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Casanova
Em tudo o que há de essencial, contudo – e essa é uma característica sua não há nenhum progresso e, por conseguinte, também nenhuma desvalorização. De acordo com a sua essência, o real filosofar nunca pode ser ultrapassado. Ao contrário, ele mesmo sempre precisa ser novamente repetido. Onde quer e quando quer que o real filosofar aconteça, ele sempre se insere diretamente e por si mesmo no diálogo com o passado histórico da filosofia e vê, então, que não pode haver na filosofia nenhuma novidade, tampouco nada antiquado; ele se encontra para além da dicotomia entre velho e novo. Nesse sentido, partindo do começo decisivo da filosofia, ou seja, de Platão e Aristóteles, foi importante elucidar sucintamente que a pergunta acerca do conceito de ser é a pergunta central da filosofia – τί τὸ ὂν – , que pertence à essência do ser-aí o compreender o ser – ἡ ψυχὴ τεϑέαται τὰ ὄντα – e que somente por isso é possível a existência fática do ser-aí. Com certeza, só se consegue abordar de fato a história quando não se fica repetindo simplesmente o que foi dito, ou seja, quando não se apela simplesmente de maneira dogmática para a filosofia anterior, seja a de Aristóteles ou a de Kant; a história só nos remete ao essencial se ela mesma é levada a co-filosofar por meio do vivo filosofar. [HEIDEGGER, Martin. Introdução à Filosofia. Tr. Marco Antonio Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 239]