Português
Percorrendo as diversas etapas da instauração kantiana, descobrimos como esta alcançou finalmente à imaginação transcendental que se revela ser o fundamento da possibilidade intrínseca da síntese ontológica, quer dizer da transcendência. Quando se constatou este fundamento e o explicitou-se originalmente como temporalidade, tem-se verdadeiramente o resultado da instauração kantiana? Ou a instauração kantiana conduz ainda a outra coisa? Se quisemos nos satisfazer de constatar o dito resultado, não haveria necessidade de perseguir com tanta aplicação o devir interno da instauração do fundamento em cada uma de suas etapas sucessivas. Bastaria citar os textos relativos à função central da imaginação transcendental na Dedução transcendental e no Esquematismo transcendental. Se no entanto o resultado não consiste em saber que a imaginação transcendental constitui o fundamento, que outro resultado daria então a instauração do fundamento?
Se o resultado da instauração do fundamento não reside na sua conclusão literal, devemos nos demandar aquilo que o devir mesmo da instauração revela para o problema do fundamento da metafísica. Então o que se realiza na instauração kantiana? Isto: fundar a possibilidade intrínseca da ontologia denota ser um desvelamento da transcendência, quer dizer da subjetividade do sujeito humano.
A questão da essência da metafísica é a questão da unidade das faculdades fundamentais do “espírito” humano. A instauração kantiana faz descobrir que fundar a metafísica é uma interrogação sobre o homem, é antropologia.
Mas, quando de uma primeira tentativa de apreender mais originalmente a instauração kantiana (Cf. § 26, p. 185 sqq.), a redução à antropologia não fracassou? Sem dúvida, pois que foi demonstrado que as explicações fornecidas pela antropologia, relativamente ao conhecimento e a suas duas fontes, são desveladas de uma maneira mais original pela Crítica da Razão Pura. Mas decorre daí apenas que a antropologia apresentada de fato por Kant é uma antropologia empírica e não uma antropologia satisfazendo às exigências da problemática transcendental, quer dizer uma antropologia pura. Aliás a necessidade de uma “antropologia” adequada, quer dizer “filosófica”, torna-se mais que urgente para a instauração do fundamento da metafísica.
Que o verdadeiro resultado da instauração kantiana do fundamento resida na apreensão da ligação necessária entre a antropologia e a metafísica, é o que atestam sem equívoco possível as próprias declarações de Kant. A instauração kantiana do fundamento da metafísica visa fundar a “metafísica em sua meta ultima”, quer dizer a metaphysica specialis, à qual pertencem três disciplinas: a cosmologia, a psicologia e a teologia. A instauração, enquanto é uma crítica da razão pura, deve compreender estas últimas segundo sua essência intrínseca, se realmente se quer apreender em sua possibilidade e seus limites a metafísica como “disposição natural do homem”. A essência fundamental da razão humana manifesta-se nos “interesses” que, enquanto razão humana, a preocupam constantemente. “Todo interesse de minha razão (especulativa assim como prática) está contido nestas três questões:
“1) Que posso saber?
2) Que devo fazer?
3) Que me é permitido esperar?” (A 804 sq., B 832 sq. (trad. cit., p. 625).)
Ora estas três questões são aquelas que se designam como objeto às três disciplinas da metafísica propriamente dita, quer dizer da metaphysica specialis. O saber humano concerne a natureza, quer dizer aquilo que é dado o mais amplo significado do termo (cosmologia); a atividade do homem concerne sua personalidade e sua liberdade (psicologia); enfim sua esperança se concentra sobre a imortalidade com beatitude, quer dizer como união com Deus (teologia).
Estes três interesses originais determinam o homem, não enquanto um ser natural mas enquanto “cidadão do mundo”. Formam o objeto da filosofia “considerada sob sua dimensão cosmopolita” (in weltbürgerlicher Absicht), quer dizer que definem o campo da verdadeira filosofia. Eis porque kant diz na introdução a seu curso de lógica, desenvolvendo o conceito da filosofia: “O campo da filosofia, segundo esta significação cosmopolita, se deixa conduzir pelas seguintes questões:
“1) Que posso saber?
