): 5
Isto quer dizer: a ligação com o seer e, antes disso sempre, com a verdade do seer transforma-se ao modo da transposição para o próprio ser-aí. GA65 (Casanova): 5
Sobretudo no outro início é preciso que – em consequência da pergunta acerca da verdade do seer – seja logo levado a termo o salto para o interior do “entre”. GA65 (Casanova): 5
A ligação interna entre elas só é experimentada em meio ao pensar integral das junções particulares, nas quais a fundação da verdade do seer e da essenciação da verdade precisa juntar. GA65 (Casanova): 5
Todavia, quem consegue afinar essa tonalidade afetiva fundamental da retenção espantada e marcada pelo pudor no homem essencial? E quantos ainda mensurarão o fato de essa afinação não fundar nenhum desvio diante do ente, mas o contrário: a abertura de sua simplicidade e grandeza e a necessidade originariamente coagida de abrigar no ente a verdade do seer, a fim de dar assim ao homem histórico ainda uma vez uma finalidade: tornar-se fundador e o guardião da verdade do seer, ser o aí como o fundamento usado pela própria essência do seer: o cuidado, não como pequena preocupação em torno de algo qualquer e não como denegação do júbilo e da força, mas mais originário do que tudo isso, porque unicamente “em virtude do seer”, não do seer do homem, mas do seer do ente na totalidade. GA65 (Casanova): 5
O fato, então, de precisamente as tonalidades afetivas indicadas por esse nome, juntamente com seu oposto, terem se tornado fundamentalmente impossíveis na região do questionamento inicial, porque elas têm por pressuposto a ideia de valor (agathon ) e as interpretações até aqui do ente tanto quanto a concepção corrente do homem, quem é que poderia levar sua meditação a tal ponto que isso pudesse se tornar ao menos uma questão? No pensamento inicial sobretudo, regiões da verdade do seer precisam ser atravessadas, para que, então, quando o ente brilhar, elas possam se retrair uma vez mais no velamento. GA65 (Casanova): 5
Ele acontece e é mesmo a mais profunda descoberta, quando o homem se torna aquele que vela pela verdade do seer, o guardião daquele silêncio e é decidido nessa direção. GA65 (Casanova): 5
Quem, por exemplo, acompanha a longa senda da fundação da verdade do seer? Quem pressente algo da necessidade do pensar e do questionar, daquela necessidade, que não carece das muletas do por quê e nem dos apoios do para quê? Quanto mais necessário o dizer pensante do seer, tanto mais incontornável se torna o silenciamento da verdade do seer por meio do curso do questionamento. GA65 (Casanova): 5
Como é, porém, que o pensar abriga a verdade do seer, se não na pesada lentidão do curso de seu passo questionador e de sua consequência vinculada? Inaparente como em um campo solitário sob o grande céu, com seu passo pesado, hesitante, que para a cada instante, o semeador abre os fulcros na terra e mede e configura ao jogar o braço o espaço velado de todo crescimento e amadurecimento. GA65 (Casanova): 5
A questão pensante acerca da verdade do seer é o instante, que sustenta a transição. GA65 (Casanova): 5
A questão é que a tonalidade afetiva fundamental afina o ser-aí e, com isto, o pensar como projeto da verdade do seer na palavra e no conceito. GA65 (Casanova): 6
A equipagem com vistas a tal a-caso só consiste naturalmente, de acordo com a essência da tonalidade afetiva, na ação pensante transitória; e essa ação precisa crescer a partir do saber propriamente dito (do resguardo da verdade do seer). GA65 (Casanova): 6
Essa decisão, porém, enquanto pressentindo, é apenas a sobriedade da força de sofrimento do criador, aqui daquele que projeta a verdade do seer, que abre o silêncio para a violência essencial do ente, a partir da qual o seer (como acontecimento apropriador) torna-se apreensível. GA65 (Casanova): 6
E repensar plenamente essa distância mesma em sua essenciação como o tempo-espaço da suprema decisão significa questionar acerca da verdade do seer, acerca do próprio acontecimento apropriador, do qual toda história futura provém, se é que ainda haverá história. GA65 (Casanova): 7
Essa distância da indecidibilidade do mais externo e do primeiro é o iluminado para o encobrir-se, é a essenciação da própria verdade como a verdade do seer. GA65 (Casanova): 7
Na essenciação da verdade do seer, no acontecimento apropriador e como acontecimento apropriador, encobre-se o último deus. GA65 (Casanova): 7
Se o homem, por meio desse tresloucamento, chegar a se aprumar no acontecimento apropriador e se ele continuar insistentemente na verdade do seer, então ele continuará se encontrando sempre a princípio no salto para a experiência decidida quanto a se, no acontecimento apropriador, se decide em nome dele ou contra ele o ficar de fora ou a entrada em cena do deus. GA65 (Casanova): 7
Essa apropriação sobre-apropriada em meio ao acontecimento é o acontecimento apropriador, no qual a verdade do seer é fundada como ser-aí (o homem transformado, voltado para a decisão do ser-aí e ser-se-ausentando) e a história toma o seu outro início a partir do seer. GA65 (Casanova): 7
A verdade do seer, porém, como abertura do encobrir-se é ao mesmo tempo voltada para a decisão quanto à distância e à proximidade dos deuses e, assim, a prontidão para o passar ao largo do último deus. GA65 (Casanova): 7
Ao contrário, a referência ao passar ao largo é a abertura usada por deus do dilaceramento em meio a um fosso abissal; por outro lado, a referência ao homem é o deixar emergir que se apropria em meio ao acontecimento da fundação do ser-aí e, com isto, da necessidade do abrigo da verdade do seer no ente como de uma restituição do ente. GA65 (Casanova): 7
Esse acontecimento apropriador é a verdade do seer. GA65 (Casanova): 8
A contenda como a contenda de terra e mundo, porque a verdade do seer só é no abrigo e essa como o “entre” fundante no ente. GA65 (Casanova): 9
Esse ente “real e efetivo” é concebido a partir da verdade do seer como o não-ente sob o domínio da inessência da aparência, cuja origem permanece aí encoberta. GA65 (Casanova): 10
4) Por isto, ele só pode ser fundado como a verdade e na verdade do seer. GA65 (Casanova): 11
O ser-aí como contestação dessa contenda tem sua essência no abrigo da verdade do seer, isto é, do último deus em meio ao ente. GA65 (Casanova): 13
Filosofia é o questionamento terrível, mas raro acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 14
Filosofia tem como fundação da verdade do seer a origem nela mesma; ela precisa retornar a si mesma naquilo que ela funda e e-dificar unicamente a partir daí. GA65 (Casanova): 14
A questão é que, na medida em que e logo que a filosofia se reencontra em sua essência inicial (no outro início) e a questão acerca da verdade do seer se torna o meio fundante, desentranha-se o elemento abissal da filosofia, que precisa retornar ao inicial, para trazer ao espaço livre de sua meditação a abertura do fosso abismai e o para-além-de-si, o estranho e constantemente inabitual. GA65 (Casanova): 14
A filosofia de um povo é aquilo que torna povo o povo de uma filosofia, que funda o povo historicamente em seu ser-aí e determina para a guarda da verdade do seer. GA65 (Casanova): 15
Somente assim ela consegue voltar o “povo” para a verdade do seer, ao invés de, inversamente, ser cultivada de maneira indigente para a sua inessência por um suposto povo como um povo que é. GA65 (Casanova): 15
Meditação é questionamento acerca do sentido, isto é, acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 16
Essa questão precisa ser questionada por causa da essência do ser, que precisa de nós, e, em verdade, não como aqueles que se encontram precisamente ainda presentes, mas de nós, na medida em que nós ratificamos insistentemente suportando o ser-aí e o fundamos como a verdade do seer. GA65 (Casanova): 16
A filosofia como a primeira e mais extrema meditação sobre a verdade do seer e o seer da verdade tem sua necessidade na indigência primeira e mais extrema. GA65 (Casanova): 17
Esse elemento impulsionador é o caráter de jogado do homem no ente, que o determina como o que joga o ser (a verdade do seer). GA65 (Casanova): 17
Essa indigência pertence à verdade do seer mesmo. GA65 (Casanova): 17
A indigência, aquele elemento que impele de um lado para o outro, essenciante – o que aconteceria se a verdade do seer mesmo fosse, o que aconteceria se, com a fundação originária da verdade, se tornasse ao mesmo tempo mais essenciante o seer – como acontecimento apropriador? E se as coisas se derem assim e a indigência for mais compelidora, se ela impelir mais de um lado para o outro, mas o impulso for nessa violência apenas aquela contenda, que teria na desmedida da intimidade do ente e do seer seu fundamento que se recusa? [A impotência do pensar] Ela parece ser evidente, sobretudo quando considerada como poder: a força do efeito e da imposição imediatos. GA65 (Casanova): 17
