Casanova
Com isso, no entanto, ainda não se esgota a determinação do conceito da subjetividade em Kant. Em verdade, esse conceito transcendental de eu continua sendo o esquema para a interpretação ulterior da egoidade, da pessoalidade no sentido formal. A personalitas transcendentalis, porém, não significa o mesmo que o conceito pleno de pessoalidade. Kant distingue da personalitas transcendentalis, isto é, do conceito ontológico da egoidade em geral, a personalitas psychologica. Por uma tal personalitas, ele compreende a faculdade fática que se funda na personalitas transcendentalis, ou seja, no eu-penso, a faculdade de se tornar consciente de suas representações como ocorrências presentes à vista e constantemente alternantes. Kant faz uma diferença entre autoconsciência pura e autoconsciência empírica, ou, como ele também diz, entre o eu da apercepção e o eu da apreensão. Apreensão significa o mesmo que percepção, experiência de algo presente à vista, a saber, experiência dos processos psíquicos presentes à vista por meio do assim chamado sentido interno. O eu puro, o eu da autoconsciência, da apercepção transcendental, não é nenhum fato da experiência, mas esse eu já está sempre consciente de si como o fundamento ontológico da possibilidade de toda experiência em todo experimentar empírico como “eu experimento”. O eu empírico como alma também pode ser pensado do mesmo modo teoricamente como ideia e coincide, então, com o conceito da alma, por mais que a alma seja pensada como fundamento da animalidade, ou, como Kant diz, da animalidade, da vida em geral. O eu como personalitas transcendentalis é o eu, que é sempre essencialmente apenas sujeito, o eu-sujeito. O eu como personalitas psychologica é o eu, que é sempre apenas objeto, presença à vista previamente dada, eu-objeto, ou, como Kant também diz: “Esse eu-objeto, o eu empírico, é [191] uma coisa”. Toda psicologia, por isso, é ciência positiva de algo presente à vista. Kant diz no ensaio sobre Os progressos da metafísica: “Para intelecções humanas, a psicologia não pode ser outra coisa senão antropologia, isto é, conhecimento do homem, só que um conhecimento restrito à seguinte condição: ela só é na medida em que o homem conhece a si mesmo como objeto do sentido interno. Ele também é consciente de si mesmo, porém, como objeto de seus sentidos externos, ou seja, ele possui um corpo, com o qual o objeto do sentido interno chamado alma está ligado”1. Kant distingue desse eu psicológico o eu da apercepção como o eu lógico. Essa expressão “eu lógico” carece hoje de uma interpretação mais detalhada, porque o neokantismo também compreendeu esse conceito, além de muitas outras coisas essenciais, de maneira completamente equivocada. Kant não tem em vista com a designação “eu lógico” que esse eu seria, como Rickert pensa, um abstrato lógico, algo geral, sem nome e irreal. Dizer que o eu é eu lógico não significa para Kant, tal como para Rickert, algo logicamente pensado, mas sim: o eu é sujeito do logos, isto é, do pensamento, o eu é o eu enquanto eu-ligo, que reside à base de todo pensar. Kant diz de maneira completamente supérflua na mesma passagem em que ele fala do eu lógico: “Ele é por assim dizer como o elemento substancial (ou seja, como ο (ὑποκείμενον) que resta, quando eu alijo todos os acidentes, que lhe são inerentes)”2. Em todos os sujeitos fáticos, essa egoidade é a mesma. Isso não pode significar que esse eu lógico seria algo universal, sem nome. Ao contrário, segundo a sua essência, ele é precisamente sempre a cada vez meu. Pertence à egoidade o fato de o eu ser sempre a cada vez meu. üm eu sem nome é um ferro de madeira. Quando eu digo eu-penso ou eu-me-penso, o primeiro eu não é, por exemplo, um outro no sentido de que eu estaria falando no primeiro eu de um eu universal, irreal, mas ele é precisamente o mesmo que o pensado, ou, como Kant diz, o eu determinável. O eu da apercepção é idêntico ao eu [192] determinável, ao eu da apreensão, só que no conceito do eu determinante não precisa ser necessariamente copensado aquilo que eu sou enquanto um eu determinado, empírico. Fichte empregou de maneira principiai para a sua Doutrina da ciência esses conceitos do eu determinante e do eu determinável. O eu determinante da apercepção é. Kant diz que não podemos enunciar outra coisa sobre esse ente e seu ser senão que ele é. Somente porque esse eu é enquanto esse eu mesmo, ele pode encontrar a si mesmo como empírico.
