GA55: Estrutura da Obra

A ORIGEM DO PENSAMENTO OCIDENTAL HERÁCLITO

Semestre de verão de 1943

Observação Preliminar – A filosofia como o pensamento próprio do a-se-pensar. A origem do pensamento “ocidental”

Introdução – Reflexão preparatória em torno do originário e da palavra

§1 Para introduzir a palavra de Heráclito, duas “estórias” a seu respeito

a) O pensamento de Heráclito na dimensão do fogo e da luta, e na proximidade do jogo

b) A palavra de Heráclito sob a proteção de Artemis

c) A obscuridade do pensador Heráclito

Repetição

1) A referência ao “fogo” e ao “jogo” em ambas as “estórias” sobre Heráclito

2) O a-se-pensar sob os sinais de Artemis: arco, lira e tocha. A obscuridade do pensador

§2 A palavra na origem do pensamento

a) A “obscuridade” do pensamento essencial: o encobrimento essencial do a-se-pensar (ser)

b) O contrário essencial e o pensamento dialético. A linguagem inadequada da dialética

c) A configuração em que nos foi transmitida a palavra de Heráclito e a discussão dos fragmentos desde a experiência do a-se-pensar

Repetição

Sobre o problema do mesmo (Selbigkeit) que se pensa no pensamento originário e no pensamento moderno.

A palavra transmitida do pensamento originário (Heráclito) e a dialética

Parte Principal – A verdade do ser

§3 A origem que constitui originariamente o a-ser-pensado. Fragmento 16

a) Observação acerca da tarefa de tradução

b) A questão do que “nunca declina” e sua relação essencial com o “encobrimento”

c) O caráter morfológico da palavra legada to dynon e a sua discussão através da questão orientadora do pensamento metafísico (Aristóteles)

d) Reflexão explícita em tomo das palavras “ser” e “é”

Repetição

1) Tradução e interpretação. A necessidade de uma compreensão mais original a partir da inquietação que se experimenta no Mesmo

2) O “declinar”, pensado no modo grego, e a questão da essência da sua palavra

3) Esclarecimento do to dynon através das articulações morfológicas da questão orientadora do pensamento metafísico (Aristóteles, Platão). Sobre o problema da interpretação recondutora: os pensadores originários e o início posterior da metafísica

4) O caráter morfológico do on. A primazia do significado verbal frente ao nominal (participial)

§4. As palavras fundamentais do pensamento originário (physis, zoe). Sua relação com o pensamento metafísico e o pensamento do ser

a) A indigência característica do dizer que pensa originariamente na construção to me dynon pote e sua transformação em “o surgimento incessante” (phyein). Sobre a palavra physis no pensamento originário e o conceito de “natureza”. Referência: fragmento 123

b) As palavras fundamentais physis e zoe na sua transformação. Sobre o significado essencial de zen e zoe, no pensamento originário, como superação do conceito de vida na tradição metafísica. Referência ao fragmento 30

c) A violência da transformação e a consideração explicitada negação

Repetição

1) O me dynon pote de Heráclito pensado originariamente e o on da metafísica

2) O significado originário e intocado da physis como “puro surgimento” e a sua proximidade essencial de zoe. A proximidade essencial entre “vida” e “ser” em aeizoon (fragmento 30). Recusa das interpretações metafísicas do conceito de vida

§5 Exposição do nexo essencial entre surgimento e declínio. Fragmento 123

a) A “contradição” entre surgir e declinar. O fracasso da lógica e da dialética frente a essa “contradição”

b) A imobilidade do pensamento comum diante do “incompatível” e o salto para o pensamento essencial. Apreensão das traduções filológicas como fuga da exigência mobilizadora do fragmento

Repetição

Sobre a relação essencial entre surgimento e declínio. Recusa das interpretações lógicas (dialéticas)

§6 Surgimento e declínio. O favor (phylia) enquanto garantia recíproca de sua essência. Referência aos fragmentos 35 e 32

a) Surgimento (physis), favor (phylia) e encobrimento (kryptesthai)

b) A philia, favor, propiciação como a relação vigorosa, essencial e recíproca entre surgimento e declínio (encobrimento). physis como a essência do favorecimento (philia) do surgimento e seu encobrir-se