E, por outro lado, o poder autêntico do pensar (como um re-pensar da verdade do seer) não tolera nenhuma constatação e valoração imediatas, sobretudo porque o pensar precisa se transpor para o interior do seer e, por isto, precisa colocar em jogo toda a estranheza do seer. GA65 (Casanova): 18
A dita fundamentação desse nexo distingue-se essencialmente de todo e qualquer tipo de asseguramento da certeza de “si mesmo” do “eu” justamente em virtude da “certeza”, não da verdade do seer. GA65 (Casanova): 19
No entanto, enquanto a essência da filosofia não for concebida como meditação sobre a verdade do seer, e, com isso, a necessidade da auto-meditação daí emergente não tiver se tornado efetiva, a questão já permanecerá exposta enquanto questão a uma pesada reserva. GA65 (Casanova): 19
O que é, contudo, o início do pensar – no significado da meditação sobre o ente enquanto tal e sobre a verdade do seer? O repensar da verdade do seer é essencialmente pro-jeto. GA65 (Casanova): 20
O que é, contudo, o início do pensar – no significado da meditação sobre o ente enquanto tal e sobre a verdade do seer? O repensar da verdade do seer é essencialmente pro-jeto. GA65 (Casanova): 21
[O pensar inicial] É o repensar da verdade do seer e, assim, a sondagem do solo do fundamento. GA65 (Casanova): 22O pensar inicial desloca seu questionamento acerca da verdade do seer para um ponto muito lá atrás no primeiro início como a origem da filosofia. GA65 (Casanova): 23
Com isto, emerge a abertura e a fundação do si mesmo a partir da e como a verdade do seer. GA65 (Casanova): 30
Em verdade, porém, cada passo é suportado pela pergunta acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 30
Como é que criamos, saltando de antemão para o interior da essenciação do seer, para o seer a afluência de seu ente, para que a verdade do seer retenha a força histórica duradoura enquanto impulso? Para o pensar resta apenas o dizer maximamente simples da imagem direta em meio ao mais puro silêncio. GA65 (Casanova): 32
O quão distante de tal empreendimento, por exemplo, se encontra a figura de Hermann Lotze, a mais autêntica testemunha do fácil e tão intensamente vilipendiado século 19? O acontecimento apropriador é o meio que comunica a si mesmo e se intermedeia, o meio de volta ao qual toda essenciação da verdade do seer precisa ser de antemão pensada. GA65 (Casanova): 34
[O repensar do seer e a linguagem] Com a linguagem habitual, que hoje é cada vez mais amplamente abusada e desgastada, a verdade do seer não tem como ser dita. GA65 (Casanova): 36Essa transformação da linguagem penetra em âmbitos que ainda se encontram cerrados para nós, porque não sabemos a verdade do seer. GA65 (Casanova): 36
Assim, fala-se da “recusa do perseguimento”, da “clareira do encobrimento”, do “acontecimento apropriador”, do “ser-aí”, não um escolher verdades e retirar essas verdades das palavras, mas a abertura da verdade do seer em tal dizer transformado. GA65 (Casanova): 36
Todo e qualquer dizer já fala a partir da verdade do seer e nunca pode saltar por cima de si mesmo imediatamente e aceder ao seer ele mesmo. GA65 (Casanova): 38
Isto quer dizer: 1) No rigor da estrutura armada na construção, nada é deixado para trás, como se o importante fosse – e isto é sempre válido na filosofia – o impossível: conceber a verdade do seer na profusão plenamente desdobrada de sua essência fundamentada. GA65 (Casanova): 39
Com certeza, o conceber correto dessa transformação e, antes de tudo, de seu espaço de acontecimento, isto é, o fundar do mesmo, está o mais intimamente possível entrelaçado com o saber da verdade do seer. GA65 (Casanova): 41
Pois isto inclui formular de maneira questionadora a pergunta acerca da verdade do seer e “a metafísica”. GA65 (Casanova): 41
Pois o que importa é não trazer ao conhecimento nenhuma nova representação do ente, mas fundar o ser homem na verdade do seer e preparar essa fundação no repensar do seer e do ser-aí. GA65 (Casanova): 42
Por outro lado, porém, não como se o pensado e o a se pensar só fossem uma ocasião indiferente para um movimento de pensamento, mas a verdade do seer, o saber da meditação, é tudo. GA65 (Casanova): 42
Neste caso, não é apenas a “construção de sistemas”, mas também o pensar “sistemático” que se encontra ainda facilmente fundado sobre uma interpretação assegurada do ente em face da tarefa do questionamento acerca da verdade do seer, do pensar da de-cisão. GA65 (Casanova): 43
[As decisões] Sobre se o homem quer permanecer “sujeito” ou se ele funda o ser-aí – Sobre se com o sujeito o “animal” enquanto a “substância” e o “racional” enquanto a “cultura” devem permanecer duradouramente ou se a verdade do seer (ver abaixo) encontra no ser-aí um sítio deveniente – Sobre se o ente toma o ser como o seu “elemento maximamente genérico” e, com isso, o entrega à e soterra na ontologia ou se o seer em sua unicidade ganha voz e atravessa de maneira afinadora o ente enquanto algo singular. GA65 (Casanova): 44Ela determina por meio daí a sua essência ou a transição é apenas o aceno para o interior de sua essência? As “decisões” surgem porque um outro início precisa ser? E esse outro início precisa ser, porque a essência do próprio seer é de-cisão e doa pela primeira vez nesse desdobramento essencial a sua verdade na história do homem? É necessário aqui talvez dizer até mesmo de maneira pormenorizada aquilo que não se tem em vista com a expressão acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 44
Essa verdade do seer não é de modo algum algo diverso do seer, mas a sua essência mais própria, e, por isso, cabe à história do seer saber se ele doa ou recusa essa verdade e a si mesmo e, assim, traz pela primeira vez para a sua história o elemento abissal. GA65 (Casanova): 44
O aceno para o fato de que os conceitos correntes de “verdade” e a não diferenciação corrente entre “ser” e “ente” conduzem a uma interpretação falsa da verdade do seer e, antes de tudo, já sempre pressupõem essa interpretação, pode se desfigurar, no entanto, ele mesmo, induzindo-nos em erro, se ele puder admitir a conclusão: o que se precisaria fazer, então, seria apenas enunciar os “pressupostos” inexpressos, como se pressupostos fossem apreensíveis, sem que o posicionado enquanto tal fosse concebido. GA65 (Casanova): 44
A história ocidental da metafísica ocidental é a “prova” de que a verdade do seer não pôde se tornar questão, e o aceno para os motivos dessa impossibilidade. GA65 (Casanova): 44
O mais tosco desconhecimento da verdade do seer, contudo, residiria em uma “lógica” da filosofia. GA65 (Casanova): 44
E, por isto, todas as tentativas de dizer o que não é a verdade do seer também precisam se haver com o fato de que elas no máximo fornecem um novo alimento para a obtusidade ignorante das más interpretações ulteriores, caso tais elucidações sejam elucidações da crença de que a não filosofia poderia ser transformada pela instrução em filosofia. GA65 (Casanova): 44
Com certeza, a meditação sobre aquilo que a verdade do seer não é, porém, é essencial como uma meditação histórica, na medida em que ela pode auxiliar a tornar os movimentos fundamentais nas posições metafísicas fundamentais do pensar ocidental mais transparentes e o velamento da história do ser mais penetrante. GA65 (Casanova): 44
Em tudo isso, também está dito concomitantemente que toda recusa do funcionamento da filosofia no sentido autêntico da palavra só possui a sua necessidade se ela tiver reconhecido que a meditação sobre a verdade do seer inclui uma mutação da postura que pensa para a postura pensante, mudança essa que, naturalmente, não pode ser efetuada por meio de indicações morais, mas precisa ser previamente transformada e, em verdade, na publicidade do invisível e do que está isento de barulho. GA65 (Casanova): 44
Por que a verdade do seer não é nenhum suplemento e nenhum quadro para o seer e mesmo nenhum pressuposto, mas a essência mais íntima do seer mesmo? Porque a essência do seer se essência no acontecimento da apropriação da de-cisão. GA65 (Casanova): 44
