ontische Erkenntnis
Kant quer dizer, com isto, o seguinte: nem “todo conhecimento” (Erkenntnis) é ôntico (ontisch), e, onde um tal conhecimento ôntico se apresenta, ele só é possível através de um conhecimento ontológico (ontologisch). O “velho” conceito de verdade (Wahrheitsbegriff) no sentido da “adequação” (Angleichung) (adaequatio) do conhecimento ao ente (Seiende) é tão pouco abalado pela viragem copernicana (Kopernikanische Wendung), que ela justamente o pressupõe, fundamentando-o pela primeira vez. O conhecimento ôntico (ontische Erkenntnis) só pode se adequar (angleichen) ao ente (“objetos” (Gegenstände)), se esse ente enquanto ente (Seiende als Seiendes) já antes for manifesto (offenbar), isto é, se ele for conhecido na sua constituição ontológica (Seinsverfassung). Os objetos, isto é, a sua determinabilidade ôntica (ontische Bestimmbarkeit), têm de se regular por esse último conhecimento. A manifestabilidade do ente (Offenbarkeit des Seienden) (verdade ôntica (ontische Wahrheit)) gira em torno da desvelabilidade (Enthülltheit) da constituição ontológica do ente (verdade ontológica); nunca, porém, o conhecimento ôntico pode por si se regular “pelos” objetos, porque, sem o conhecimento ontológico, ele não pode ter sequer um possível “pelo que”. (GA3:13; tr. Casanova:GA3MAC:30-31)