Linguagem e a grande tranquilidade, a proximidade simples da essência e a distância clara do ente, quando a palavra atua uma vez mais pela primeira vez. GA65 (Casanova): 13
(O repensar do seer e a linguagem) Com a linguagem habitual, que hoje é cada vez mais amplamente abusada e desgastada, a verdade do seer não tem como ser dita. GA65 (Casanova): 36
Será que essa verdade pode ser em geral dita de maneira imediata, uma vez que toda linguagem é de qualquer modo linguagem do ente? Ou será que pode ser inventada uma nova linguagem para o seer? Não. GA65 (Casanova): 36
E mesmo se tal tentativa tivesse êxito e mesmo sem uma formação vernácula artificial, essa linguagem não seria nenhuma linguagem que diz. GA65 (Casanova): 36
Assim, só uma coisa importa: dizer a linguagem mais nobremente amadurecida em sua simplicidade e força essencial, a linguagem do ente enquanto linguagem do seer. GA65 (Casanova): 36
Essa transformação da linguagem penetra em âmbitos que ainda se encontram cerrados para nós, porque não sabemos a verdade do seer. GA65 (Casanova): 36
Nela se concebe também pela primeira vez a essência da linguagem. GA65 (Casanova): 37
O silenciamento emerge da origem essenciante da própria linguagem. GA65 (Casanova): 38
A “lógica” enquanto doutrina do pensar correto transforma-se em meditação sobre a essência da linguagem como a denominação instituidora da verdade do seer. GA65 (Casanova): 89
Dito na linguagem que sobreviveu da metafísica, isso significa: a recusa como essenciação do ser é a mais elevada realidade efetiva do mais elevado possível enquanto possível e, com isso, é a primeira necessidade. GA65 (Casanova): 169
Pois, inversamente, a mais sensível linguagem e formação nunca são apenas “sensíveis”, mas são em primeiro lugar compreendidas e não apenas “também compreendidas em acréscimo”. GA65 (Casanova): 214
Em que medida a “correção” é essencial a partir da instituição e do abrigo (linguagem)? (A questão acerca da verdade como meditação histórica) O que se tem em vista aqui não é o relato historiológico sobre as opiniões e doutrinas, que foram apresentadas com vistas ao “conceito” da verdade. GA65 (Casanova): 231
É a partir daqui que toda linguagem do ser-aí toma a sua origem e está, por isso, na essência o silêncio (cf retenção, acontecimento apropriador, verdade e linguagem). GA65 (Casanova): 255
A linguagem e a saga. GA65 (Casanova): 257
Será que o homem é, afinal, um homem aprisionado? No (ente) com certeza e isso porque ele se comporta ao mesmo tempo em relação ao “ser” (por exemplo, a linguagem), porque essa ligação com o seer em geral é o fundamento de uma relação em um comportamento de uma postura. GA65 (Casanova): 263
O re-pensar do seer alcança, por isso, onde e quando ele acontece de maneira exitosa, uma rigidez e uma agudeza da historicidade, para a qual ainda falta a linguagem ao dizer, isto é, o poder denominar e ouvir que satisfaça a ele, ao seer. GA65 (Casanova): 265
Com certeza, então, segundo a forma e de acordo com um longo hábito de representação através da metafísica e apoiado pela linguagem cunhada a partir dela e pela sua fixação significativa, todo e qualquer discurso acerca do seer pode ser mal interpretado em meio à relação corrente da condição para o condicionado. GA65 (Casanova): 268
Somente se aquilo que o homem enquanto homem histórico denomina subsequentemente como ente se quebra junto ao seer, seer esse que é a urgência do deus, é que todo ente é retrojetado para o peso da essência que lhe cabe e, assim, chega a algo nomeável da linguagem e pertencente ao silenciamento, no qual o seer se subtrai a todo cálculo sob o ente e, não obstante, dissipa sua essência na fundação abissal da intimidade de deuses e mundo, de terra e homem. GA65 (Casanova): 270
1) A linguagem como enunciado e como dito. GA65 (Casanova): 276
3) O seer e a origem da linguagem. GA65 (Casanova): 276
A linguagem é a ressonância que pertence ao acontecimento apropriador, ressonância essa na qual ele se doa como contestação da contenda em meio a essa contenda mesma (terra – mundo) (a consequência: o desgaste e o mero uso da linguagem). GA65 (Casanova): 276
4) A linguagem e o homem. GA65 (Casanova): 276
Será que a linguagem é dada com o homem ou será que é com o homem que a linguagem é dada? Ou será que uma coisa não se torna e não é por meio da outra de modo algum duas coisas diversas? E por quê? Porque os dois pertencem de maneira cooriginária ao seer. GA65 (Casanova): 276