E, assim, só um criar que funda todo ser-aí com vistas a um longo prazo (e só esse criar, não o empreendimento cotidiano fixo da instituição do ente) precisa despertar a verdade do seer como questão e como indigência através da senda mais decisiva e em impulsos iniciais cheios de alternância, aparentemente desprovidos de conexão e desconhecidos para si, tornar pronto para a tranquilidade do seer; ao mesmo tempo, porém, também decididamente contra toda e qualquer tentativa de confundir e enfraquecer, no mero querer para trás, mesmo que esse querer esteja em relação com as tradições “mais valorosas”, a coação impiedosa na indigência da meditação. GA65 (Casanova): 44
A verdade do seer é o seer da verdade – dito assim, isso soa como uma inversão artificial e forçada e, quando isso vem à tona, como um desencaminhamento em meio a um jogo dialético. GA65 (Casanova): 44
História, porém, concebida como a contestação da contenda de terra e mundo, assumida e realizada a partir do pertencimento ao clamor do acontecimento apropriador como a essenciação da verdade do seer na figura do último deus. GA65 (Casanova): 45
Será que a decisão é capaz de trazer consigo mais uma vez a fundação dos sítios instantâneos para a fundação da verdade do seer ou será que tudo se desdobrará ainda como “luta” em torno das puras condições do prosseguimento da vida e do esgotamento da vida em dimensões gigantescas, de tal modo que a “visão de mundo” e a “cultura” não se mostrarão mais senão como apoios e como meios de luta desse “combate”? O que se prepara, então, por meio daí? A transição para o animal tecnicizado, que começa a substituir os instintos que já se tornaram mais fracos e mais toscos pelo gigantismo da técnica. GA65 (Casanova): 45
Cultura” e “visão de mundo” não perdem o seu caráter por meio do fato de elas serem colocadas a serviço da política; quer elas sejam consideradas como valores “em si” ou como valores “para” o povo, a cada vez a meditação, se é que ela é efetivamente uma tal meditação, está firmemente encravada no não querer as metas originárias, isto é, a verdade do seer, na qual se decide pela primeira vez sobre a possibilidade e a necessidade de “cultura” e “visão de mundo”. GA65 (Casanova): 45
Somente a decisão mais extrema a partir da e sobre a verdade do seer traz ainda uma clareza. GA65 (Casanova): 45
Ao contrário, ele traz à tona em seu fim pela primeira vez o abandono do ser, contanto que seja formulada a partir do outro início a pergunta acerca da verdade do seer e, assim, se inicie o ir ao encontro do primeiro início. GA65 (Casanova): 52
A ressonância da verdade do seer e de sua essenciação mesma a partir da indigência do esquecimento do ser. GA65 (Casanova): 55
Quanto ao fato de o ente enquanto tal ainda poder aparecer e de, contudo, a verdade do seer o ter abandonado, cf a despotencialização da physis e do ón como idea. GA65 (Casanova): 55
Como essa decadência da verdade do seer é levada a termo antes de tudo sob a figura mais palpável possível da mediação da verdade, no conhecimento e no saber, é preciso inversamente, caso o desenraizamento deva ser superado, ganhar o domínio a partir de um novo enraizamento, aqui o saber autêntico e, em verdade, o saber do próprio seer. GA65 (Casanova): 56
Como é que essa indigência pode ser efetuada como indigência? Alguém não precisa deixar a verdade do seer brilhar – mas para quê? Quem dos desprovidos de indigência consegue ver? Haverá algum dia uma saída para tal indigência, que se nega constantemente como indigência? Falta o querer sair. GA65 (Casanova): 56
Ou será que deveria emergir desse saber pela primeira vez a clareza quanto ao “fato” do niilismo? O abandono do ser determina uma era única na história da verdade do seer. GA65 (Casanova): 57
Se a meditação pensante (como questão acerca da verdade do seer e apenas como essa questão) alcança o saber acerca dessa copertinência, então o traço fundamental da história do primeiro início (a história da metafísica ocidental) já é concebido a partir do saber do outro início. GA65 (Casanova): 61
O modo como a maquinação e a vivência (de início veladas por um longo tempo, sim, veladas até agora enquanto tais) se impelem mutuamente até o extremo e, com isso, desdobram os deslocamentos da entidade e do homem em sua referência ao ente, desenvolvendo a si mesmas segundo o seu mais extremo abandono, compelindo-se agora reciprocamente nesses deslocamentos e criando uma unidade, que com maior razão encobre aquilo que acontece apropriadoramente nela: o abandono do ente por toda verdade do seer e completamente até mesmo pelo seer mesmo. GA65 (Casanova): 68
Ou será que isso precisa permanecer vedado a ela e só se revelar àqueles que se encontram já na transição para a verdade, para a ressonância da verdade do seer? O fato de ainda se transformar hoje e até mesmo uma vez mais a “antropologia” no ponto central da escolástica da visão de mundo mostra de maneira mais penetrante do que qualquer comprovação histórica as dependências para as quais as pessoas estão se preparando ainda uma vez, na medida em que elas se recolocam sobre o solo de Descartes. GA65 (Casanova): 68
A questão é que a essência do niilismo é justamente tão abissal (porque ele desce e alcança a verdade do seer e a decisão sobre ela), que precisamente essas formas de todas as mais opostas podem e precisam lhe pertencer. GA65 (Casanova): 72
Assim, toda e qualquer questão acerca da verdade do seer (toda filosofia) é alijada do âmbito do agir como desnecessária e como realizada sem necessidade. GA65 (Casanova): 73
Um deles concebe a ciência não como a instituição agora presente, mas como uma possibilidade determinada do desdobramento e da construção de um saber, cuja essência mesma só se vê enraizada em uma fundamentação mais originária da verdade do seer. GA65 (Casanova): 75
Quanto mais exclusivamente o pensar se volta para o ente e busca para si mesmo um fundamento maximamente essente, tanto mais decididamente a filosofia se distancia da verdade do seer. GA65 (Casanova): 83
Como é, porém, que é possível a recusa metafísica ao ente, isto é, a recusa à metafísica, sem se ver presa ao “nada”? O ser-aí é a fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 83
Cada vez mais encoberta se torna a verdade do seer, cada vez mais rara a possibilidade de que essa verdade enquanto tal se torne o poder fundante e seja pela primeira vez em geral reconhecida. GA65 (Casanova): 84
Esse tomar pé realiza-se na transição da questão diretriz (o que é o ente?, questão acerca da entidade, do ser) para a questão fundamental: o que é a verdade do seer? (ser e seer são o mesmo e, contudo, fundamentalmente diversos). GA65 (Casanova): 85
Se a “metafísica” se torna visível como o acontecimento que pertence ao ser-aí enquanto tal, então isso não deve ser considerado como uma ancoragem “antropológica” muito módica da disciplina da metafísica no homem, mas, juntamente com o ser-aí, conquista-se aquela base, na qual a verdade do seer se funda, de tal modo que, agora, o seer mesmo passou a se mostrar como originariamente dominante e um posicionamento da excedência do ente, o que significa, porém, do sair do ente e, em verdade, como ente presente à vista e como objeto, se tornou impossível. GA65 (Casanova): 85
Justamente por isso, porém, o pensamento transitório não precisa cair na tentação de deixar aquilo que ele concebeu como fim e no fim simplesmente para trás, ao invés de trazer consigo esse atrás de si, ou seja, ao invés de concebê-lo agora pela primeira vez em sua essência e deixá-lo, transformado, se imiscuir no jogo da verdade do seer. GA65 (Casanova): 85
Não conseguimos conceber o que se encontra aí resolvido, enquanto a verdade do seer não se transformar para nós na questão necessária, enquanto não fundarmos o campo de jogo temporal, em cujas extensões se pode mensurar pela primeira vez o que aconteceu apropriadoramente na história da metafísica: a preliminar do acontecimento apropriador ele mesmo como a essenciação do seer. GA65 (Casanova): 86
Esses são alguns caminhos, em si independentes e, entretanto, copertinentes, para jogar no saber sempre apenas uma única coisa: o fato de que a essenciação do seer carece da fundação da verdade do seer e de que essa fundação precisa se realizar como ser-aí, algo por meio do que todo idealismo e, com isso, a metafísica até aqui e a metafísica em geral são superadas como um desdobramento necessário do primeiro início, que ganha assim pela primeira vez de maneira nova a obscuridade, a fim de só ser concebido a partir do outro início enquanto tal. GA65 (Casanova): 88
A questão acerca do ente precisa ser trazida para o seu fundamento próprio, para a questão acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 89
