Por vezes, aqueles fundadores do abismo precisam ser consumidos no fogo do que se guarda, para que o ser-aí venha a ser possível para o homem e, assim, seja salva a constância em meio ao ente, para que o ente mesmo experimente a restauração no aberto da contenda entre terra e mundo. GA65 (Casanova): 2
Como é, porém, que o pensar abriga a verdade do seer, se não na pesada lentidão do curso de seu passo questionador e de sua consequência vinculada? Inaparente como em um campo solitário sob o grande céu, com seu passo pesado, hesitante, que para a cada instante, o semeador abre os fulcros na terra e mede e configura ao jogar o braço o espaço velado de todo crescimento e amadurecimento. GA65 (Casanova): 5
Essa viragem só conquista sua verdade, na medida em que ela é contestada enquanto contenda entre mundo e terra e, assim, em que o verdadeiro é coberto no ente. GA65 (Casanova): 8
A contenda como a contenda de terra e mundo, porque a verdade do seer só é no abrigo e essa como o “entre” fundante no ente. GA65 (Casanova): 9
Um contra o outro de terra e mundo. GA65 (Casanova): 9
O sítio instantâneo essencia-se a partir desse acontecimento como a contenda de terra e mundo. GA65 (Casanova): 10
Portanto, a grande tranquilidade precisa primeiramente se abater sobre o mundo para a terra. GA65 (Casanova): 13
Ela atravessa de maneira afinadora enquanto tonalidade afetiva fundamental a intimidade da contenda entre mundo e terra e, com isto, a contestação do ataque da apropriação em meio ao acontecimento. GA65 (Casanova): 13
Quem se disporia a negar que a filosofia é isto? E não se pode apresentar um testemunho que seja capaz de lançar por terra todas as opiniões contrárias: o grande início da filosofia ocidental? Esse início não é a filosofia “do” povo grego? E o grande fim da filosofia ocidental, o “Idealismo Alemão” e Nietzsche, não é a filosofia “do” povo alemão? Ora, mas o que é dito com tais constatações elucidativas? Nada sobre a essência da própria filosofia. GA65 (Casanova): 15
Aqui, os que estão por vir precisam estar preparados, eles precisam criar os novos postos no próprio ser, postos esses a partir dos quais acontece uma vez mais apropriadoramente uma constância na contenda entre terra e mundo. GA65 (Casanova): 25
Esse saber desdobra-se como o questionamento que se projeta ampla e antecipadamente para frente, o questionamento acerca do seer, cuja questionabilidade obriga todo criar à indigência, erige para todo ente um mundo e salva o que há de confiável da terra. GA65 (Casanova): 26
Essa retenção também afina inteiramente toda contestação da contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 31
Ela se submete – silenciando – à medida suave, suportando em si a pérfida grima, as duas – pertencendo-se mutuamente – encontram-se diversamente a partir da terra tanto quanto a partir do mundo. GA65 (Casanova): 31
Aqui acontece a retomada na terra que se fecha. GA65 (Casanova): 32
A questão é que esse acontecimento do ser-aí nunca é por si, mas pertence ao atiçamento da contenda entre terra e mundo, à insistência no acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 32
A terra vem a ser pela primeira vez, sim, através do caminho e é em cada posição do caminho desconhecida e não tem como ser calculada. GA65 (Casanova): 42
A terra, que atravessa o caminho e, enquanto caminho, o re-pensar do seer, é o entre, que se apropria em meio ao acontecimento do ser-aí para o deus, em cujo acontecimento da apropriação pela primeira vez o homem e o deus se tornam “cognoscíveis”, pertencentes à vigília e à urgência do seer. GA65 (Casanova): 42
Sobre se a história é degradada e transformada em arsenal das confirmações e das antecipações ou se ela desponta como a cordilheira das montanhas estranhas e inescaláveis – Sobre se a natureza é rebaixada a uma região de espoliação pelo cálculo e pelo erigir e se transforma, assim, em ocasião de “vivência” ou se ela suporta como a terra que se cerra o aberto do mundo sem imagem. GA65 (Casanova): 44
História, porém, concebida como a contestação da contenda de terra e mundo, assumida e realizada a partir do pertencimento ao clamor do acontecimento apropriador como a essenciação da verdade do seer na figura do último deus. GA65 (Casanova): 45
