GA63:31-32 — das Man – o a-gente

Kirchner

Por ora, a título de adiantamento, é possível dizer a respeito que o ser-aí possui seu caráter público e sua visão. O ser-aí move-se (fenômeno fundamental) num modo determinado de falar de si mesmo, ao que chamaremos de falação (termo técnico). Nesse falar “de” si mesmo está e reside o modo mediano e público pelo qual o ser-aí se toma e se conserva a si mesmo. Na falação está e reside uma compreensão prévia determinada, que o ser-aí possui de si mesmo: o “como isto ou aquilo” segundo o qual o ser-aí fala de “si”. Portanto, esta falação é o como em que uma determinada interpretação de si mesmo está à disposição do próprio ser-aí. Esta interpretação mesma não é algo que se acrescenta ao ser-aí, algo que se lhe adere ou dependura de fora, mas algo a que o próprio ser-aí chega por si mesmo, do qual vive, pelo qual é vivido (um como de seu ser) 1.

(40) Esta interpretação do hoje é melhor caracterizado na medida em que ela for experimentada justamente de modo não expressa, não presente; ela é um como do ser-aí pelo qual tudo é vivenciado. Justamente porque constitui o público como tal, a medianidade que está ali e que qualquer um pode entender facilmente, nada do que lhe ocorre passa desapercebido. A falação fala de tudo com uma peculiar falta de sensibilidade em relação às diferenças próprias. Enquanto é tal medianidade, o “mais próximo” sem perigo, o mais próximo enquanto a maior parte das vezes, o público constitui o modo de ser do “impessoal”: diz-se, ouve-se, conta-se, supõe-se, espera-se, concorda-se, que… A falação não pertence a ninguém, ninguém se responsabiliza pelo que foi dito de maneira impessoal.

São escritos até mesmo livros na base de se ter ouvido falar. Este “impessoal” é o “ninguém” que, como um fantasma, anda e acompanha o ser-aí fático, um como da fatalidade específica da faticidade, fatalidade à qual toda vida fática paga seu tributo.

A interpretação delimita de maneira difusa o âmbito a partir do qual o ser-aí mesmo coloca questões e exigências. A interpretação é o que dá ao “aí” do ser-aí fático o caráter de um estar orientado, o que delimita muito bem seu possível modo de ver e o alcance de sua visão. O ser-aí fala de si mesmo, vê-se a si mesmo deste ou daquele modo e, contudo, isso é apenas uma máscara pela qual ele se encobre, a fim de não espantar-se diante de si mesmo. Trata-se de uma prevenção “da” angústia. O que aparece para a visão é a máscara pela qual o ser-aí fático pode encontrar-se consigo mesmo, a máscara pela qual aparece diante de si como se “fosse”. Com esta máscara da interpretação pública o ser-aí apresenta-se como vivacidade mais elevada (ou seja, como uma indústria). (p. 39-40)

Aspiunza

van Buren

Original

  1. Riscado por Heidegger com a menção “muito cedo”.[↩]
  2. Öffentlichkeit, es decir, «lo que de público tiene»; en ese sentido «publicidad». (N. del T.)[↩]
  3. «Hablilla», en el sentido estricto de «cosa que se dice sin fundamento», simplemente porque se dice. Desde el punto de vista morfológico, das Gerede sería también «lo que ya se ha dicho antes», «lo ya-hablado»; de ahí, por cierto, el que vuelva a decirse. (N. del T.)[↩]
  4. A pesar de lo diferente de la formulación se está virtiendo lo que habitualmente llamamos «lo ya-interpretado», Ausgelegtheit. (N. del T.)[↩]
  5. Tachado por Heidegger con la apostilla de «demasiado pronto».[↩]
  6. Si bien lo normal sería decir estas oraciones impersonales con «se», ya que traducimos man por «uno» (véase nota 34 de la p. 36), para conservar la concordancia nos vemos obligados a verterlo de este modo. (N. del X)[↩]
  7. Betrieb: a más de «negocio», significa «ajetreo, actividad»; de ahí la apostilla. (N. del T.)[↩]
  8. Crossed out by H. with the remark “too soon.”[↩]
  9. Von H. durchgestrichen mit Zusatz »zu früh«.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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