E o que constituiu até aqui o fio condutor e a formação do horizonte de toda interpretação do ente, o pensar (re-presentar), é retomado na fundação da verdade do seer, no ser-aí. GA65 (Casanova): 89
A “lógica” enquanto doutrina do pensar correto transforma-se em meditação sobre a essência da linguagem como a denominação instituidora da verdade do seer. GA65 (Casanova): 89
A transição para o outro início está decidida e, contudo, não sabemos para onde estamos indo, quando a verdade do seer se tornará o verdadeiro e a partir de onde a história enquanto história do seer tomará a sua via mais íngreme e mais curta. GA65 (Casanova): 89
O primeiro início experimenta e estabelece a verdade do seer, sem questionar acerca da verdade enquanto tal, porque o que nessa verdade se encontra velado, o ente enquanto ente, necessariamente prepondera sobre tudo, porque ele também engole o nada e, enquanto “não” e contra, o vincula a si ou completamente o aniquila. GA65 (Casanova): 91
O outro início experimenta a verdade do seer e pergunta sobre o seer da verdade, a fim de, assim, fundar pela primeira vez a essenciação do seer e deixar o ente eclodir como o verdadeiro daquela verdade originária. GA65 (Casanova): 91
A superação, porém: perguntar antes de tudo sobre a verdade do seer, sobre aquilo que nunca se tornou questão e nunca pode se tornar questão na metafísica. GA65 (Casanova): 91
Pois a verdade do seer e a essenciação do seer são o primeiro, não aquilo em direção ao que a ultrapassagem deve acontecer. GA65 (Casanova): 91
Agora, contudo, o que importa também não é apenas a inversão da metafísica até aqui, mas, com a essenciação mais originária da verdade do seer enquanto acontecimento apropriador, a ligação com o ente se tornou uma ligação diversa (não mais a ligação da hypothesis e da “condição de possibilidade” – do koinon e hypokeimenon) O seer se essencia como acontecimento apropriador da fundação do aí e determina ele mesmo a verdade da essência a partir da essenciação da verdade. GA65 (Casanova): 91
Tudo isso não aponta para o fato de que, porém, mesmo a physis precisa ser interpretada a partir da correspondência com o poioumenon da poiesis, de que a physis não é suficientemente capaz de exigir a sua verdade para além da parousia e aletheia mesmas, levando-a ao seu desdobramento? Isso, porém, é aquilo que o outro início quer realizar e precisa realizar: o salto para o interior da verdade do seer, de tal forma que esse seer mesmo funda o ser do homem e, em verdade, nem mesmo imediatamente, mas o ser do homem só como uma consequência do e como o estar-referido ao ser-aí. GA65 (Casanova): 91
O primeiro início não é controlado, a verdade do seer, apesar de sua reluzência essencial, não é expressamente fundada, e isso significa: uma antecipação humana (do enunciado, da techne, da certeza) torna-se normativa para a interpretação da entidade do seer. GA65 (Casanova): 91
No outro início, a verdade é reconhecida e fundada como verdade do seer e o seer mesmo enquanto seer da verdade, isto é, enquanto o acontecimento apropriador que retorna a si, ao qual pertence o fato de a abertura do fosso abissal ser alijada e, com isso, o a-bismo. GA65 (Casanova): 91
Para a mudança e para a salvação da história ocidentalmente determinada, isso significa: as decisões futuras não são tomadas nos âmbitos até aqui, que ainda são mantidos pelos contramovimentos (“cultura” – “visão de mundo”), mas o lugar da decisão precisa ser primeiro fundado e, em verdade, por meio da abertura da verdade do seer em sua unicidade, que reside antes de todas as oposições à “metafísica” até aqui. GA65 (Casanova): 92
A verdade do seer não é nada menos do que a essência da verdade, concebida e fundada enquanto velamento clareante, o acontecimento do ser-aí, do ponto de virada na viragem enquanto o meio que se abre. GA65 (Casanova): 95
O fato de a verdade do seer permanecer velada, apesar de a entidade ser colocada nela (o “tempo”), precisa estar fundado na essência do primeiro início. GA65 (Casanova): 100
Desde cedo precisa claramente se encontrar em uma luz segura a grande simplicidade do primeiro início do pensar da verdade do seer (o que significa e o que funda o fato de que o einai é voltado para o interior da aletheia do logos e do noein como physis). GA65 (Casanova): 101
Assim, em seu fim, a metafísica ocidental se encontra o mais distante possível da pergunta acerca da verdade do seer e, contudo, o mais próximo dela também, na medida em que, enquanto fim, ela preparou a transição para aí. GA65 (Casanova): 102
Aqui, uma vez mais, o asseguramento integral em relação a toda a incerteza é buscado, o tomar pé definitivo na correção da certeza absoluta, e, sem saber, o arrefecer diante da verdade do seer. GA65 (Casanova): 104
Tudo completamente distante da tarefa de colocar em questão a essência da verdade enquanto tal na mais íntima ligação com a verdade do seer e, assim, com o seer mesmo. GA65 (Casanova): 110
Mas uma vez que, então, o conceber é tomado ao mesmo tempo como projeto jogado, transcendência significa: encontrar-se na verdade do seer, naturalmente sem saber disso e sem inquiri-lo de início. GA65 (Casanova): 110
Visto a partir da pergunta fundamental pela verdade do seer, reside aí um atolar-se no modo de questionamento da questão diretriz, isto é, na metaflsica. GA65 (Casanova): 110
Mesmo onde Nietzsche é voltado por fim para fora do platonismo e de sua inversão, não se chega a uma formulação originariamente superadora da questão acerca da verdade do seer e acerca da essência da verdade. GA65 (Casanova): 110
A verdade do seer e a essenciação do seer não são nem o que há de mais primevo nem o que há de mais tardio. GA65 (Casanova): 112
Os acontecimentos apropriadores enquanto tais: o remetimento da verdade ao seer, a precipitação da verdade, a solidificação de sua inessência (da correção), o abandono do ser do ente, a entrada do seer em sua verdade, o atiçar do fogo da lareira (da verdade do seer) como o sítio solitário do passar ao largo do último deus, o reluzir da unicidade única do seer. GA65 (Casanova): 116
A entrada do homem na história do ser é incalculável e independente de todo progresso ou derrota da “cultura”, uma vez que a própria “cultura” significa a fixação do abandono do ser do ente e uma vez que o crescente enredamento da essência humana em seu “antropologismo” impele ou mesmo pressiona o homem ainda uma vez de volta para o desconhecimento cristão de toda verdade do seer. GA65 (Casanova): 116
No outro inicio, a verdade do seer precisa ser ousada como fundação, como o repensar do ser-aí. GA65 (Casanova): 117
Ele só pode ser sabido a partir de sua fundação na verdade do seer. GA65 (Casanova): 118
Diferentemente da questão diretriz, a questão fundamental desponta enquanto questão concebida com a própria formulação da questão, a fim de saltar a partir dela de volta para o interior da experiência fundamental originária do pensamento da verdade do seer. GA65 (Casanova): 119
Em contrapartida: a verdade do seer e, com isso, a essência da verdade se es-senciam somente na insistência no ser-aí, na experiência do caráter de jogado no aí a partir do pertencimento ao clamor do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 119
Essa questão não questionada é a questão fundamental, vista no campo de visão do caminho da questão diretriz, ou seja, só indicativamente vista; o tempo como verdade do seer; esse experimentado a princípio inicialmente como presentação nas diversas figuras. GA65 (Casanova): 119
Como todas as decisões até aqui não se mostram mais no âmbito das “ideias” ou do “ideal” (“visões de mundo”, ideias de cultura e coisas do gênero) como decisões, porque elas não colocam mais de maneira alguma em questão o seu espaço de decisão e ainda menos a verdade mesma enquanto verdade do seer, é preciso antes de tudo dirigir a meditação para a fundação de um espaço de decisão, isto é, a indigência da falta de indigência precisa ser primeiro experimentada, o abandono do ser. GA65 (Casanova): 119
Trata-se sempre das sendas da fundação criadora e sacrificial do ser-aí, em cujo tempo-espaço o ente é preservado como ente e, com isso, a verdade do seer é abrigada. GA65 (Casanova): 120
Todavia, quem é aquele que pesa nessa balança e o que é o que se encontra presente à vista e o que brama nas maquinações? Tudo isso nunca alcança a verdade do seer, mas dá apenas a aparência do fundamento e do incontornável, na medida em que se subtrai à verdade e gostaria de negar o seu elemento primeiro, a presença à vista, como algo nulo. GA65 (Casanova): 121