§7 A physis enquanto junção essencial (harmonia) de surgimento e declínio (encobrimento) na propiciação recíproca de sua essência. Referência ao Mesmo no surgimento e no declínio. Fragmentos 54, 8 e 5

a) O inaparente da junção da physis é o próprio de sua abertura. O vigor originariamente nobre do puro surgimento

b) A tensão dos contrários como momento essencial da junção. Sobre a dificuldade de se pensar a tendência contrária numa unidade com a junção: a diferença entre o pensamento comum e o essencial. A junção da physis e os sinais de Artemis (arco e lira). Referência ao fragmento 9

c) A incompetência da lógica (dialética) diante da junção pensada na physis. O significado ambíguo da physis e o “privilégio” questionável do surgimento

§8 A essência da physis e a verdade de ser. A physis na perspectiva do fogo e do cosmo. A aletheia pensada no me dynon pote (physis) enquanto des-cobrimento para o desencobrimento de ser. Fragmentos 64, 66, 30 e 124

a) O fogo e o raio como des-envolvimento da claridade. O cosmo enquanto junção habilidosa e inaparente, e o arranjo originário. O mesmo no fogo e no cosmo: acender e clarear o amplo, em sua doação de medida

b) A aletheia como fundamento e origem essencial da physis. A relação essencial do desencobrimento com o encobrimento na physis, pensada originariamente. A aletheia como desencobrimento do encobrimento

c) Sobre a escuta e o dizer do ser no pensamento originário: o logos e o sinal. O sinal de Apolo como o assinalamento da physis. Fragmento 93. Sobre a verdade e a palavra do ser na história ocidental

LÓGICA A DOUTRINA HERACLÍTICA DO LÓGOS

Semestre de verão de 1944

Nota Preliminar

Primeira Seção – Lógica: o nome e a coisa

§1 O título “Lógica”

a) A lógica do pensamento e a lógica das coisas

b) episteme e techne na relação com o sentido moderno de ciência e técnica

Repetição

1) A recíproca mutualidade de pensamento e coisa. Lógica, pensamento puro e reflexão

2) Recondução ao contexto grego de nomeação dos termos: episteme logike. episteme e techne

§2 Lógica, episteme, techne. O parentesco significativo entre episteme e techne. Indicativos do nexo questionável entre pensamento e lógica

a) techne, physis e episteme. techne (produzir, proceder), physis (surgir de si mesmo) e sua relação com o desencobrimento. Recusa da interpretação de techne e episteme como distinção entre teoria e prática

b) A lógica como episteme logike em conexão com a episteme physike e ethike. Sobre o predomínio da reflexão

Repetição

1) Lógica como reflexão sobre a reflexão sem condicionamento às coisas. A respeito do poder da auto-reflexão da subjetividade e do pensamento (Rilke, Hölderlin)

2) episteme logike, physike, ethike

c) logos e êthos. A função universal do logos como ratio e razão nas determinações da essência humana e sua plenitude consequente na “vontade de poder” (Nietzsche)

3) Acerca do predomínio da reflexão e da subjetividade. A questão da profundidade do pensamento puro e da re-virada (Rilke, Hölderlin)

4) A lógica como doutrina do enunciado (conceito, juízo, conclusão). logos, ratio, razão: sobre o significado universal da lógica na determinação essencial do homem. A equiparação de pensamento e lógica como origem do destino ocidental

§3 Lógica e logos. A disciplina e a coisa. A lógica e a metafísica ocidental

a) A proveniência da tripartição de lógica, física e ética enquanto disciplinas da filosofia e o destino da metafísica ocidental

b) A lógica como impedimento do desdobramento essencial do logos

Repetição

O predomínio da disciplina sobre a coisa e a lógica como essência nuclear da filosofia ocidental, assumida como metafísica