Por que o homem pertence “essencialmente” à determinação da essência da linguagem – o homem como? Guardião da verdade do seer. GA65 (Casanova): 276
5) O animal rationale e a falsa interpretação da linguagem. GA65 (Casanova): 276
6) Linguagem e lógica. GA65 (Casanova): 276
7) A linguagem, a entidade e o ente. GA65 (Casanova): 276
No interior da história da metafísica (e, com isso, na filosofia até aqui em geral), a determinação da linguagem é derivada do logos, por mais que o logos seja tomado como enunciado e esse enunciado como ligação entre representações. GA65 (Casanova): 276
A linguagem assume o enunciar do ente. GA65 (Casanova): 276
Ao mesmo tempo, a linguagem, uma vez mais como logos, é atribuída ao homem (zoon logon echon). GA65 (Casanova): 276
As ligações fundamentais da linguagem, a partir das quais sua “essência” e “origem” são deduzidas, confluem para o ente enquanto tal e para o homem. GA65 (Casanova): 276
Sempre de acordo com a interpretação do animal rationale e sempre de acordo com a concepção do nexo da ratio (da palavra) com o ente e o maximamente ente (deus) ocorrem modulações da “filosofia da linguagem”. GA65 (Casanova): 276
Mesmo lá, onde essa designação não é usada expressamente, a linguagem alcança como um objeto presente à vista (instrumento – construto capaz de assumir configurações e dom do criador) o âmbito da consideração filosófica ao lado de outros objetos (arte, natureza etc.). GA65 (Casanova): 276
Por mais certamente que se possa admitir que esse construto especial acompanha de qualquer modo uma vez mais toda representação e, com isso, se estende sobre todo o âmbito do ente como um modo de sua expressão, a consideração não ultrapassa com isso aquela determinação inicial da linguagem, por meio da qual ela permanece colocada em uma ligação bastante indeterminada com o ente e com o homem. GA65 (Casanova): 276
Quase não se procura conceber a partir dessa ligação com a linguagem e com vistas a ela a essência do homem e sua relação com o ente, apreendendo-a inversamente de maneira mais originária. GA65 (Casanova): 276
Pois isso já exigiria estabelecer a linguagem por assim dizer de um modo livre de ligações. GA65 (Casanova): 276
Em que direção, porém, ela deve ser fundada, uma vez que um ser-presente-à-vista da linguagem contraria evidentemente em si toda e qualquer experiência? Se levarmos em consideração o fato de que “a” linguagem em geral nunca é, mas que a linguagem só pode ser como a-histórica (“linguagem” dos assim chamados povos naturais) e como histórica, então mensuraremos para além daí o quão obscura permanece para nós a essência da história, apesar da compreensibilidade da historiologia; então, todas as tentativas de apreender a “essência” da linguagem parecerão se confundir imediatamente no começo do caminho; e toda reunião historiológica de pontos de vista até aqui sobre a linguagem pode até ser instrutiva, mas ela nunca consegue nos lançar para além do campo de ligação metafisicamente fixado da linguagem com o homem e com o ente. GA65 (Casanova): 276
Isso, porém, já se mostra de qualquer modo como a primeira questão: saber se, então, com a interpretação histórica e até mesmo inicialmente necessária da linguagem a partir do logos e com a inserção assim prelineada no campo de ligação metafísico, a possibilidade da determinação essencial da linguagem não teria sido restrita ao espaço de meditação da metafísica. GA65 (Casanova): 276
Se, então, porém, a metafísica mesma e seu questionamento em sua restrição essencial à questão acerca da entidade são reconhecidos e se se consegue alcançar a intelecção de que, em meio a essa questão metafísica acerca do ente na totalidade, nem tudo e precisamente o mais essencial dentre tudo o que é ainda não pôde ser de modo algum interrogado, a saber, o seer mesmo e sua verdade, então se abre aqui uma outra perspectiva: o seer e nada menos do que a sua essenciação mais própria poderia até mesmo constituir aquele fundamento da linguagem, a partir do qual ela criou o caráter apropriado de determinar pela primeira vez por si mesma aquilo, em relação ao que ela é explicada metafisicamente. GA65 (Casanova): 276
A primeira questão efetiva, com a qual toda filosofia da linguagem enquanto tal (isto é, enquanto metafísica da linguagem e, consequentemente, enquanto psicologia da linguagem etc.) GA65 (Casanova): 276
