GA65 – tradição

Tradition, Überlieferung

Toda e qualquer palavra é sempre retirada do que é legado pela tradição. GA65 (Casanova): 6

Visão de mundo” é sempre “maquinação” em face do que é legado pela tradição para a sua superação e controle com os meios que lhe são próprios e que são por ela preparados, mas que não chegaram a alcançar um equilíbrio – tudo levado para o cerne da “vivência”. GA65 (Casanova): 14

Quando Kant caracteriza espaço e tempo como “intuições”, isto não é outra coisa senão, no interior dessa tradição, uma fraca tentativa de salvar em geral a essência própria de espaço e tempo. GA65 (Casanova): 32

O exemplo mais distinto e maior dessa unicidade da tradição é a Lógica de Hegel. GA65 (Casanova): 34

Que visual a antropologia porta nesse caso, se um visual iluminista e moral, se um psicológico e científico-natural, se um personalista e ligado às ciências humanas, se um visual cristão ou um politicamente marcado pelo elemento populista, é completamente indiferente: a questão justamente é saber se a Modernidade é aí concebida como um fim e um outro início ou se as pessoas se cristalizaram na eternização de uma decadência que perdura desde Platão, o que só se pode de qualquer modo empreender, caso elas se convençam de sua ignorância enquanto superação da tradição. GA65 (Casanova): 69

Segundo a tradição, a essência do quantum reside na divisibilidade em partes do mesmo tipo. GA65 (Casanova): 71

É preciso mostrar como a partir daqui: 1) O pensar moderno até Kant é determinado; 2) Como é que, a partir daqui, a originariedade do pensar kantiano emerge; 3) Como é que, por meio de um impulso de volta para o interior da tradição cristã, juntamente com o abandono da posição kantiana, surge o pensar do idealismo alemão; 4) Como é que a falta de força do pensar metafísico juntamente com as forças efetivas do século 19 (liberalismo – industrialização – técnica) exige o positivismo; 5) Como é que, ao mesmo tempo, a tradição de Kant e do Idealismo Alemão é conservada e como é que é buscada uma retomada do pensamento platônico (Lotze e sua metafísica dos valores); 6) Como é que, para além disso, e, contudo, sustentado e amarrado por isso, Nietzsche reconhece na confrontação com o construto híbrido de todos o mais questionável GA65 (Casanova): 91

É preciso mostrar como a partir daqui: 1) O pensar moderno até Kant é determinado; 2) Como é que, a partir daqui, a originariedade do pensar kantiano emerge; 3) Como é que, por meio de um impulso de volta para o interior da tradição cristã, juntamente com o abandono da posição kantiana, surge o pensar do idealismo alemão; 4) Como é que a falta de força do pensar metafísico juntamente com as forças efetivas do século 19 (liberalismo – industrialização – técnica) exige o positivismo; 5) Como é que, ao mesmo tempo, a tradição de Kant e do Idealismo Alemão é conservada e como é que é buscada uma retomada do pensamento platônico (Lotze e sua metafísica dos valores); 6) Como é que, para além disso, e, contudo, sustentado e amarrado por isso, Nietzsche reconhece na confrontação com o construto híbrido de todos o mais questionável (a partir de 3, 4 e 5) de Schopenhauer a sua tarefa como a superação do platonismo, sem, porém, penetrar no âmbito da questão e na posição fundamental, a partir dos quais pode ser assegurado pela primeira vez para essa tarefa a libertação em relação ao que se GA65 (Casanova): 91

Tal seriedade, por sua vez, não se depara mais com bom e mim, com decadência e salvação da tradição, com benevolência e violência, mas só vê e concebe aquilo que é, a fim de auxiliar a partir desse ente, no qual a inessência vigora como algo essencial, a saída em direção ao ceme do seer, e a fim de trazer a história para o interior de seu fundamento imanente. GA65 (Casanova): 125

