GA5:7-8 – Tradução latina do grego

Borges-Duarte & Pedroso

Estas denominações [τό υποκείμενον e τα συμβεβηκότα] não são arbitrárias. Nelas fala aquilo que aqui já não se pode mostrar, a experiência grega fundamental do ser do ente no sentido da presença (Anwesenheit). Mas, mediante estas determinações, é fundamentada a concepção, desde então tornada canônica, da coisidade das coisas, implantando-se a concepção ocidental do ser do ente. Ela começa com a recepção das palavras gregas no pensamento romano-latino. υποκείμενον torna-se [GA5: 13] subiectum, ύπόστασις torna-se substantia; συμβεβηκός torna-se accidens. A tradução dos nomes gregos para a língua latina não é, de modo nenhum, um acontecimento sem consequências, como ainda nos nossos dias se julga ser. Pelo contrário: atrás da tradução (Übersetzung) aparentemente literal e, portanto, que preserva (o sentido), encobre-se um transpor (Übersetzen) da experiência grega para (15) um outro modo de pensar. O pensamento romano toma posse das palavras gregas sem uma experiência igualmente originária que corresponda àquilo que elas dizem, sem a palavra grega. O desterro [Bodenlosigkeit — falta de solo] do pensamento ocidental começa com esta tradução. (p. 15-16)

Brokmeier

Young & Haynes

Original

[Excerto de HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Coordenação Científica da Edição e Tradução Irene Borges-Duarte. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p. 15-16]

  1. Jeu de mot allemand : übersetzen = traduire ; übersetzen = faire passer d’une rive à l’autre (déplacement de l’accent tonique).[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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