[…] se torna imediatamente caduca, é a questão acerca da ligação da linguagem com o seer, uma questão que, naturalmente, sob essa forma, não toca naquilo que ela questiona. GA65 (Casanova): 276Essa ligação, porém, se deixa elucidar em uma via que ainda vislumbra ao mesmo tempo aquele âmbito, que sempre foi diretriz na consideração da linguagem até aqui. GA65 (Casanova): 276
Segundo a determinação bem compreendida e até hoje válida do homem como animal rationale, a linguagem é dada com o homem e isso de maneira tão certa que se pode dizer mesmo na inversão que é apenas com a linguagem que o homem é dado. GA65 (Casanova): 276
Linguagem e homem se determinam de modo alternante. GA65 (Casanova): 276
Como é, contudo, que a linguagem se comporta em relação ao seer? Se não podemos computar a linguagem como algo dado e, com isso, já estabelecido na essência, uma vez que o que importa é “encontrar” a essência, e se o seer mesmo é “mais essencial” do que a linguagem, na medida em que ela é tomada como um dado (ente), então a pergunta precisa ser formulada de outro modo. GA65 (Casanova): 276
Como é que o seer se comporta em relação à linguagem? Mas mesmo assim a questão é ainda capaz de induzir em uma falsa interpretação, na medida em que aparece agora como mera inversão da relação anterior e a linguagem, por sua vez, é considerada como um dado, com o qual o seer entra em ligação. GA65 (Casanova): 276
Como é que o seer se comporta em relação à linguagem – o que está em questão aqui é: como emerge na essenciação do seer a essência da linguagem? Com isso, porém, uma resposta já não é antecipada: justamente que a linguagem emerge do seer? Mas toda e qualquer autêntica questão acerca da essência, determinada como projeto a partir do que precisa ser projetado, antecipa a resposta. GA65 (Casanova): 276
A essência da linguagem nunca pode ser determinada de outro modo senão por meio da denominação de sua origem. GA65 (Casanova): 276
Por isso, não se pode fornecer definições da essência da linguagem e declarar a questão acerca de sua origem irrespondível. GA65 (Casanova): 276
Emergir, contudo, significa: pertencer ao seer no sentido da questão por último colocada: como se essencia na essenciação do seer a linguagem? Que, contudo, essa ligação com o seer não seja em geral nenhuma exposição arbitrária, isso foi algo que a consideração prévia deixou claro. GA65 (Casanova): 276
Pois, em verdade, aquela dupla ligação metafísica (só que não pensada de volta à origem) da linguagem com o ente enquanto tal e com o homem (como animal rationale, ratio – fio condutor da interpretação do ente com vistas à entidade, isto é, o ser) não indica outra coisa senão: a linguagem está inteiramente ligada ao ser; e isso precisamente nos aspectos, segundo os quais a metafísica a determina. GA65 (Casanova): 276
A linguagem emerge do seer e pertence, por isso, a ele. GA65 (Casanova): 276
Mas agora precisamos pensar o seer de tal modo que nos lembremos aí ao mesmo tempo da linguagem. GA65 (Casanova): 276
Mas como é que devemos agora conceber “a linguagem”, sem nos atermos antecipadamente à determinação da essência que precisa ser primeiro conquistada? Segundo tudo aquilo que foi insinuado, naturalmente de tal modo que a linguagem se torne experimentável em sua ligação com o seer. GA65 (Casanova): 276
Como é, porém, que isso acontece? “A” linguagem é “nossa” linguagem; “nossa” não apenas como a linguagem materna, mas como a linguagem de nossa história. GA65 (Casanova): 276
E, com isso, se abate sobre nós o que há de derradeiramente questionável da meditação sobre “a” linguagem. GA65 (Casanova): 276
Pois toda meditação sobre o seer e sobre a linguagem é apenas um impulso prévio, para tocarmos nosso “posto” no próprio seer e, com isso, nossa história. GA65 (Casanova): 276
Mas mesmo se nós quisermos apreender nossa linguagem em sua ligação com o seer, o que há de mais corrente da determinação metafísica até aqui da linguagem se aferroa a esse questionamento, uma determinação da qual também não pode ser dito francamente que ela seria inteiramente não verdadeira; e isso sobretudo porque ela, porém, ainda que veladamente, tem em vista precisamente a linguagem em sua ligação com o seer (com o ente enquanto tal e com o homem que representa e pensa o ente). GA65 (Casanova): 276