2) Que devo fazer?
3) Que me é permitido esperar?
4) Que é isto o homem? (Oeuvres (Cass.), VIII, p. 343.)
Uma quarta questão se acrescenta aqui às três questões já citadas. Mas não é preciso pensar que esta questão relativa ao homem só exteriormente aditada às três primeiras e é portanto supérflua, se se considera que a psychologia rationalis, enquanto disciplina da metaphysica specialis, já trata do homem?
No entanto Kant não acrescentou simplesmente esta quarta questão às três primeiras, pois disse: “No fundo, se poderia por tudo isto por conta da antropologia posto que as três primeiras questões relacionam-se à quarta.” (Op. cit., p. 344 – sublinhado por Heidegger)
E por aí Kant enunciou sem equívoco o resultado autêntico de sua instauração do fundamento da metafísica. Por aí também, a tentativa de repetir a instauração recebe uma indicação precisa da tarefa que lhe incumbe. Sem dúvida, Kant não menciona a antropologia que de uma maneira muito geral. No entanto depois do que foi dito acima, é fora de dúvida que só uma antropologia filosófica é capaz de assumir a instauração do fundamento da verdadeira filosofia, da metaphysica specialis. Não se deve concluir que uma repetição da instauração kantiana tomará para tarefa específica, o desenvolvimento sistemático de uma “antropologia filosófica” e que portanto a ideia desta deverá a princípio ser determinada?
Waelhens et Biemel
En parcourant les diverses étapes de l’instauration kantienne, nous avons découvert comment celle-ci aboutit finalement à l’imagination transcendantale qui se révèle être le fondement de la possibilité intrinsèque de la synthèse ontologique, c’est-à-dire de la transcendance. Lorsqu’on a constaté ce fondement et qu’on l’a explicité originellement comme temporalité, tient-on vraiment le résultat de l’instauration kantienne? Ou l’instauration kantienne conduit-elle encore à autre chose? Si nous avions voulu nous satisfaire de constater le résultat susdit, il n’aurait pas été besoin de poursuivre avec tant d’application le devenir interne de l’instauration du fondement en chacune de ses étapes successives. Il aurait suffi de citer les textes relatifs à la fonction centrale de l’imagination transcendantale dans la Déduction transcendantale et le Schématisme transcendantal. Si cependant le résultat ne consiste pas à savoir que l’imagination transcendantale constitue le fondement, quel autre résultat donnerait donc l’instauration du fondement?
Si le résultat de l’instauration du fondement ne réside pas dans sa conclusion littérale, nous devons nous demander ce que le devenir même de l’instauration révèle pour le problème du fondement de la métaphysique. Qu’est-ce donc qui s’accomplit dans l’instauration kantienne? Ceci : fonder la possibilité intrinsèque de l’ontologie s’avère être un dévoilement de la transcendance, c’est-à-dire de la subjectivité du sujet humain.
La question de l’essence de la métaphysique est la question de l’unité des facultés fondamentales de l’« esprit » humain. L’instauration kantienne du fondement fait découvrir que fonder la métaphysique est une interrogation sur l’homme, est anthropologie.
Mais, lors d’une première tentative de saisir plus originellement l’instauration kantienne 1, la réduction à l’anthropologie n’a-t-elle pas échoué? Sans doute, puisqu’il a été montré que les explications fournies par l’anthropologie, relativement à la connaissance et à ses deux sources, sont dévoilées d’une manière plus originelle par la Critique de la Raison pure. Mais il suit seulement de là que l’anthropologie présentée en fait par Kant est une anthropologie empirique et non une anthropologie satisfaisant aux exigences de la problématique transcendantale, c’est-à-dire une anthropologie pure. Aussi bien la nécessité d’une « anthropologie » adéquate, c’est-à-dire « philosophique », n’en devient-elle que plus pressante pour l’instauration du fondement de la métaphysique.
