GA40:201-202 – substrato, subjacente, hypokeimenon

Carneiro Leão

Esse acontecimento da transformação da re-velação pela dis-torção em não-distorção e dessa em correção deve ser considerado conjuntamente com a transformação da physis em idea, do logos, como reunião, no logos, como enunciado. No fundo disso tudo se elabora, então, para o próprio Ser, aquela interpretação definitiva, que a palavra ousia solidifica e consolida. Ela pensa o Ser no sentido da apresentação constante, de objetividade dada (Vorhandenheit). Em consequência, o ente, em sentido próprio, é então o sempre-ente, aei on. Constantemente presente, porém, é aquilo a que, de antemão, em toda apreensão e elaboração temos sempre de recorrer e retornar, o modelo, a idea. Constantemente presente é aquilo a que em todo logos, (enunciar), temos sempre de remontar como o substrato já, desde sempre, subjacente, o hypokeimenon, subjectum. Do ponto de vista da physis, do surgir e nascer, o substrato já sempre subjacente é o proteron, o anterior, o a priori.

Essa determinação do ser do ente caracteriza a maneira em que o ente se contrapõe a todo apreender e enunciar. O hypokeimenon é o precursor da interpretação posterior do ente, como objeto. A percepção, o noein, é absorvido pelo Logos no sentido de enunciado. E assim se chega àquela percepção que, ao determinar algo como algo, percebe (durchvernimmt) por através do que lhe vem ao encontro, dianoeisthai. Essa percepção predicativa por através de, dianoia, é a determinação essencial do entendimento, no sentido da representação judicativa. A percepção torna-se entendimento, a percepção se faz razão. [GA40CL:211]

Kahn

Fried & Polt

Original

  1. Gegenstand (object) etymologically means “that which stands against.”[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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