2) Aqueles inúmeros elos de ligação, para os quais está dado pressentir a partir da concepção do querer sapiente e das fundações do particular as leis da recriação do ente, da preservação da terra e do projeto do mundo em sua contenda e torná-las visíveis em meio à execução. GA65 (Casanova): 45
Será que a lembrança das possibilidades do passado essencial (o sido) do ser-aí pode conduzir à meditação? Ou será que algo in-habitual, não ideável se choca com essa indigência? 15) O abandono do ser, aproximado por meio de uma meditação sobre a desertificação do mundo e sobre a destruição da terra no sentido da rapidez, do cálculo, da pretensão do massificado. GA65 (Casanova): 56
Esses progressos trarão consigo a espoliação e a utilização da terra, a criação e o adestramento do homem para o interior de estados ainda hoje irrepresentáveis, cuja entrada em cena não pode ser impedida ou mesmo apenas retida por meio de nenhuma lembrança romântica de algo anterior e diverso. GA65 (Casanova): 76
Mas elas conferem à terra o seu elemento supremo e apontam para a sua rocha primitiva. GA65 (Casanova): 93
Somente quando elas se encontram verdadeiramente aprumadas para nós e para a terra. GA65 (Casanova): 93
Além disto, o compreender como projeto é um projeto jogado, o chegar ao aberto (verdade), que já se encontra em meio ao ente aberto, enraizado na terra, soerguendo-se em um mundo. GA65 (Casanova): 138
Espacialização temporalizante – temporalização espacializante como a região mais próxima da junção fugidia para a verdade do seer, mas nenhuma queda nos conceitos comuns formais de espaço e tempo (!), senão retomada da contenda, mundo e terra – acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 139
É preciso lembrar aqui que o abrigo é sempre a contestação da contenda entre mundo e terra, que mundo e terra solapam um ao outro em se sobrelevando, que é em sua oposição que transcorre de antemão e antes de tudo o abrigo da verdade. GA65 (Casanova): 152
O mundo é “terreno” (terroso), a terra é mundana. GA65 (Casanova): 152
A terra é em um aspecto mais originária do que a natureza porque ligada à história. GA65 (Casanova): 152
De acordo com isso, também nenhum fechamento, na medida em que o vivente não é levado consigo – “terra” (pedra, planta, animal). GA65 (Casanova): 154
E então? Esse é o fim? Por que se silencia a terra junto a essa destruição? Porque não lhe é concedida a contenda com um mundo, porque não lhe é concedida a verdade do seer. GA65 (Casanova): 155
Por que não? Porque a coisa gigantesca homem é tanto mais gigantesca quanto menor ela é?! É preciso abandonar a natureza e entregá-la à maquinação? Conseguimos ainda buscar de maneira nova a terra? Quem é capaz de atiçar aquela contenda, na qual ela encontra seu aberto, na qual ela se cerra e é terra? Para saber dessa abertura em sua estrutura, precisamos experimentar o abismo (cf verdade) como pertencente ao acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 155
Antes de tudo, porém, aquilo que constitui o alijamento interno do acontecimento apropriador e que permanece encoberto segundo o acontecimento da apropriação ou que vem à tona a partir dele nunca pode ser enumerado e apresentado em uma “tábua”, nem tampouco na diversificação de um sistema, mas todo dizer da abertura do fosso abissal é uma palavra pensante em relação a Deus e aos homens, e, com isso, no ser-aí, e, assim, na contenda de mundo e terra. GA65 (Casanova): 157
Mundo”, porém, não o saeculum cristão e a denegação de Deus, ateísmo! Mundo a partir da essência da verdade e do aí! Mundo e terra (cf conferência sobre a obra de arte). GA65 (Casanova): 172
Em direção a que poder, terra e corpo são desdobrados a partir daqui. GA65 (Casanova): 194
O aí é o entre aberto, que encobre de maneira clareadora, em relação à terra e ao mundo, o meio de sua contenda, e, com isso, os sítios do mais íntimo pertencimento, e, assim, o fundamento do para-si, do si mesmo e da ipseidade. GA65 (Casanova): 198
Abismo: como tempo-espaço da contenda; a contenda como contenda entre terra e mundo, por conta da ligação da verdade com o ente! O primeiro (inicial) abrigo, a questão e a decisão. GA65 (Casanova): 221
Se é somente quando o encobrir-se impera sobre todas as regiões do gerado, do criado e do sacrificado, essenciando-os um no outro; se é somente quando ele determina a clareira e, assim, se essencia ao mesmo tempo indo ao encontro do que se cerra no interior da clareira, então é só nesse momento também que emerge mundo e, juntamente com ele, a partir da “coetaneidade” de seer e ente, vem à tona a terra. GA65 (Casanova): 225
10) Abrigo como contestação da contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 227
Os sítios instantâneos e a contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 238
Perseguindo o caminho a partir do “ente” (mas já inserido no aberto da contenda entre terra e mundo), surge, então, a ocasião para inserir a discussão até aqui de espaço e tempo na confrontação inicial (cf A conexão de jogo). GA65 (Casanova): 242
Precisa se tornar claro como é que aqui mundo e terra se encontram em contenda e, com isso, como é que eles mesmos se desencobrem e se encobrem. GA65 (Casanova): 243
O acontecer é transformado e preservado (porquê) na contenda de mundo e terra. GA65 (Casanova): 244
Abrigo da verdade como crescimento de volta para o cerramento da terra. GA65 (Casanova): 245
Indústria” (funcionamento); os trabalhadores de indústria, arrancados da terra natal e da história, transpostos para o ganho. GA65 (Casanova): 247
Que transformação do homem se insere aqui? (Mundo – terra?) Maquinação e negócio. GA65 (Casanova): 247
Do acontecimento apropriador no qual esse pertencimento se funda historicamente emerge pela primeira vez a fundamentação da razão pela qual “vida” e corpo, geração e gênero, estirpe, dito na palavra fundamental: a terra, pertencendo à história e recolhendo ao seu modo em si uma vez mais a história, e, em tudo isso, sendo útil à contenda entre terra e mundo, é sustentada pelo mais íntimo pudor de ser a cada vez algo incondicionado. GA65 (Casanova): 251
Mundo e terra alçarão em sua contenda amor e morte em seu extremo e reunirão os dois na fidelidade ao deus e na constância da confusão no domínio múltiplo da verdade do ente. GA65 (Casanova): 252
Será que, então, o tempo dos deuses se dissipará e a recaída na mera vida de seres pobres de mundo começará, seres esses para os quais a terra restará apenas como o explorável? Retenção e silêncio serão os festejos mais íntimos do último deus, e o próprio modo do confiar na simplicidade das coisas e a própria corrente da intimidade se apoderarão do arrebatamento extasiante e fascinante de suas obras, deixando o abrigo da verdade se tornar o que há de mais velado e emprestando-lhe o presente único. GA65 (Casanova): 252
O que ressoa em tal servidão e prepara a amplitude só consegue preparar para a contenda entre mundo e terra, para a verdade do aí, por meio desse aí mesmo, o sítio instantâneo da decisão e, assim, a contestação e o abrigo no ente. GA65 (Casanova): 255
No âmbito de domínio do aceno encontram-se novamente, para a mais simples contenda, terra e mundo: o mais puro fechamento e a transfiguração suprema, o mais temo arrebatamento fascinante e o mais temível arrebatamento extasiante. GA65 (Casanova): 256
No entanto, se um homem pode dominar as duas coisas, o suportar da ressonância do acontecimento apropriador como recusa e a execução da transição para a fundação da liberdade do ente enquanto tal, para a renovação do mundo a partir da salvação da terra, quem poderia decidir e saber sobre isso? E, assim, restam com certeza aqueles que se consomem em tal história e em sua fundação, sempre cindidos uns dos outros, o ápice das montanhas mais isoladas. GA65 (Casanova): 256
De acordo com ela, o seer só se essencia constantemente de maneira mediatizada por meio da contenda de mundo e terra em relação ao “ente”. GA65 (Casanova): 267
Na clareira do encobrimento do entre, que emerge do acontecimento da apropriação e com ele, acontecimento esse que se contrapõe à clareira, desponta a contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 268
Aqui se desentranha o seer naquela essenciação, com base na qual a abissalidade faz com que os contra-postos (deuses e homem) e os querelantes (mundo e terra) alcancem em sua história originária a sua essência entre o seer e o ente e admitam a denominação conjunta do seer e do ente apenas como o que há de mais questionável e de mais cindido. GA65 (Casanova): 268
A história só se desenrola no entre da contraposição dos deuses e do homem como o fundamento da contenda de mundo e terra; e ela não é outra coisa senão o acontecimento da apropriação desse entre. GA65 (Casanova): 268