Que le véritable résultat de l’instauration kantienne du fondement réside bien dans la saisie du lien nécessaire entre l’anthropologie et la métaphysique, c’est ce qu’attestent sans équivoque possible les déclarations mêmes de Kant. L’instauration kantienne du fondement de la métaphysique vise à fonder la «métaphysique en son but ultime », c’est-à-dire la metaphysica specialis, à laquelle appartiennent trois disciplines : la cosmologie, la psychologie et la théologie. L’instauration, en tant qu’elle est une critique de la raison pure, doit comprendre ces dernières selon leur essence intrinsèque, si réellement on veut saisir en sa possibilité et ses limites la métaphysique comme « disposition naturelle de l’homme ». L’essence fondamentale de la raison humaine se manifeste dans les « intérêts » qui, en tant que raison humaine, la préoccupent constamment. « Tout intérêt de ma raison (spéculatif aussi bien que pratique) est contenu dans ces trois questions :
« 1° Que puis-je savoir?
« 2° Que dois-je faire?
« 3° Que m’est-il permis d’espérer ? »2
Or, ces trois questions sont celles que l’on assigne comme objet aux trois disciplines de la métaphysique proprement dite, c’est-à-dire de la metaphysica specialis. Le savoir humain concerne la nature, c’est-à-dire ce qui est donné au sens le plus large du mot (cosmologie); l’activité de l’homme concerne sa personnalité et sa liberté (psychologie); enfin son espoir se concentre sur l’immortalité comme béatitude, c’est-à-dire comme union avec Dieu (théologie).
Ces trois intérêts originels déterminent l’homme, non pas en tant qu’il est un être naturel mais en tant que « citoyen du monde ». Ils forment l’objet de la philosophie « considérée sous sa dimension cosmopolitique » [in weltbürgerlicher Absicht], c’est-à-dire qu’ils définissent le champ de la philosophie véritable. Voilà pourquoi Kant dit dans l’introduction à son cours de logique, en développant le concept de la philosophie : « Le champ de la philosophie, selon cette signification cosmopolitique, se laisse ramener aux questions suivantes :
« 1° Que puis-je savoir?
« 2° Que dois-je faire?
« 3° Que m’est-il permis d’espérer?
« 4° Qu’est-ce que l’homme ? »3
Une quatrième question s’ajoute ici aux trois questions déjà citées. Mais ne faut-il pas penser que cette question relative à l’homme n’est qu’extérieurement adjointe aux trois premières et est donc superflue, si l’on considère que la psychologia rationalis, en tant que discipline de la metaphysica specialis, traite déjà de l’homme?
Cependant Kant n’a pas simplement ajouté cette quatrième question aux trois premières, car il dit : « Au fond, on pourra mettre tout ceci au compte de l’anthropologie puisque les trois premières questions se l’apportent à la quatrième. »4
Et par là Kant a énoncé sans équivoque le résultat authentique de son instauration du fondement de la métaphysique. Par là aussi, la tentative de répéter l’instauration reçoit une indication précise de la tâche qui lui incombe. Sans doute, Kant ne mentionne-t-il l’anthropologie que d’une façon très générale. Cependant après ce qui a été dit plus haut, il est hors de doute que seule une anthropologie philosophique est capable d’assumer l’instauration du fondement de la véritable philosophie, de la metaphysica specialis. N’en faut-il pas conclure qu’une répétition de l’instauration kantienne prendra pour tâche spécifique, le développement systématique d’une « anthropologie philosophique » et que donc l’idée de celle-ci devra d’abord être déterminée?
Ibscher Roth
Al recorrer una a una las etapas de la fundamentación kantiana, resultó que ésta daba por fin con la imaginación trascendental como fundamento de la posibilidad interna de la síntesis ontológica, es decir, de la trascendencia. Ahora bien, ¿es esta verificación del fundamento, o sea su interpretación más originaria como temporalidad, el resultado de la fundamentación kantiana? ¿O resulta de dicha fundamentación algo diferente? Para verificar el resultado mencionado no se necesitaba, en efecto, el esfuerzo de exponer tan detalladamente el desenvolvimiento interno de la fundamentación en cada uno de los pasos sucesivos. Bastaba con citar los pasajes relativos a la función central de la imaginación trascendental en la deducción trascendental y en el esquematismo trascendental. Ahora bien, si el resultado no consiste en saber que la imaginación trascendental constituye el fundamento ¿qué otro resultado debe dar entonces la fundamentación?