Bem próximo do caráter enunciativo da linguagem (enunciado considerado aqui no sentido mais amplo possível, no sentido de que a linguagem, o dito e o não dito, visa a, representa, configura ou encobre de maneira representacional algo (o ente) etc.) GA65 (Casanova): 276
[…] é a linguagem conhecida como posse e como instrumento do homem e como “obra” ao mesmo tempo. GA65 (Casanova): 276Esse nexo da linguagem com o homem, porém, é considerado como sendo tão íntimo que até mesmo as determinações fundamentais do próprio homem (como animal rationale por sua vez) são escolhidas para tanto, a fim de caracterizar a linguagem. GA65 (Casanova): 276
A essência espiritual-corpóreo-anímica do homem é reencontrada na linguagem. GA65 (Casanova): 276
O corpo (vernáculo) da palavra, a alma da linguagem (tonalidade afetiva, tom sentimental e coisas do gênero) e o espírito da linguagem (o representado-pensado) são determinações correntes de toda filosofia da linguagem. GA65 (Casanova): 276
Essa interpretação da linguagem poderia ser denominada interpretação antropológica e ela tem seu ápice no fato de se ver na própria linguagem um símbolo da essência do homem. GA65 (Casanova): 276
Permanece em aberto até que ponto essa interpretação simbólica – pensada metafisicamente até o fim – da linguagem pode ser levada no pensar da história do ser para além de si e até que ponto algo frutífero pode nascer daí. GA65 (Casanova): 276
É inegável que, juntamente com aquilo que fornece na linguagem o Apolo para o fato de que ela pode ser concebida como símbolo do homem, se toca em algo que é de algum modo próprio à linguagem: o teor da palavra e a sua casca, a afinação da palavra e o significado da palavra, por mais que já pensemos uma vez mais no campo de visão dos aspectos que emergem da metafísica com vistas ao sensível, ao não sensível e ao suprassensível; e isso mesmo que não tenhamos em vista pela “palavra” as palavras particulares, mas o dizer e o silenciar do dito e não dito e esse não dito GA65 (Casanova): 276
É inegável que, juntamente com aquilo que fornece na linguagem o Apolo para o fato de que ela pode ser concebida como símbolo do homem, se toca em algo que é de algum modo próprio à linguagem: o teor da palavra e a sua casca, a afinação da palavra e o significado da palavra, por mais que já pensemos uma vez mais no campo de visão dos aspectos que emergem da metafísica com vistas ao sensível, ao não sensível e ao suprassensível; e isso mesmo que não tenhamos em vista pela “palavra” as palavras particulares, mas o dizer e o silenciar do dito e não dito e esse não dito mesmo. GA65 (Casanova): 276
A dependência dessa explicação e decomposição da linguagem em relação à concepção do homem é patente. GA65 (Casanova): 276
Se, então, porém, com a superação da metafísica, a antropologia também cai por terra, se a essência do homem é determinada a partir do seer, então aquela explicação antropológica da linguagem não pode mais permanecer normativa; ela perde aí seu fundamento. GA65 (Casanova): 276
Não obstante, agora permanece até mesmo em pleno poder aquilo que foi captado como corpo, como alma, como espírito da linguagem junto a essa explicação. GA65 (Casanova): 276
O que é isso? Pensando de maneira correspondente à história do ser, não podemos proceder agora simplesmente de um modo tal, que interpretemos a essência da linguagem a partir da determinação do homem em termos da história do ser? Não; pois sempre permanecemos com isso ainda presos na ideia de símbolo; antes de tudo, no entanto, não se estaria levando a sério assim a tarefa de ver a partir da essenciação do próprio seer a origem da linguagem. GA65 (Casanova): 276
Quando os deuses clamam pela terra e no clamor dos deuses ressoa um mundo, e quando, assim, o clamor ecoa como ser-aí do homem, então a linguagem se mostra como palavra histórica, como palavra formadora de história. GA65 (Casanova): 281
Linguagem e acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 281
Linguagem, quer falada quer silenciada, a primeira e a mais ampla antropomorfização do ente. GA65 (Casanova): 281
A linguagem se funda no silêncio. GA65 (Casanova): 281
E, assim, a linguagem é estabelecimento de medidas no que há de mais íntimo e mais abrangente, estabelecimento de medidas como re-essenciação da junta fugidia e de sua junção (acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 281
E uma vez que a linguagem é o fundamento do ser-aí, reside no ser-aí a comedida e, com efeito, como fundamento da contenda de mundo e terra. GA65 (Casanova): 281