Se denominarmos o seer o inabitual, então apreendemos o ente de todo e qualquer tipo e amplitude como o habitual; e isso mesmo então quando, no seu interior, algo até aqui desconhecido e novo emerge e o que se tinha até aqui cai por terra; com o tempo, nós sempre nos havemos também com ele e inserimos o ente no ente. GA65 (Casanova): 269
Neste caso, não acontece nada no interior do ente, o seer permanece inaparente, mas pode acontecer com o ente enquanto tal de ele, voltado para a clareira do in-habitual, lançar por terra seu caráter habitual e precisar se colocar em relação à de-cisão sobre como ele satisfaz ao seer. GA65 (Casanova): 269
As formas fundamentais desse resguardo, contudo, são a abertura de uma totalidade do mundo (mundo) e o fechar-se diante de todo projeto (terra). GA65 (Casanova): 269
Por que, contudo, precisamente essa contenda entre mundo e terra? Porque, no acontecimento apropriador, o ser-aí acontece de maneira apropriadora e se transforma na jurisdicionalidade do homem, porque o homem é chamado para a guarda do seer a partir da totalidade do ente. GA65 (Casanova): 269
Essa essência é o acontecimento apropriador enquanto o acontecimento apropriador, em cujo entre se estende por um lado de maneira querelante a contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 270
Por outro lado, é só a partir dessa contenda que a terra chega até a sua essência (de onde e como a contenda?): o seer, o acontecimento da apropriação que entra uma vez mais em combate para a contraposição entre os deuses e o homem. GA65 (Casanova): 270
Todo dizer sobre o seer precisa denominar o acontecimento apropriador, aquele entre do entrementes de deus e ser-aí, de mundo e terra, ;empre elevando ao cerne da obra afinadora com uma clareza intermediária e de maneira decisiva o fundamento-entre como a-bismo. GA65 (Casanova): 270
O entre implosivo reúne aquilo que ele volta para o aberto de seu pertencimento contestável e marcado pela recusa, em direção ao a-bismo, a partir do qual tudo (o deus, o homem, o mundo, a terra) se essencia de volta em si e, assim, deixa ao seer a única decidibilidade do acontecimento da apropriação. GA65 (Casanova): 270
O seer é o acontecimento apropriador contestador, que reúne originariamente o que é por ele apropriado em meio ao acontecimento (o ser-aí do homem) e o que é por ele recusado (o deus) no abismo daquele entre, em cuja clareira mundo e terra contestam um ao outro o pertencimento de sua essência ao campo de jogo temporal, no qual chega à preservação aquele verdadeiro que se encontra em tal preservação como o “ente”. GA65 (Casanova): 270
Somente se aquilo que o homem enquanto homem histórico denomina subsequentemente como ente se quebra junto ao seer, seer esse que é a urgência do deus, é que todo ente é retrojetado para o peso da essência que lhe cabe e, assim, chega a algo nomeável da linguagem e pertencente ao silenciamento, no qual o seer se subtrai a todo cálculo sob o ente e, não obstante, dissipa sua essência na fundação abissal da intimidade de deuses e mundo, de terra e homem. GA65 (Casanova): 270
Mas e se nós buscássemos a salvação em meio a um caminho de volta à intuição goethiana da natureza e, então, transformássemos mesmo a “terra” e a “vida” em teoria? E se o revolvimento no irracional começar e, então, com maior razão, tudo se mantiver como era até aqui, sim, se o que se tinha até aqui for, então, completamente ratificado sem restrição? Isso ainda está por vir, pois sem isso a Modernidade não alcançaria sua consumação. GA65 (Casanova): 275
A linguagem é a ressonância que pertence ao acontecimento apropriador, ressonância essa na qual ele se doa como contestação da contenda em meio a essa contenda mesma (terra – mundo) (a consequência: o desgaste e o mero uso da linguagem). GA65 (Casanova): 276
Se, então, porém, com a superação da metafísica, a antropologia também cai por terra, se a essência do homem é determinada a partir do seer, então aquela explicação antropológica da linguagem não pode mais permanecer normativa; ela perde aí seu fundamento. GA65 (Casanova): 276
Quando os deuses clamam pela terra e no clamor dos deuses ressoa um mundo, e quando, assim, o clamor ecoa como ser-aí do homem, então a linguagem se mostra como palavra histórica, como palavra formadora de história. GA65 (Casanova): 281
Esclarecimento da terra, ressonância do mundo. GA65 (Casanova): 281
E uma vez que a linguagem é o fundamento do ser-aí, reside no ser-aí a comedida e, com efeito, como fundamento da contenda de mundo e terra. GA65 (Casanova): 281