Si el resultado de la fundamentación no consiste en su «conclusión», hay que preguntarse por lo que revela el devenir mismo de la fundamentación para el problema del fundamento de la metafísica. ¿Qué es lo que sucede en la fundamentación kantiana? Nada menos que esto: se funda la posibilidad interna de la ontología como una revelación de la trascendencia, es decir, de la subjetividad del sujeto humano.
La pregunta por la esencia de la metafísica es la pregunta por la unidad de las facultades fundamentales del «espíritu» humano. La fundamentación kantiana revela lo siguiente: fundar la metafísica es igual a preguntar por el hombre, es decir, es antropología.
¿Pero acaso al hacer el primer intento de aprehender más originariamente la fundamentación kantiana no se desechó su reducción a la antropología? Sin duda, pues se mostró que todo lo que la antropología ofrece en materia de interpretación del conocimiento y de sus dos fuentes había sido revelado, en forma más originaria, precisamente por la Crítica de la razón pura. Pero, por el momento, sólo se concluye de esto que la antropología desarrollada por Kant es una antropología empírica y no una antropología que satisfaga la problemática trascendental, es decir, una antropología «pura». Este hecho acentúa precisamente la necesidad de una antropología satisfactoria, es decir, «filosófica», para los fines de la fundamentación de la metafísica.
Las propias palabras de Kant sirven, sin duda alguna, para comprobar que el resultado de la fundamentación kantiana consiste en la comprensión de la conexión necesaria entre la antropología y la metafísica. La fundamentación kantiana de la metafísica tiende a fundar «la metafísica en su finalidad última», es decir, la metaphysica specialis, de la que forman parte las tres disciplinas: cosmología, psicología y teología. Pero esta fundamentación, como crítica de la razón pura, debe comprender estas últimas según su esencia interna, si se debe comprender la metafísica como «disposición natural del hombre» en sus límites y en su posibilidad. La esencia interior de la razón humana se manifiesta en aquellos intereses que la mueven siempre, en tanto es humana. Todo interés de mi razón (tanto lo especulativo como lo práctico) se resume en las tres preguntas siguientes:
1) ¿Qué puedo saber?
2) ¿Qué debo hacer?
3) ¿Qué me es permitido esperar?
Estas tres preguntas son las que se han asignado a las tres disciplinas de la metafísica propiamente dicha, es decir, a la metaphysica specialis. El saber humano se refiere a la naturaleza en el sentido más amplio de lo ante los ojos (cosmología), el hacer [Tun] es la actividad [Handeln] del hombre y concierne a su personalidad y libertad (psicología), el esperar tiende a la inmortalidad como felicidad, es decir, hacia la unión con Dios (teología).
Estos tres intereses originales determinan al hombre, no como ser natural, sino como «ciudadano del mundo». Constituyen el objeto de la filosofía «de intención cosmopolita», es decir, constituyen el campo de la filosofía propiamente dicha. Por eso dice Kant en la introducción a su curso de lógica, donde desarrolla el concepto de la filosofía en general: El campo de la filosofía en este sentido cosmopolita se deja resumir en las siguientes preguntas:
1) ¿Qué puedo saber?
2) ¿Qué debo hacer?
3) ¿Qué me es permitido esperar?
4) ¿Qué es el hombre?
Surge aquí una cuarta pregunta, que se agrega a las tres ya mencionadas. Pero esta cuarta pregunta acerca del hombre ¿no queda como agregada exteriormente a las otras tres y como superflua, por lo tanto, si se considera que la psychologia rationalis, como disciplina de la metaphysica specialis, trata ya del hombre?
Pero Kant no añade simplemente esta cuarta pregunta a las tres anteriores, sino que dice: «En el fondo, todo esto se podría incluir en la antropología, pues las tres primeras preguntas se refieren a la última».