Quem foi que encomendou aquela balança do mercado e quem exige que tudo seja pesado apenas nela? Quem salta por sobre essa balança e ousa o imponderável, recolocando o ente de volta no seer? Ora, mas onde está o espaço para provocar isso? O que pode ser pesado não precisa ser, para que a verdade do seer se essencie? O impesável não precisa ser pesado de qualquer modo e sozinho na balança? O ente no que há de mais próximo, habitual e contínuo sempre conseguirá exceder e expulsar o seer. GA65 (Casanova): 121
O salto é a realização do projeto da verdade do seer no sentido da inserção no aberto, de tal modo que aquele que joga o projeto se experimenta como jogado, isto é, como apropriado pelo acontecimento por meio do seer. GA65 (Casanova): 122
Assim, por meio da verdade do seer (pois isso é essa clareira atribuída), o homem é requisitado originariamente e de outro modo. GA65 (Casanova): 123
O homem é nomeado por meio dessa requisição do próprio seer como o guardião da verdade do seer (ser homem como “cuidado”, fundado no ser-aí). GA65 (Casanova): 123
Ela precisa erigir a verdade do seer e abrigá-la no “ente” mesmo, que, assim, desdobra pela primeira vez novamente – inserindo no seer e em seu estranhamento – a simplicidade encantadora de sua essência, ultrapassa toda maquinação e se subtrai à vivência em meio ao erigir de um outro domínio, isto é, de seu âmbito, do qual o último deus se apropriou em meio ao acontecimento. GA65 (Casanova): 123
Toda mediação e salvação tíbias não fazem outra coisa senão aprisionar o ente ainda mais no abandono do ser e transformar o esquecimento do ser na única forma da verdade, a saber, da não verdade do seer. GA65 (Casanova): 123
O “tempo” deveria se tornar experimentável como o campo de jogo “ekstático” da verdade do seer. GA65 (Casanova): 125
No lugar da sistemática e da dedução entra em cena a prontidão histórica para a verdade do seer. GA65 (Casanova): 125
Em um primeiro momento, contudo, é preciso fundar a verdade do seer. GA65 (Casanova): 128
Aqui, é preciso lançar o pensamento tão para fora, ou melhor, tão para o interior do aí, que a verdade do seer reluza originariamente. GA65 (Casanova): 130
[seer e ente] Essa diferenciação foi concebida desde Ser e tempo como “diferença ontológica”, e isso com o intuito de assegurar a questão acerca da verdade do seer contra toda mistura. GA65 (Casanova): 132Por isso, careceu-se do empenho por se libertar da “condição de possibilidade” como um caminho de volta apenas “matemático” e por conceber a verdade do seer a partir de sua própria essência (acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 132
Esse saltar por sobre, entretanto, acontece concomitantemente por meio do salto como a sondagem do fundamento da verdade do seer, por meio do salto para o interior do acontecimento apropriador do ser-aí. GA65 (Casanova): 132
Por isso, não há como chegar a uma fundação do ser-aí, isto é, a questão acerca da verdade do seer é aqui inquestionável. GA65 (Casanova): 134
Como é que se chega ao fato de que o homem se equivoca tanto em relação ao seer? Porque ele precisa se ver exposto ao ente, a fim de experimentar a verdade do seer. GA65 (Casanova): 136
E, não obstante, tudo isso se funda na verdade do seer. GA65 (Casanova): 136
Mesmo lá onde ele vem ao encontro constantemente, para o projeto originário da verdade do seer, esse ente é o que há de mais fugidio. GA65 (Casanova): 136
Porque é aqui que reside o campo de decisão imediato sobre a verdade do seer, o salto para o outro início precisou ser tentado como Ser e tempo). GA65 (Casanova): 136
A verdade do seer, na qual e como a qual sua essenciação se encobre, se abrindo, é o acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 137
Até que ponto aquilo que se tornou há muito tempo infundado e ainda continua subsistindo, porém, como algo usual pode ser um dia trazido ainda para o interior da prontidão para o acometimento, é algo que só é decidido com o âmbito da irrupção da verdade do seer. GA65 (Casanova): 139
Somente a partir da verdade do seer emerge historicamente o ente, e a verdade do seer é abrigada na insistência do ser-aí. GA65 (Casanova): 139
Espacialização temporalizante – temporalização espacializante como a região mais próxima da junção fugidia para a verdade do seer, mas nenhuma queda nos conceitos comuns formais de espaço e tempo (!), senão retomada da contenda, mundo e terra – acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 139
De onde, contudo, a intimidade do não no seer? De onde tal essenciação do seer? Sempre uma vez mais, o questionamento se choca com esse ponto; trata-se da questão acerca do fundamento da verdade do seer. GA65 (Casanova): 144
Com todas essas coisas, a minha questão acerca do nada, que emerge da questão acerca da verdade do seer, não tem o mais mínimo em comum. GA65 (Casanova): 145
Toda ordem representacional e calculadora é aqui extrínseca, essencial é apenas a necessidade histórica na história da verdade do seer, cuja era principia. GA65 (Casanova): 152
E então? Esse é o fim? Por que se silencia a terra junto a essa destruição? Porque não lhe é concedida a contenda com um mundo, porque não lhe é concedida a verdade do seer. GA65 (Casanova): 155
Essa abertura só pode se transformar em questão, se a verdade do seer reluzir como acontecimento apropriador, a saber, como aquilo de que o deus necessita, na medida em que o homem lhe pertence. GA65 (Casanova): 157
As modalidades ficam, com isso, aquém da abertura do fosso abissal tanto quanto a entidade fica aquém da verdade do seer; e a questão acerca das modalidades permanece presa necessariamente aos quadros da questão diretriz, em comparação com a qual só cabe à questão fundamental o requestionamento da abertura do fosso abissal. GA65 (Casanova): 157
Todavia, está completamente em ordem que, se não se pensa aqui de maneira “ontológico-fundamental”, tendo por intuito a fundação da verdade do seer, as mais terríveis e disparatadas interpretações equivocadas se imiscuem e se propagam e, naturalmente, uma “filosofia da morte” é justificada. GA65 (Casanova): 161
Que a morte seja projetada no nexo essencial da futuridade originária do ser-aí em sua essência ontológico-fundamental significa, porém, de início, no quadro da tarefa de Ser e tempo, que ela se encontra em uma conexão com o “tempo”, que é estabelecido como âmbito projetivo da própria verdade do seer. GA65 (Casanova): 161
Já isso é um aceno suficientemente claro para aquele que quer participar concomitantemente do questionamento de que aqui a questão acerca da morte se encontra em uma ligação essencial com a verdade do seer e apenas nessa ligação; de que, por isso, a morte enquanto a negação do seer ou mesmo enquanto o “nada” nunca é tomada aqui como a essência do seer, mas exatamente o contrário: a morte é a testemunha mais elevada e mais extrema do seer. GA65 (Casanova): 161
Aqui se realiza a mensuração mais extrema da temporalidade e, com isso, a referência do espaço da verdade do seer, a indicação do tempo-espaço. GA65 (Casanova): 162
Mas o que importa não é dissolver o ser do homem na morte e declará-lo a mera nulidade, mas, ao contrário: inserir a morte na ligação com o ser-aí, a fim de dominar o ser-aí em sua amplitude abissal e, assim, mensurar completamente o fundamento da possibilidade da verdade do seer. GA65 (Casanova): 162
A “essência” não é mais o koinon e o genos da ousia e do tode ti (ekaston), mas essenciação como o acontecimento da verdade do seer e, em verdade, em sua história plena, que abarca respectivamente o abrigo da verdade no ente. GA65 (Casanova): 165
A essenciação e a essência concebidas como acontecimento da verdade do seer. GA65 (Casanova): 166
Acontecimento da verdade do seer, isso é essenciação; não e nunca, com isso, um modo de ser que advêm ainda uma vez mais ao seer ou mesmo que subsiste em si acima dele. GA65 (Casanova): 166
[ser-aí] Não aquilo que simplesmente poderia ser de antemão encontrado junto ao homem presente à vista, mas o fundamento necessitado a partir da experiência fundamental do seer como acontecimento apropriador, o fundamento da verdade do seer, por meio do qual (tanto quanto por meio de sua fundação) o homem é transformado fundamentalmente. GA65 (Casanova): 170De início, porém, a fundação do ser-aí está transitoriamente à busca, cuidado, temporalidade; temporalidade com vistas à temporialidade: como verdade do seer. GA65 (Casanova): 171
Ser-aí como projeção da verdade do seer (“aí”). GA65 (Casanova): 171
