GA61:84-85 – Categorias fundamentais da vida

Giachini

Enquanto nome e substantivo, a expressão vida possui igualmente um significado rico e autônomo, que queremos delinear em três perspectivas:

1) A vida significando unidade da sequência e temporalização dos dois modos de “viver” anteriormente mencionados, essa unidade em sua extensão total ou delimitada, em sua multiplicidade total ou parcial de execução e em sua respectiva originariedade ou distanciamento da origem (aversão à origem e inimizade frontal).

2) A vida, apreendida como essa unidade sequencial delimitada: ora, significando algo que, em sentido específico, carrega junto a si possibilidades, em parte temporalizada enquanto em si mesma e para si. A vida, da qual falamos que pode nos trazer tudo, que é imprevisível; e ela própria, algo que carrega e é em si mesma suas possibilidades, ela mesma como possibilidade (uma categoria que tem de ser apreendida de forma rigorosamente fenomenológica; desde o princípio nada tem a ver com possibilidade lógica ou apriórica).

3) A vida compreendida num significado onde 1 e 2 se entrelaçam mutuamente: a unidade da extensão na possibilidade e como possibilidade – que perdeu as possibilidades, carregada de possibilidades e carregando a si mesma, criando possibilidades – e tomar isso tudo como realidade, e quiçá realidade em sua intransparência específica como poder, destino. (98)

Nesses três significados substantivos há que se fixar as seguintes indicações estruturais, que têm uma mútua dependência: o caráter múltiplo da extensão, da unidade sequencial e da execução; a articulação como possibilidade, exposta à possibilidade, formulando possibilidade; ademais, como realidade, poder em sua intransparência, destino.

Nos significados verbais e nominais fixos da expressão “vida” pulsa agora, no círculo das direções de expressão indicadas, um sentido todo próprio que perpassa tudo: vida = Dasein, “Ser” na e através de vida. E é característico para esse sentido que, de maneira fraca e extraviada, na maioria das vezes apenas “pulsa”, e na maioria das vezes não se lhe dá ouvido. Donde, dedutivelmente, pode-se compreender que sua apropriação interpretativa filosófica fica fragmentária ou é impostada e resolvida ao modo de construção.

Esse sentido, nos nexos conjunturais de significado mencionados – na medida em que ele próprio o admite dentro do nível metodológico da atual consideração –, deve ser destacado, de tal modo, quiçá, que esse destaque deve ser conquistado em conjugação com uma articulação do fenômeno “vida”, fundamental e mais precisa, isto é, da condução da mirada na direção de algo que se faz co-presente no fenômeno “vida” como tal, que deve ser co-concebido nela mesma com sentido.

Arjakovsky et Panis

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress