GA61:17-19 – a definição [Definition]

É importante logo no começo da consideração conquistarmos o sentido originário de definição (ursprünglichen Sinn von Definition), do qual a usual ideia de definição não passa de um certo derivativo (Abkunft). Definitio: decisio, determinatio alicuius dicitur, quod tenendum e credendum declaratur, manifestatur et indicatur. A apreensão (Ergreifen) específica da definição! A definição completa não é meramente seu conteúdo (Gehalt), a frase (Satz)!

Em seu âmbito de validade (GeItungsbereich das Eigentümliche), a ideia usual de definição tem seu elemento específico no fato de que, na perspectiva da propensão de apreensão, central em tais âmbitos, ela determina própria e seguramente o objeto (Gegenstand); que se podem acrescentar até outros casos ilustrativos mais, mas que de princípio em nada mais contribuem.

Mas esse momento não pertence a toda definição; sim, existem precisamente aquelas definições que dão o objeto de forma indeterminada, e quiçá de tal forma justamente a realização compreensiva dessa definição toda própria leva (26) à possibilidade correta de determinação. São definições, as únicas que podem introduzir a determinação (Bestimmung) adequada plena; mas, na medida em que devem fornecer o primeiro impulso – se nos é permitido empregar uma imagem intempestiva –, direção, força de equipe e munição devem ser preparadas de modo correspondente, e o posicionamento do objeto deve ser anunciado de modo correspondente.

Se for exigido que se defina, por exemplo, fenomenologia, na maneira usual, então deve-se dizer: não há nenhuma definição no sentido usual e na filosofia em geral não há definições dessa natureza. Mas o interrogador que já de há muito se contentou com uma ideia acrítica e pouco clara de definição se afasta com um gesto de superioridade de uma filosofia que nem sequer pode definir o que ela é e de uma tal que infelizmente muitas vezes perambula pelo mundo asseverando que contemplaria “a essência de todas as coisas”.

Como todo e qualquer objeto, a filosofia como objeto possui seu modo próprio de um genuíno ser tomado; a cada objeto corresponde um determinado modo de acesso, de ater-se nele e de perdê-lo (Weise des Zugangs, des Sich-an-ihn-Haltens und des ihn Verlierens). (Esses últimos, em geral, não são vistos, e muito menos são impostados de modo adequado na problemática. Todavia são precisamente esses nos quais “usualmente” (gewöhnlich) nos movemos, são eles que perfazem o “costume” (Gewohnheit). Eles devem ganhar um significado principial (prinzipielle Bedeutung) na problemática a ser desdobrada (faticidade).) Nesses respectivos modos, que devem ser assinalados formalmente como os modos do ter (o perder é um certo como do ter (Wie des Habens)), a cada vez de acordo com o caráter do modo do ter (Weisen des Habens) ou do ser-o-que-como do objeto (Was-Wie-Seins des Gegenstandes) (do “ser”), certos modos de apreensão e determinação cognitivas (kenntnismäßigen Erfassens und Bestimmens), os modos da clarificação específica de cada experiência (Weisen des spezifischen Erhellens jeder Erfahrung), também desempenham um papel imanente.

Esses modos não são algo acrescentado ou colado, algo que acidental; ao contrário, o modo de ter a cada vez o objeto como ele próprio é uma interpelação do objeto (Ansprechen des Gegenstandes).

Em todo e qualquer ter como tal, de certo modo, “está em questão o objeto (Gegenstand)”. O autêntico ter (Haben) respectivo pode exigir nele mesmo uma fala expressa: pode deparar-se com a tarefa de, no como do ter, trazer expressamente “o discurso” (Rede), conduzir o discurso ao o-quê (Was) do objeto; essa tarefa é tal que ela própria surge a cada vez a partir de e numa situação do ter de objetos, numa situação de experiência fática do Dasein. (Formulado de forma existenciariamente radical: Origem da pesquisa fenomenológica das categorias!) Essa tarefa de assim interpelar o objeto e de forma determinada trazê-lo-ao-ter (Zum-Haben-Bringens), na abordagem e discussão, é a tarefa da definição: Propósito (Vorhabe).

O sentido formal de definição, portanto, é: determinar o objeto em seu ser-o-que-como (Was-Wie-Sein); determinar adequado à situação e à apreensão prévia, que lança mão tomando da experiência fundamental a ser conquistada, interpelando o objeto. (Aqui, não temos tempo para finezas literárias da linguagem nem para desenvolver “belas” fórmulas. Na própria determinação já foram assumidas “expressões”, que posteriormente deverão ser esclarecidas.)

Apresentou-se primariamente uma ideia de definição. Ela brota da interpretação fenomenologicamente radical do conhecer e, dependendo dos diversos nexos de conhecimento e de experiência, apresenta um sentido diverso. No modo que é colocada na formulação, a definição diz de princípio mais do que a definição debatida pela lógica que é apenas formalista.