O ser-aí no sentido do outro início, que pergunta sobre a verdade do seer, nunca tem como ser alcançado como o caráter do ente que vem ao encontro e se mostra como presente à vista; mas também não como o caráter do ente, que deixa tal ente se tornar um objeto e se encontrar em relações com ele; o ser-aí também não é nenhum caráter do homem, como se por assim dizer só o nome que se estendia a todo ente fosse restrito ao papel de designação para o ser presente à vista do homem. GA65 (Casanova): 173
Não obstante, o ser-aí e o homem se encontram em uma ligação essencial, na medida em que o ser-aí significa o fundamento da possibilidade do ser humano futuro e o homem é futuramente, na medida em que ele assume ser o aí, contanto que ele se conceba como o guardião da verdade do seer, guarda essa que está indicada como o “cuidado”. “ GA65 (Casanova): 173
A partir do ser-aí nesse sentido, o ser-aí se torna pela primeira vez “compreensível” como presentidade do ente presente à vista, isto é, a presentidade se revela como uma apropriação determinada da verdade do seer, junto à qual a atualidade experimentou um privilégio determínadamente interpretado em face do sido e do por vir (fixado no caráter do que se encontra contraposto, objetividade para o sujeito). GA65 (Casanova): 173
Pois a “metafísica” pergunta a partir do ente (na interpretação inicial e, isto significa, derradeira da physis) acerca da entidade e deixa a verdade dessa entidade, isto é, a verdade do seer necessariamente sem ser questionada. GA65 (Casanova): 173
O primeiro aceno para o ser-aí como fundação da verdade do seer é levado a termo (Ser e tempo) quando se atravessa a questão acerca do homem, na medida em que o homem é concebido como o projetor do ser e, assim, arrancado a toda e qualquer “antropologia”. GA65 (Casanova): 175
A questão é que já a meditação sobre o aí como a clareira para o encobrir-se (o seer) precisa tornar possível pressentir o quão decisiva é a ligação do ser-aí com o ente na totalidade, porque o aí suporta a verdade do seer. GA65 (Casanova): 175
O aí é apropriado em meio ao acontecimento pelo próprio seer, e o homem acontece apropriadoramente como o guardião da verdade do seer na sequência, de tal modo que, assim, ele se revela pertencente ao ser-aí de uma maneira única e insigne. GA65 (Casanova): 175
Em que medida? O que é o ser-aí e o que significa “existir”? Ser-aí é persistência constante da verdade do seer, e essa persistência e apenas ela “é” esse ser si mesmo ex-sistente que suporta insistentemente a exposição. GA65 (Casanova): 178
Ex-sistência – em virtude do ser-aí, isto é, fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 179
A compreensão de ser não torna o seer “subjetivo”, também não “objetivo”, mas ela supera antes toda “subjetividade” e volta o homem para o interior da abertura do seer, estabelecendo-o como aquele que se acha exposto ao ente (e, antes disso, à verdade do seer). GA65 (Casanova): 180
O que se tem em vista é sempre apenas o projeto da verdade do seer. GA65 (Casanova): 182
O estar ausente como denegação da exposição à verdade do seer. GA65 (Casanova): 183
O que vigora é um projeto originário e um salto, que só pode haurir a sua necessidade da mais profunda história do homem, na medida em que o homem experimentará e alcançará a sua essência como aquele ente que está exposto ao ente (e, antes de tudo, à verdade do seer), exposição essa (aquele que preserva, que guarda e que busca) que constitui o fundamento de sua essência. GA65 (Casanova): 184
A verdade do seer: ela precisa ser determinada antes do seer, sem que olhemos para ele, ou ela precisa ser determinada posteriormente, só com um olhar retrospectivo sobre o seer, ou nenhum dos dois, mas juntamente com o seer, porque pertencente à sua essenciação? O caminho transcendental (mas uma outra “transcendência”) é só provisório, para preparar o revolvimento e o salto para o interior. GA65 (Casanova): 184
O fundar originário do fundamento (1) é a essenciação da verdade do seer; a verdade é fundamento no sentido originário. GA65 (Casanova): 187
Sondar o solo do fundamento da verdade do seer e, assim, esse ser mesmo: deixar esse fundamento (acontecimento apropriador) ser o fundamento, por meio da constância do ser-aí. GA65 (Casanova): 188
De acordo com isso, a sondagem do solo fundamental se transforma na fundação do ser-aí como a sondagem do solo do fundamento: da verdade do seer. GA65 (Casanova): 188
Ser-aí é a persistência constante da essenciação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 190
Tal como se obtém facilmente a partir dessa indicação, a questão acerca da verdade do seer enquanto questão fundamental precisa ser erigida antes de tudo em uma diferença essencial em relação à questão diretriz. GA65 (Casanova): 193
Então, porém, vem à tona pela primeira vez aquele elemento não questionado e indômito, segundo o qual de algum modo o homem e, contudo, uma vez mais, não o homem, e, em verdade, sempre a cada vez em um extrato e em um tresloucamento extasiante, está em jogo na fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 193
Para a resposta da segunda pergunta, porém, (cf acima) é preciso dizer: Se o ser-aí entra em jogo, e ele precisa fazer isso por toda parte em que o ente enquanto tal e, com isso, veladamente, a verdade do seer são colocados em questão, então precisamos examinar o que, de maneira correspondente à interpretação inicial do ente (como presentidade constante), se torna corrente e é em geral concebido como o fio condutor. GA65 (Casanova): 193
A questão relativa à sua verdade continua sendo como o homem, se tornando mais essente, se recoloca no ser-aí, fundando-o, assim, a fim de se expor, com isso, à verdade do seer. GA65 (Casanova): 194
Por isto, é preciso perguntar: Em que história o homem precisa se encontrar, para que ele se torne pertinente ao acontecimento da apropriação? Ele não precisa ser empurrado de antemão para o interior do aí, cujo acontecimento se torna manifesto para ele como jogado? O caráter de jogado só é experimentado a partir da verdade do seer. GA65 (Casanova): 194
Quem é o homem? Aquele que é usado pelo seer para a suportação da essenciação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 195
As duas coisas se com-pertencem: a refundação no ser-aí e a verdade do seer como acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 195
A amplitude de vibração do si mesmo se dirige para a originariedade da propriedade e, com isso, para a verdade do seer. GA65 (Casanova): 197
Com a fundação do ser-aí, toda relação com o ente é modificada, e a verdade do seer é anteriormente experimentada. GA65 (Casanova): 198
O ser-aí como o tempo-espaço, não no sentido dos conceitos usuais de tempo e de espaço, mas como o sítio instantâneo para a fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 200
Quando e como é que pela última vez de maneira fundamental e com a postergação de tudo aquilo que foi até aqui corrente e acidental o sítio instantâneo para a verdade do seer foi inquirido de maneira pensante e a sua fundação foi preparada? O que se obtém para a resposta a essa questão por meio da meditação sobre as posições metafísicas fundamentais no interior da história da resposta à questão diretriz? O tempo-espaço precisa ser desdobrado em sua essência como o sítio instantâneo do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 200
Isso só pode acontecer a partir do “homem”, e, nessa medida, os primeiros passos para a fundação do ser-aí “do” homem, do ser-aí “no” homem, do homem no ser-aí são muito ambíguos e desamparados; e isso, sobretudo, se, como aconteceu até aqui, faltar toda e qualquer vontade de conceber o modo de questionamento desdobrado a partir de si e a partir de sua intenção fundamental em relação à verdade do seer, e se tudo for empregue apenas em reconduzir a e em explicar o decisivo com vistas ao que se tinha até aqui, afastando-o com isso. GA65 (Casanova): 214
Uma questão decisiva: a essenciação da verdade é fundada no ser-aí como clareira para o encobrir-se ou é a essenciação da verdade mesma o fundamento para o ser-aí ou as duas coisas são válidas? E o que significa aí a cada vez “fundamento”? Essas questões só podem ser decididas, se a verdade for concebida na essência indicada como verdade do seer e, com isso, a partir do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 215
Pois ela é verdade do seer, que “só” se essencia. GA65 (Casanova): 217
Por isto, o suportar jurisdicional da essenciação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 217