Con esto Kant expresó inequívocamente el verdadero resultado de su fundamentación de la metafísica. Y por ello, la tentativa de una repetición de la fundamentación recibió una advertencia clara respecto a su tarea. A decir verdad, Kant no habla de la antropología sino en términos generales. Sin embargo, según lo dicho anteriormente, está fuera de duda que únicamente una antropología filosófica es capaz de hacerse cargo de la fundamentación de la filosofía propiamente dicha, de la metaphysica generalis. ¿No será que la repetición de la fundamentación kantiana tiene como tarea específica el desarrollo sistemático de la «antropología filosófica», y deberá, por lo tanto, determinar antes la idea de la misma?
Richard Taft
In running through the individual stages of the Kantian ground-laying, we saw how it finally hit upon the transcendental power of imagination as the ground for the inner possibility of ontological synthesis, i.e., transcendence. Now, is the establishment of this ground, or rather its more original interpretation as temporality, the result of the Kantian ground-laying? Or does his ground-laying yield something else? Certainly, to establish the aforesaid result there was no need for the effort exerted to exhibit the groundlaying, particularly in its internal workings and in the succession of its steps. The citation of the appropriate quotations regarding the central function of the transcendental power of imagination in the Transcendental Deduction and in the Transcendental Schematism would have been sufficient. But if the outcome does not consist in the knowledge that the transcendental power of imagination constitutes the ground, then what else is the ground-laying to yield?
If the outcome of the ground-laying does not lie in its “result,” then we must ask what the ground-laying reveals, in its occurring as such, concerning the problem of a grounding of metaphysics. What occurs in the Kantian ground-laying? Nothing less than this: the grounding of the inner possibility of ontology is brought about as an unveiling of transcendence, i.e., [an unveiling] of the subjectivity of the human subject.
The question as to the essence of metaphysics is the question concerning the unity of the basic faculties of the human “mind.” The Kantian ground-laying yields [this conclusion]: the grounding of metaphysics is a questioning with regard to the human being, i.e., anthropology.
And yet, did not the first attempt to grasp the Kantian ground-laying more originally, namely, the going-back to its anthropology, break down?5 Certainly, insofar as it was shown that Anthropology offers to the interpretation of knowledge and its two sources was brought to light in a more original form precisely through the Critique of Pure Reason. But from that, all that now follows is that the Anthropology worked out by Kant is an empirical one and not one which is adequate for the transcendental problematic, i.e., it is not pure. That now makes the demand for an adequate, i.e., a “philosophical anthropology” for the purpose of a laying of the ground for metaphysics, even more pressing.
[145] That the outcome of the Kantian ground-laying lies in the insight into the necessary connectedness of anthropology and metaphysics can even be verified unambiguously through Kant’s own assertions. Kant’s laying of the ground for metaphysics takes aim at a grounding of “metaphysics in its final purpose,”6 of Metaphysica Specialis, to which belong the three disciplines of Cosmology, Psychology, and Theology. As critique of pure reason, this grounding must nevertheless understand these [disciplines] in their innermost essence, if indeed metaphysics is to be grasped in its possibility and its limits as “natural human tendency.” The innermost essence of human reason demonstrates itself, however, in those interests which, as human, always move it. “All the interests of my reason (both speculative and practical) are united in the following three questions:1. What can I know?
2. What should I do?
3. What may I hope?7
These three questions, however, are those associated with the three divisions of authentic metaphysics, as Metaphysica Specialis 8]. Human knowledge refers to nature in the widest sense of what is at hand (Cosmology); deeds [das Tun] are human actions [Handeln des Menschen] and refer to human personality and freedom (Psychology); hope aims at immortality as blessedness, i.e., as the unification with God (Theology).
These three original interests do not determine the human being as a creature of nature, but rather as a “citizen of the world.” They constitute the object of Philosophy “in the aims of the world-citizen” [“in weltbürgerlicher Absicht”], i.e., they constitute the domain of authentic philosophy. Hence Kant says in the introduction to his lectures on Logic, where he develops the concept of Philosophy in general: “The field of Philosophy, in this context of world citizenship, allows for the following questions to be brought:
1. What can I know?
2. What should I do?
3. What may I hope?
4. What is the human being?9
Here a fourth question appears together with the preceding three. But is not this fourth question concerning the human being attached superficially to the first three, and superfluous as well, if we consider that Psychologia Rationales, as a discipline of Metaphysica Specialis, already treats human beings?
However, Kant did not simply piece this fourth question onto the first three. [146] Rather, he says: “Basically, we can classify all of these under Anthropology because the first three questions refer to the last.”10
With this, Kant himself unequivocally expresses the proper outcome of his laying of the ground for metaphysics. The attempt at a retrieval of the ground-laying hereby receives a clear directive with regard to its task. To be sure, Kant speaks only in general of Anthropology. However, according to what we have discussed above, it stands beyond doubt that only a philosophical anthropology can assume the laying of the ground for authentic philosophy, for Metaphysica Specialis. Does the retrieval of the Kantian ground-laying not come to pursue as its proper task, therefore, the systematic working-out of a “philosophical anthropology,” and hence must it not have determined the idea of the same beforehand?
Im Durchlaufen der einzelnen Stadien der Kantischen Grundlegung ergab sich, wie diese zuletzt auf die transzendentale Einbildungskraft stößt als den Grund der inneren Möglichkeit der ontologischen Synthesis, d. h. der Transzendenz. Ist nun diese Feststellung des Grundes, bzw. seine ursprünglichere Auslegung als Zeitlichkeit, das Ergebnis der Kantischen Grundlegung? Oder ergibt seine Grundlegung etwas anderes? Zur Feststellung des genannten Resultates hätte es freilich nicht der Anstrengung bedurft, die Grundlegung eigens in ihrem inneren Geschehen und seiner Schrittfolge vor Augen zu legen. Die Anführung der entsprechenden Zitate über die zentrale Funktion der transzendentalen Einbildungskraft in der transzendentalen Deduktion und im transzendentalen Schematismus hätte genügt. Wenn aber das Ergebnis nicht in dem Wissen besteht, daß die transzendentale Einbildungskraft den Grund ausmacht, was soll dann die Grundlegung anderes ergeben?
Liegt das Ergebnis der Grundlegung nicht in ihrem “Resultat”, dann muß gefragt werden, was die Grundlegung in ihrem Geschehen als solchem für das Problem einer Begründung der Metaphysik offenbart. Was geschieht in der Kantischen Grundlegung? Nichts Geringeres als dieses: die Begründung der inneren Möglichkeit der Ontologie bewerkstelligt sich als eine Enthüllung der Transzendenz, d. h. der Subjektivität des menschlichen Subjektes.
Die Frage nach dem Wesen der Metaphysik ist die Frage nach der Einheit der Grundvermögen des menschlichen “Gemüts”. Die Kantische Grundlegung ergibt: Begründung der Metaphysik ist ein Fragen nach dem Menschen, d. h. Anthropologie.
Allein, versagte nicht bei dem ersten Versuch, die Kantische Grundlegung ursprünglicher zu fassen, der Rückgang auf seine Anthropologie? Gewiß, sofern sich zeigte, daß, was die Anthropologie an Auslegung der Erkenntnis und ihrer zwei Quellen bietet, gerade durch die Kritik der reinen Vernunft in einer ursprünglicheren Gestalt ans Licht gebracht wird. Aber daraus folgt jetzt nur, daß jene von Kant ausgearbeitete Anthropologie eine empirische und keine der transzendentalen Problematik genügende, d. h. reine, ist. Das verschärft jetzt gerade die Forderung einer zureichenden, d. b, “philosophischen Anthropologie” zu Zwecken einer Grundlegung der Metaphysik.
Daß das Ergebnis der Kantischen Grundlegung in der Einsicht in den notwendigen Zusammenhang zwischen Anthropologie und Metaphysik liegt, läßt sich sogar durch Kants eigene Aussagen unzweideutig belegen. Kants Grundlegung der Metaphysik- zielt auf eine Begründung der “Metaphysik im Endzweck”, der Metaphysica specialis, zu der die drei Disziplinen Kosmologie, Psychologie und Theologie gehören. Die Begründung muß jedoch als Kritik der reinen Vernunft diese in ihrem innersten Wesen verstehen, wenn anders die Metaphysik als “Naturanlage des Menschen” in ihrer Möglichkeit und Grenze begriffen werden soll. Das innerste Wesen der menschlichen Vernunft bekundet sich aber in denjenigen Interessen, die sie als menschliche jederzeit bewegen. “Alles Interesse meiner Vernunft (das spekulative sowohl, als das praktische) vereinigt sich in folgenden drei Fragen:
3. Was darf ich hoffen?”
Diese drei Fragen sind aber diejenigen, denen die drei Disziplinen der eigentlichen Metaphysik als Metaphysica specialis zugeordnet sind.b Das menschliche Wissen betrifft die Natur im weitesten Sinne des Vorhandenen (Kosmologie); das Tun ist das Handeln des Menschen und betrifft seine Persönlichkeit und Freiheit (Psychologie); das Hoffen zielt auf die Unsterblichkeit als Seligkeit, d. h. die Einigung mit Gott (Theologie).
Diese drei ursprünglichen Interessen bestimmen den Menschen nicht als Naturwesen, sondern als “Weltbürger”. Sie machen den Gegenstand der Philosophie “in weltbürgerlicher Absicht”, d. h. das Gebiet der eigentlichen Philosophie aus. Daher sagt Kant in der Einleitung zu seiner Logik Vorlesung, wo er den Begriff der Philosophie überhaupt entwickelt: “Das Feld der Philosophie in dieser weltbürgerlichen Bedeutung läßt sich auf folgende Fragen bringen:
3. Was darf ich hoffen?
4. Was ist der Mensch?”
Hier taucht zu den angeführten drei Fragen eine vierte auf. Ist aber diese vierte Frage nach dem Menschen den ersten dreien nicht äußerlich angefügt und zudem überflüssig, wenn bedacht wird, daß die Psychologia rationalis als Disziplin der Metaphysica specialis doch schon vom Menschen handelt?
Allein, Kant hat diese vierte Frage den ersten dreien nicht einfach angestückt, sondern er sagt: “Im Grunde könnte man aber alles dieses zur Anthropologie rechnen, weil sich die drei ersten Fragen auf die letzte beziehen.”
Damit hat Kant selbst das eigentüche Ergebnis seiner Grundlegung der Metaphysik unzweideutig ausgesprochen. Der Versuch einer Wiederholung der Grundlegung hat hierdurch eine klare Anweisung seiner Aufgabe erhalten. Zwar spricht Kant nur im allgemeinen von Anthropologie. Aber nach dem oben Erörterten steht es außer Zweifel, daß nur eine philosophische Anthropologie die Grundlegung der eigentlichen Philosophie, der Metaphysica specialis, übernehmen kann. Wird so die Wiederholung der Kantischen Grundlegung nicht die systematische Ausarbeitung einer “philosophischen Anthropologie” als ihre eigentliche Aufgabe betreiben und daher zuvor die Idee derselben bestimmen müssen?
- Cf. § 26, p. 185 sqq.[↩]
- A 804 sq., B 832 sq. (trad. cit., p. 625).[↩]
- Œuvres (Cass.), VIII, p. 343.[↩]
- Op. cit., p. 344 (souligné par Heidegger).[↩]
- See above, §26, p. 89ff.[↩]
- a. Philosophy as teleologia rationis humanae. Critique of Pure Reason.[↩]
- A 804f., B 832f.[↩]
- b. wrong! Freedom belongs to Cosmology because it was thought of as “primordial” [“Ursache”] – see SS 1930 [Der Anfang der abendländischen Philosophie, GA35[↩]
- Werke, vol. VIII, p. 343.[↩]
- Ibid., p. 344.[↩]