GA5:321-322 – ver – memória – saber

Borges-Duarte

O vidente é aquele que já viu o todo do que está presente no seu estar-presente; dito em latim: vidit; em alemão: er steht im Wissen [“ele está no saber”]. Ter visto é a essência (Wesen) do saber. No ter visto, sempre já entrou em jogo uma outra coisa diferente da execução de um (406) processo óptico. No ter visto, a relação com o-que-está-presente é anterior a todo o tipo de apreensão sensível e não-sensível. É a partir daí (dessa relação anterior) que o (322) ter visto está relacionado com o estar-presente que clareia.

O ver não se determina a partir do olho, mas sim a partir da clareira do ser. A insistência (Inständigkeit)1 nela é a estrutura de todos os sentidos humanos. O estar-a-ser como ter visto é o saber. Este mantém a vista. Recorda o estar-presente. O saber é a memória do ser. E por isso que Μνημοσύνη é a mãe das Musas. O saber não é a ciência no sentido moderno. O saber é a preservação a descoberto do domínio do ser que se preserva a descoberto (das Gewahren der Wahmis des Sems). (p. 405-406)

Cortés & Leyte

Brokmeier

Young & Haynes

Original

  1. N.T. Inständigkeit é o termo que Heidegger passa a utilizar — a partir de GA31 — para designar aquilo que, em Sein und Zeit, é designado por Existenz como autenticidade (como viver constantemente comprometido com a Entschlossenheit, com a decisão que abre ao Dasein como tal). A tradução por “insistência” pretende dar a ideia de um empenho persistente na abertura ao Dasein como tal e no seu todo.[↩]
  2. N. de los T: Expresión que significa ‘ser sabedor de algo’, ya que «Wissen» es ‘saber’.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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