Verdade: verdade do seer como acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 220
Essa essência íntima e querelante da verdade mostra que a verdade é originária e essencialmente a verdade do seer (acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 225
Dizer que o acontecimento apropriador acontece apropriadoramente não significa outra coisa senão: que ele e apenas ele se torna verdade; isso que pertence ao acontecimento apropriador vem a ser, de tal modo que justamente a verdade se mostra essencialmente como verdade do seer. GA65 (Casanova): 225
Aqui nos encontramos na essenciação da verdade, e essa é verdade do seer. GA65 (Casanova): 226
Para que se tenha sucesso nesse empreendimento é necessário não reter mais o dizer sobre a essência do seer, seguindo uma vez mais a partir da opinião de que se poderia, apesar da intelecção da necessidade do projeto que salta para frente, abrir por fim de qualquer modo, a partir do que se deu até aqui, gradualmente um caminho para a verdade do seer. GA65 (Casanova): 226
A história dessas “representações” é a história da verdade do seer e só pode ser exposta de maneira filosoficamente frutífera juntamente com a história da questão diretriz. GA65 (Casanova): 241
E isso porque a verdade como encobrimento clareador é a verdade do seer como acontecimento apropriador, a verdade do acontecimento da apropriação que oscila de lá para cá e de cá para lá, acontecimento esse que, se fundando na verdade (na essenciação do aí), conquista nela e apenas nela para si também a clareira para o seu encobrir-se. GA65 (Casanova): 242
Os que detêm o bastão da verdade do seer, verdade essa na qual o ente se constrói em direção ao domínio simples da essência de toda e qualquer coisa e respiração. GA65 (Casanova): 248
Aqui se funda a origem do estilo por vir, isto é, na retenção na verdade do seer. GA65 (Casanova): 254
A recusa é a nobreza mais elevada da doação e o traço fundamental do encobrir-se, cuja abertura constitui a essência originária da verdade do seer. GA65 (Casanova): 254
O porvir, porém, a verdade do seer como recusa, tem em si a garantia da grandeza, não da eternidade vazia e gigantesca, mas da via mais breve. GA65 (Casanova): 254
Mas pertence a essa verdade do seer, à recusa, o velamento do não ente enquanto tal, o desprendimento e a dissipação do seer. GA65 (Casanova): 254
E na viragem: só a fundação do ser-aí, a preparação da prontidão para o arrebatamento extasiante e fascinante em meio à verdade do seer, traz o que é pertinente e dócil para o aceno do acontecimento da apropriação que acomete. GA65 (Casanova): 255
A preparação do aparecer do último deus é a ousadia mais extrema da verdade do seer, graças à qual apenas tem sucesso para o homem o resgate do ente. GA65 (Casanova): 256
Nós nos encontramos nessa luta em torno do último deus, isto é, em torno da fundação da verdade do seer como o tempo-espaço da tranquilidade de seu passar ao largo (não é pelo próprio deus que conseguimos lutar); e isso necessariamente no âmbito de poder do seer como o acontecimento da apropriação e, com isso, na amplitude extrema do mais intenso redemoinho da viragem. GA65 (Casanova): 256
O repensar da verdade do seer só tem sucesso se, no passar ao largo do deus, o apoderamento do homem para a sua necessidade se tornar manifesto e, assim, o acontecimento da apropriação no excesso da viragem ganhar o aberto entre o pertencimento humano e a necessidade divina, a fim de revelar seu encobrir-se como meio, a fim de se revelar como meio do encobrir-se, obrigando a reoscilação e, com isso, trazendo ao salto a liberdade para o fundamento do seer como fundação do aí. GA65 (Casanova): 256
Esse instante histórico não é nenhum “estado ideal” porque esse estado contraria a cada vez a essência da história, mas esse instante é o acontecimento da apropriação daquela viragem, na qual a verdade do seer chega ao seer da verdade, uma vez que o deus precisa do ser e o homem como ser-aí precisa ter fundado o pertencimento ao ser. GA65 (Casanova): 256
Nesse caso, então, por esse instante, o seer é, como o entre mais íntimo, igual ao nada; o deus se apodera do homem e o homem ultrapassa o deus, por assim dizer imediatamente e, contudo, os dois somente no acontecimento apropriador, como o qual a verdade do seer mesmo é. GA65 (Casanova): 256
E a meditação pensante sobre esse único, a verdade do seer, só pode ser uma senda, na qual o impensável de antemão é, contudo, pensado, isto é, a transformação da ligação do homem com a verdade do seer é iniciada. GA65 (Casanova): 256
O elemento impositivo, no entanto, é apenas o incalculável e o improdutível do acontecimento apropriador, a verdade do seer. GA65 (Casanova): 256
O fim é apenas lá onde o ente se arranca da verdade do seer, tendo negado aquela questionabilidade, isto é, toda e qualquer diferenciação, a fim de se portar em possibilidades infinitas do que é assim solto em meio ao tempo sem fim. GA65 (Casanova): 256
Pois a verdade do seer mesma precisa ser primeiro fundada e, para isso que é entregue, toda criação precisa tomar um outro início. GA65 (Casanova): 256
O quão pouco sabemos do fato de que o deus espera pela fundação da verdade do seer e, com isso, pelo salto do homem no ser-aí. GA65 (Casanova): 256
Histórico” significa aqui: pertencente à essenciação do seer mesmo, inserido na indigência da verdade do seer e, assim, ligado à necessidade daquela decisão, que dispõe em geral sobre a essência da história e sua essenciação. GA65 (Casanova): 258
A questão acerca do ser torna-se agora a questão acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 259
A questão acerca do ser sob o modo do questionamento acerca da verdade do seer não chega mais em geral a um plano, no qual uma diferenciação como a entre idealismo e realismo poderia conquistar um fundamento possível. GA65 (Casanova): 259
Só uma coisa é certa: que todo e qualquer re-pensar do seer e toda criação a partir da verdade do seer, sem a assistência já protetora do ente, jamais pôde produzir outras forças de questionamento e de dizer, de jogo e de sustentação, diversas das que foram produzidas pela história da metafísica. GA65 (Casanova): 259
Para aqueles que simplesmente vierem depois, o que se mantém objeto de uma erudição e de uma pesquisa historiológicas e que, por fim, se mostra ainda meramente como instrução escolar, a história do pensar metafísico em suas “obras”, precisa se tornar primeiro história, na qual cada coisa é reunida em sua unicidade e irradia como uma visão luminosa do pensar uma verdade do seer em seu espaço não mensurado próprio. GA65 (Casanova): 259
Os blocos são figuras fechadas ou peças de sustentação não coligadas de uma ponte invisível? Quem consegue saber isso? A filosofia no outro início pergunta sob o modo do questionamento da verdade do seer. GA65 (Casanova): 259
Todavia, enquanto domínio incondicionado do representar e do produzir, ele mesmo é uma negação, que não se apodera de si mesma e nunca se sabe precisamente na mais elevada certeza de si, da verdade do seer em favor do “racional” e do “dado”. GA65 (Casanova): 260
Ocorrências no ente não conseguem já de modo algum trazer o homem moderno para o âmbito da verdade do seer. GA65 (Casanova): 261
O salto pensante para o “interior” da verdade do seer precisa ressaltar ao mesmo tempo a essência da verdade, fixar-se no jogo de um projeto e se tornar insistente. GA65 (Casanova): 262
A verdade do seer não era nenhuma pergunta possível.) GA65 (Casanova): 262
Aqui também reside a razão pela qual nós, mesmo no interior da necessidade de experimentarmos (re-pensarmos) a verdade do seer, nos movimentamos ainda aparentemente em meio ao elemento re-presentacional. GA65 (Casanova): 262
Por isso, o importante era superar na passagem decisiva a crise da questão do ser de saída necessariamente estabelecida assim e, antes de tudo, evitar uma objetivação do seer; por um lado por meio da retenção da interpretação “temporal” do seer, e, ao mesmo tempo, por meio da tentativa de tornar “visível” a verdade do seer independentemente disso (Liberdade para o fundamento em “Da essência do fundamento”, mas precisamente na primeira parte desse ensaio se acha inteiramente retido o esquema ôntico-ontológico). GA65 (Casanova): 262
Pois o ser-aí “é” justamente a fundação da verdade do seer como acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 264