Segunda Seção – O afastamento do logos originário e o caminho de acesso

§4 Preparação para a escuta do logos

a) Sobre o significado de logos como discurso, palavra e enunciado. Necessidade de um questionamento renovado do significado originário do logos

b) O acesso à possibilidade de escutar o logos. A escuta obediente do logos enquanto iniciação no saber propriamente dito. Fragmento 50. A questão da compreensão originária (homologia). Referência aos fragmentos 32 e 112

Repetição

1) O logos como enunciado sobre o ente através da ideia (eidos) e as categorias no pensamento meta-físico (Platão, Aristóteles, Kant)

2) Retorno pelo logos enquanto enunciado ao logos pré-metafísico. Fragmento 50

§5 Três caminhos para responder à pergunta — o que é logos?

a) Primeiro caminho: O logos como tudo e um. O acesso ao logos como ser, através do hen panta einai no fragmento 50

b) Segundo caminho: o acesso ao logos através do sentido originário de legein. O logos como colheita e coleta

Repetição

1) Reconsideração mais abrangente do logos no horizonte da doutrina metafísica das ideias e da essência pré-metafísica do logos, a ser pensada como nomeação do ser

c) Terceiro caminho: O acesso pelo logos da psyche. Fragmento 45. A questão do homologein

Repetição

2) Reconsideração dos fragmentos 50 e 45. O logos enquanto o uno reunidor, que dá notícia de si mesmo, e o sentido originário das palavras logos e legein. O logos como a coletividade que confere e resguarda origem

§6 A presença ausente do logos para o homem e os indicativos do campo não objetivo do logos originário

a) A consonância entre os fragmentos 50 e 45. A relação homológica da alma a “o logos”. O homologein como recolhimento na coletividade originária do logos do ser

Repetição

1) O logos da psyche enquanto coleta da coleta resguardadora e originária de tudo. A recusa de concepções psicológicas. Fragmentos 45 e 50. Referência aos fragmentos 101 e 116

2) Reconsideração sobre a consonância dos fragmentos 50 e 45

a) A tomada inspiradora do logos da psyche enquanto remissão aos entes na sua totalidade. A presença ausente do logos para o homem

b) A relação discrepante do homem com o ente e com o ser: a vigência esquecida, velada do ser no uso cotidiano de logos. Fragmento 72. Referência aos fragmentos 16, 45, 50, 101, 43, 118, 30, 64

c) A aparente contradição entre o logos entendido como recolhimento e “separação”. Fragmento 108. O panton kechorismenon enquanto determinação distintiva, a-se-pensar, do logos enquanto hen panta e a contréa não objetiva do logos

d) O logos enquanto contréa do presente, na qual e a partir da qual tudo vigora e desvigora. A diferença originária entre ser e ente

Repetição

3) O desdobramento discrepante de voltar-se para e voltar-se contra enquanto constitutivo da relação do homem com o ser e o ente. A fissura em dois no desdobramento e a predominância relacionai dos logoi. Fragmento 72. Referência aos fragmentos 50 e 108

Terceira Seção – Retorno à contréa originária da lógica

§7 Esclarecimento do ser, pensado originariamente como o que deve se tornar experiência. Fragmentos 108,41, 64, 78, 119, 16, 115, 50,112

a) O “conselho que tudo dirige” e a junção (harmonia) da coletividade originária, gnome e logos enquanto o uno reunidor no presente conselheiro e aconselhador da coletividade e seu resguardo originário

b) Reconsideração do homologein da psyche e a interpretação do engrandecimento do logos humano enquanto demora recolhedora no presente do logos originário

c) O saber, o verdadeiro (desencoberto) e o logos. O recolhimento descobridor do encoberto no desencobrimento, que se cumpre no logos verdadeiro enquanto essência do saber (sophia). O ânimo extravagante e o ânimo gracioso do logos

§8 O homem, o logos, a essência e a verdade do ser. Comentário final do fragmento 112

a) O logos como hen panta: o presente originariamente recolhedor. Sobre a mesmidade de logos e ser. O homem como guardador da verdade do ser e a relação do ser com os homens: o ânimo do acontecimento-apropriador (Ereignis)

b) Resumo das indicações e dimensões em que se deve pensar a essência originária e não desdobrada do logos. A verdade do ser e o destino do pensamento metafísico

Suplemento