GA36-37:192-193 – bom [agathos]

Carneiro Leão

Ao perguntar o que a ideia suprema é em seu conteúdo e o que significa o bem, temos de nos desfazer de toda e qualquer representação sentimental, mas também de concepções tais como a que se tornou corriqueira através da moral cristã e, depois, na ética secularizada. ἀγαθός, bom, não tem, em sua origem, nenhuma significação moral.

O bem, para um grego, não é oposto ao mal ou, menos ainda, ao “pecaminoso”. Só há pecado onde houver fé cristã. Mas também o bem não é para ser compreendido no sentido atenuado, tal como: “é um bom homem” (mas um mau músico) num sentido inocente que as tias usam.

ἀγαθός é, quando dizemos, após uma discussão: está bem, a coisa vai ser feita (após uma decisão). O bom é o que impõe, se mantém, suporta, o que presta. Um par de bons esquis, pranchas que suportam peso. É o que requer e exige a suprema decisão, e a maior seriedade e nitidez da presença.

É sem esperança alguma pretender compreender a essência do bem a partir e pelo conceito cristão, mesmo que seja para dar um passo no sentido de compreender o conteúdo designado.

O significado da ideia do bem tem todo um outro sentido. Queremos examinar e percorrer o próprio Platão e perguntar o que é que ele, por sua vez, admite sobre o bem como a ideia suprema. Na próxima preleção vamos entrar no trecho final do livro VI (A República), a fim de esclarecer o sentido em que a essência da verdade e a ideia suprema, e com isso a essência do bem, convergem e coincidem.

Fried & Polt

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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