GA54:31-32 – significações fundamentais das palavras

Wrublevski

Na tentativa de sondar as significações fundamentais das palavras e das palavras fundamentais, frequentemente nos deixamos orientar por representações inadequadas acerca da linguagem em geral, o que contribui para os juízos correntes e equivocados sobre a pesquisa em relação aos significados fundamentais. Não devemos pensar que as palavras fundamentais de uma linguagem possuiriam, originariamente, um significado fundamental puro e este viria a se perder e desfigurar com o passar do tempo. O significado fundamental e proveniente da raiz permanece, nesta perspectiva, oculto, e aparece somente nas assim chamadas “derivações”. Mas esta teoria já nos conduz a uma errância, pois pressupõe, justamente, que existiria em si o “puro significado fundamental”, do qual, então, outros significados seriam “derivados”. Essas representações errôneas, que (40) dominam ainda hoje nas ciências da linguagem, têm sua origem no fato de que a primeira reflexão sobre a linguagem, sobre a gramática grega, tenha se desenvolvido sob a guia da “lógica”, isto é, da teoria das sentenças declarativas, como teoria de proposições. De acordo com essa teoria, proposições são formadas de palavras, e as palavras designam “conceitos”. Estes últimos indicam o que é representado “em geral” na palavra. Este “geral” do conceito é, portanto, considerado como “o significado fundamental”. As “derivações” são particularizações do geral.

Quando, porém, em nossa investigação buscamos pensar o significado fundamental, somos guiados por uma compreensão completamente diversa da palavra e da linguagem. Entender que operamos uma, assim chamada, “filosofia de palavras”, a qual elabora cada coisa a partir do mero significado verbal, é, certamente, não apenas uma opinião muito cômoda, mas, também, uma visão muito superficial, de tal modo que não pode ser caracterizada senão como opinião falsa. O que chamamos de significado fundamental das palavras é o seu originário, que não aparece primeiro, mas por último, e que, também, nunca se mostra como uma formação separada, um exemplar que poderíamos representar como algo em si mesmo. O assim chamado significado fundamental vige escondido em todos os modos de dizer da respectiva palavra fundamental.

Schuwer & Rojcewicz

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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