Onde vigora a destruição do sujeito, como é que o ser ainda pode se transformar em algo “subjetivo”? [O repensar do seer] Com isso, deve ser denominado um modo e talvez o modo decisivo na transição, modo esse por meio do qual o homem ocidental por vir assume a essenciação da verdade do seer e se torna, assim, pela primeira vez histórico: o re-pensar do seer. GA65 (Casanova): 265
E a intelecção nos dá a saber que o pensar e seu predomínio (no tratamento da questão diretriz e na escolha do fio condutor) obstaculizou por fim todo e qualquer caminho para a questão ou para a coerção possível em direção à questão acerca da verdade do seer. GA65 (Casanova): 265
E agora, contudo, o re-pensar deve se tornar o curso em direção à verdade do seer: não apenas simplesmente o pensar, mas por assim dizer a mais extrema elevação de seu domínio, o re-pensar, no qual se enuncia por assim dizer a completa dependência do seer em relação ao pensar? Assim parece e precisa parecer, caso tenhamos chegado até aqui a partir da meditação histórica sobre a questão diretriz e a partir de seu fio condutor. GA65 (Casanova): 265
Se, então, aqui, na preparação do outro início, a essência da filosofia é retida como questionamento acerca do ser (na ambiguidade: questão acerca do ser do ente e questão acerca da verdade do seer), tal como ela precisa ser retida, precisamente porque o questionamento do primeiro início acerca do ser chegou, com efeito, ao seu fim e, assim, não ao seu início, a denominação do filosofar enquanto pensar também precisa ser mantida. GA65 (Casanova): 265
Agora, na transição para o outro início, a questão acerca do ser se transforma efetivamente na questão acerca da verdade do seer, de tal modo que essa verdade enquanto essência da verdade pertence à essenciação do seer. GA65 (Casanova): 265
Essa manutenção do abismo pertence à essência do ser-aí como a fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 265
A “lógica” mesma, no que concerne à fundação da essência da verdade do seer, é uma ilusão, mas a mais necessária ilusão, que a história do seer até agora conheceu. GA65 (Casanova): 265
Por isso, porém, os sapientes sabem que a preparação dessa história do seer no sentido da fundação da prontidão para o resguardo da verdade do seer no ente que assim vem a ser será uma preparação muito longa e amplamente desconhecida. GA65 (Casanova): 265
Mas ela só pode ser de qualquer modo o elemento de primeiro plano (por quê?), no qual o estabelecimento da questão fundamental (acerca da verdade do seer) pode ser elucidado de maneira condutora. GA65 (Casanova): 266
E a questão diretriz ela mesma? Essa tarefa, porém, não se deixa contornar, enquanto precisar permanecer assegurado ainda em geral um caminho, que dirige ainda de maneira muito precária do pensar metafísico questionador para o interior da questão necessariamente inquestionada da verdade do seer. GA65 (Casanova): 266
A ligação com o ser é, como uma ligação fundada, a insistência no ser-aí, o ser imanente à verdade do seer (como acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 266
Na transição para o ser-aí no interior do questionamento acerca da verdade do seer não resta nenhuma outra possibilidade senão mudar de saída a representação até o ponto em que a ligação com o ser como projeto e, por isso, como o caráter da compreensão for fixado (a compreensão de ser do ser-aí). GA65 (Casanova): 266
O ente, contudo, distingue-se enquanto tal com vistas ao respectivo pertencimento à verdade do seer e à exclusão de sua essenciação. GA65 (Casanova): 267
Desde o início, contudo, em meio a essa repetição mais originária, é preciso saber que ela exige uma completa transformação do homem no ser-aí e já alcançou por um salto tal transformação, uma vez que a verdade do seer, que deve se abrir, não trará outra coisa senão a essenciação mais originária do próprio seer. GA65 (Casanova): 267
“O homem” e “o deus” são cápsulas de palavras sem história, se a verdade do seer não ganha voz nelas. GA65 (Casanova): 267
O caráter completamente inabitual do seer em face de todo ente precisa ser “experimentado” pelo homem, ele precisa ser apropriado por ele em meio ao acontecimento e levado à verdade do seer. GA65 (Casanova): 269
Por meio da metafísica, e isso significa ao mesmo tempo por meio do cristianismo, somos desencaminhados e nos habituamos a supor no “deslocamento”, ao qual pertence a angústia como o nada ao seer, apenas o elemento desértico e sombrio, ao invés de experimentarmos nela a determinação em meio à verdade do seer e a partir dela saber jurisdicionalmente o estado de sua essenciação. GA65 (Casanova): 269
Em que se apoia em tudo o que há de desprovido de Apolo dessa questão acerca da verdade do seer a suposição de que o choque do seer já poderia ter lançado um primeiro abalo em nossa história? Uma vez mais em algo único: no fato de que Hölderlin precisou se tornar aquele dizente que ele é. GA65 (Casanova): 270
Enunciar desse modo o seer não significa aprontar uma determinação conceitual, mas preparar a tonalidade afetiva do salto, a partir da qual e na qual o seer mesmo é ressaltado como projeto para o saber que também mantém a sua essência em um primeiro momento atribuída a partir dessa verdade do seer. GA65 (Casanova): 270
A excedência dos deuses é o ocaso na fundação da verdade do seer. GA65 (Casanova): 271
No entanto, o homem determinado de acordo com o modo de ser do ser-aí se distingue, de qualquer modo, uma vez mais de todo ente, na medida em que sua essência é fundada no projeto da verdade do seer, verdade essa cuja fundação assume a responsabilidade por ele como o que é mediatamente apropriado em meio ao acontecimento para o seer. GA65 (Casanova): 271
Desse modo, o homem é excluído do seer e, contudo, jogado precisamente na verdade do seer, de tal modo que a exclusão é suportada de acordo com o caráter de ser-aí na rejeição como uma exclusão que se encontra ligada ao ser. GA65 (Casanova): 271
Tal assunção da responsabilidade atributiva, da qual emerge o caráter de jogado, traz o ser-aí para o arrebatamento extasiante em meio ao seer, que aparece para nós em primeiro plano como o projeto da verdade do seer e, em primeiríssimo lugar e antes de tudo, como o primeiro plano voltado para a metafísica como compreensão de ser. GA65 (Casanova): 271
O ser-aí é a fundação do abismo do seer por meio da requisição do homem como aquele ente, que assume sobre si a responsabilidade pela guarda da verdade do seer. GA65 (Casanova): 271
4) O homem é o que retorna no livre lançamento (projeto jogado); nós precisamos compreender ser, quando… 5) O homem, o guardião da verdade do seer (fundação do ser-aí). GA65 (Casanova): 272
Por que o homem pertence “essencialmente” à determinação da essência da linguagem – o homem como? Guardião da verdade do seer. GA65 (Casanova): 276
O homem, porém, pode pertencer ao seer (não apenas ao ente), na medida em que ele cria a partir desse pertencimento e precisamente a partir dele a sua essência mais originária: o homem compreende o seer (cf Ser e tempo); ele é o guarda-posto do projeto do seer, a guarda da verdade do seer constitui isso a partir do seer e “apenas” a partir dessa essência concebida do homem. GA65 (Casanova): 276
A ausência de arte funda-se no saber de que o exercício de capacidades consumadas a partir do domínio maximamente perfeito das regras até mesmo segundo os critérios de medida e os paradigmas supremos até aqui nunca pode se mostrar como “arte”; de que o erigir planificado de uma produção daquilo que corresponde a “obras de arte” até aqui e às suas “finalidades” pode alcançar resultados abrangentes, sem que uma necessidade originária da essência da arte de levar à decisão a verdade do seer jamais se imponha a partir de uma indigência; de que uma empresa com “a arte” enquanto meio de funcionamento já se coloca por si só fora da essência da arte e, por isso, já permanece cega e fraca demais, para experimentar a ausência de arte em seu poder preparador da história e atribuído ao seer ou mesmo para deixá-lo “vigorar”. GA65 (Casanova): 277
De onde provém a ex-cedência, o a-bismo, o fundamento, o ser? Em que consiste a divindade dos deuses? Por que o seer? Porque se têm os deuses? Por que os deuses? Por que o seer? O acontecimento apropriador e a possibilidade do porquê! Será que o porquê ainda pode ser transformado em um tribunal, diante do qual precisamos colocar o seer? Por que, porém, a verdade do seer? Ela pertence à sua essência! Por que ente? Porque um ente supremo provoca, produz tal ente? Mas sem levarmos em conta o elemento desmedido da fabricação, o ente supremo, o summum ens, pertence com maior razão ao ente. GA65 (Casanova): 279