GA65 – encobrimento (Verbergung, Unterscheidung)

Unterseheidung und KlärungLichtung und Verbergung

Em contrapartida, se perguntarmos sobre o seer, então o ponto de partida não se dará aqui a partir do ente, isto é, a partir a cada vez desse ou daquele ente, também não a partir do ente enquanto tal na totalidade, mas realizará o salto para o interior da verdade (CLAREIRA E ENCOBRIMENTO) (Unterscheidung und Klärung) do seer mesmo. Aqui se experimenta e se inquire ao mesmo tempo esse elemento que de antemão se essencia (e que reside abscondito mesmo na questão diretriz), a abertura para a essenciação enquanto tal, isto é, a verdade. Aqui se questiona concomitantemente a questão prévia acerca da verdade. E, na medida em que o seer é experimentado como o fundamento do ente, a questão assim formulada acerca da essenciação do seer é a questão fundamental. Da questão diretriz para a questão fundamental nunca há um caminho contínuo imediato, dotado de um mesmo sentido, que aplique uma vez mais ainda a questão diretriz (ao seer), mas apenas um salto, isto é, a necessidade de um outro início. Com certeza, em contrapartida, por meio da superação desdobradora da formulação da questão diretriz e de suas respostas enquanto tais, precisa ser criada uma transição, que prepara o outro início e o torna em geral visível e intuível. É a essa preparação da transição que serve Ser e tempo, isto é, a obra já se encontra propriamente na questão fundamental, sem desdobrar essa questão de maneira pura a partir de si inicialmente. (tr. Casanova; GA65: 34)

CLAREIRA E ENCOBRIMENTO (Lichtung und Verbergung), constituindo a essenciação da verdade, nunca podem, por isso, ser considerados como um transcurso vazio e como objeto do “conhecimento”, de uma representação. CLAREIRA E ENCOBRIMENTO são arrebatadores de maneira extasiante e voltam para o interior do próprio acontecimento apropriador. E onde quer que e até o ponto em que a aparência persiste de que haveria uma abertura vazia, em si realizável de uma acessibilidade imediata ao ente, aí o homem se encontra, então, apenas no campo prévio não mais e ainda nunca concebido do abandono, campo esse que restou e, assim, ainda se encontra deixado e mantido como resto de uma fuga dos deuses. (tr. Casanova; GA65: 120)

A verdade, portanto, nunca é apenas clareira, mas ela se essencia como encobrimento de maneira tão originária e íntima quanto a clareira. Os dois, CLAREIRA E ENCOBRIMENTO (Lichtung und Verbergung), não são dois, mas a essenciação do uno, da própria verdade. Na medida em que a verdade se essencia, a verdade vem a ser, vem a ser o acontecimento apropriador da verdade. Dizer que o acontecimento apropriador acontece apropriadoramente não significa outra coisa senão: que ele e apenas ele se torna verdade; isso que pertence ao acontecimento apropriador vem a ser, de tal modo que justamente a verdade se mostra essencialmente como verdade do seer. (tr. Casanova; GA65: 225)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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