O que significa, porém, dizer que, então, o projeto da essência da verdade como encobrimento clareador precisa ser ousado e que o tresloucamento do homem no interior do ser-aí precisa ser preparado? Tres-loucado e lançado para fora extaticamente daquela situação, na qual nós nos encontramos: do gigantesco vazio e da enorme desertificação, enredado no que foi legado pela tradição e que se tornou enquanto tal incognoscível, sem critérios de medida e sem a vontade antes de tudo de interrogar essas coisas; o deserto, porém, é o abandono do ser velado. GA65 (Casanova): 227

E Nietzsche, junto ao qual se reúne a tradição ocidental na variante moderna e antes de tudo positivista do século XIX e junto ao qual ao mesmo tempo a “verdade” é trazida para a posição oposta e, com isso, para a copertinência com a arte – as duas como modos fundamentais da vontade de poder como a essência do ente (essentia), cuja existentia é denomina como o eterno retorno do mesmo. GA65 (Casanova): 232

6) Como, porém, “a verdade” mesma e seu conceito, de acordo com uma longa história e com uma confusa tradição, para a qual muitas coisas confluíram, não se encontram mais em questão em nenhum modo de formulação claro e necessário, mesmo as interpretações da história do conceito de verdade tanto quanto as interpretações da alegoria da caverna se mostram em particular como precárias e dependentes daquilo que mesmo antes foi retirado do platonismo e da doutrina do juízo. GA65 (Casanova): 233

Pois na maioria das vezes ele tem em vista sempre por essa palavra o “verdadeiro”; e, onde ele pergunta sobre a essência do verdadeiro, isso acontece em meio a um enredamento na tradição e não a partir de uma meditação originária, de tal modo que a verdade é ao mesmo tempo concebida como decisão essencial também sobre “o verdadeiro”. GA65 (Casanova): 234

2) Ao mesmo tempo, porém, Nietzsche concebe o “ser” como o “constante”, completamente no sentido da mais antiga tradição platônica; e como esse elemento constante, visto a partir da vida e com vistas a ela, ele é o fixado e assim respectivamente “verdadeiro”. GA65 (Casanova): 234

3) Este conceito de verdade erigido com vistas à “vida” e determinado a partir do conceito tradicional de ser está, além disso, completamente na via da tradição, na medida em que a verdade é uma determinação e um resultado do pensamento e da re-presentação. GA65 (Casanova): 234

Aquele se encontrar exposto de modo arrebatado e extasiante no desconhecido, que era para Nietzsche certamente uma experiência fundamental, não tinha como se tornar para ele, se vejo corretamente, o centro fundado de seu questionamento; e não porque ele estava preso no enredamento triplo acima (p 353) citado por meio do que foi legado pela tradição. GA65 (Casanova): 234

Aqui se encontra de fato obstruindo o caminho a longa tradição da metafísica e o hábito daí emergente do pensar; sobretudo quando ainda a “lógica”, ela mesma uma descendente da despotencialização inicial do ser e da verdade, permanece sendo considerada como um tribunal absoluto, caído do céu, sobre o pensar. GA65 (Casanova): 259

O antigo, porém, não é o antiquário, que se expande inevitavelmente, logo que a grandeza inicial, que permanece sem comparação em sua grandeza de acordo com a sua primeira inicialidade, recai na tradição e na negação historiológicas. GA65 (Casanova): 259

Por isso, procuramos em vão pela história, isto é, por sua tradição historiológica, a fim de nos depararmos com o seer mesmo como projeto. GA65 (Casanova): 262

A questão é que nós estamos de qualquer modo há muito tempo e de maneira muito firme presos à tradição, para que de saída, onde quer que se venha a denominar “o pensar”, não tivéssemos em vista no mínimo concomitantemente ao ouvir esse nome a representação de algo em geral e, com isso, a representação de uma unidade de elementos diferentes especificamente subordinados. GA65 (Casanova): 265

 

 

 

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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