Eu estou consciente de mim mesmo é uma ideia que já contém um eu duplo, o eu como sujeito e o eu como objeto. Como é possível que o eu que eu penso seja para mim um objeto (da intuição) e que ele possa ser assim distinto de mim mesmo é algo pura e simplesmente impossível de explicar, apesar de ser um fato indubitável; ele indica, porém, uma faculdade tão para além de todas as intuições sensíveis, que ele, como o fundamento da possibilidade de um entendimento, tem como consequência o afastamento completo de toda rês à qual não temos razão para aduzir a capacidade de dizer a si mesma eu, e olha para uma infinitude de representações e conceitos (isto é, as representações e conceitos ontológicos). Não se tem em vista com isso, porém, uma personalidade dupla, mas apenas o eu, que eu penso e intuo, é a pessoa; o eu do objeto, porém, que é intuído por mim, é, tal como outros objetos fora de mim, a coisa 3. O fato de o eu da apercepção transcendental ser um eu lógico, isto é, sujeito do eu-ligo, não significa nem que ele seria um outro eu em relação ao eu presente à vista, realmente psíquico, nem tampouco que ele não seria absolutamente nada que é. A única coisa que se está dizendo é que o ser desse eu é problemático, segundo Kant em geral indeterminável, em todo caso algo que não pode ser determinado com os meios da psicologia. A personalitas psychologica pressupõe a personalitas transcendentalis.
Courtine
Tout ceci n’épuise pas encore la détermination kantienne du concept de subjectivité. Assurément, ce concept transcendantal de l’Ego fournit le schéma de l’interprétation ultérieure de l’égoïté, de la personnalité au sens formel. Mais la personalitas transcendentalis ne coïncide pas entièrement avec le concept de personnalité. Kant distingue la personalitas transcendentalis, c’est-à-dire le concept ontologique de l’égoïté en général, et la personalitas psychologica. Par où il entend la faculté factuelle, fondée sur la personalitas transcendentalis, c’est-à-dire sur le « Je pense », d’avoir conscience de ses états empiriques, c’est-à-dire de ses représentations, en tant qu’événements donnés et toujours changeants. Kant distingue la conscience de soi pure de la conscience de soi empirique, ou, comme il le dit aussi, le Moi de l’aperception du Moi de l’appréhension. Appréhension signifie perception, expérience du présent-subsistant, expérience, grâce au « sens interne », des processus psychiques présents. Le Moi pur, l’Ego de la conscience de soi, de l’aperception transcendantale, n’est pas un fait d’expérience, mais dans tout expérimenter empirique, dans la mesure où il est un « J’expérimente », l’Ego est toujours déjà su comme fondement ontologique de la possibilité de toute expérience. Le Moi empirique, au sens de l’âme, peut également être pensé théorétiquement à titre d’idée; il coïncide alors avec le concept d’âme, et dans ce cas, celle-ci est conçue comme le fondement de l’animalité, ou comme l’écrit Kant, de l’être-animé, de la vie en général 4. L’Ego en tant que personalitas transcendentalis est celui qui, de par son essence, est toujours seulement sujet, l’Ego-sujet. A tire de personalitas psychologia, l’Ego est toujours seulement objet, il est donné, présent-subsistant, Ego-objet, ou encore, comme Kant le déclare explicitement: « Le Moi-objet, le Moi empirique est une chose »5. La psychologie est donc toujours une science positive de l’étant-subsistant. Dans son opuscule Sur les progrès de la métaphysique, Kant note: « Pour l’intelligence humaine, la psychologie n’est et même ne peut être qu’anthropologie, c’est-à-dire qu’en tant que connaissance de l’homme, elle est restreinte à la condition qu’il se connaisse comme objet du sens interne. Mais il a également conscience de lui-même comme objet des sens externes, c’est-à-dire qu’il a un corps lié à l’objet du sens interne qui se nomme: âme de l’homme »6. De ce Moi psychologique, Kant distingue le Moi de l’aperception en tant que Moi logique. Cette expression « Moi logique » a besoin aujourd’hui d’une interprétation plus complète, dans la mesure où le néo-kantisme a totalement mécompris ce concept, ainsi d’ailleurs que beaucoup d’autres points essentiels. Par ce terme de « Moi logique », Kant ne veut pas dire que le Moi est, comme le pensera Rickert, un abstractum logique, quelque chose de général et d’irréel, n’ayant de nom dans aucune langue. Dire que le Moi est Moi logique, cela ne signifie pas pour Kant, comme pour Rickert, qu’il est un objet de pensée, un être de raison, mais cela veut dire: Le Moi est sujet du Logos, c’est-à-dire du penser, le Moi est Moi, en tant que « Je lie », sous-jacent à tout penser. Dans ce même passage où il parle du Moi logique, Kant dit aussi: « Il est comparable au substantiel (ie. à l’ὑποκείμενον) qui demeure lorsque j’ai écarté tous les accidents qui lui sont inhérents »7. Une telle égoïté est identique dans tous les sujets facticiels. Cela ne saurait signifier pour autant que le Moi est quelque chose de général, d’anonyme; conformément à son essence, le Moi est à chaque fois mien. Il appartient à l’égoïté que le Moi soit à chaque fois mien. Un Moi anonyme est un cercle carré. Quand je dis: « Je pense » ou « Je me pense », le premier Moi n’est pas un autre, au sens où dans le premier Moi s’exprimerait un Moi général, irréel, mais il est précisément identique au Moi pensé, ou, comme dit Kant, au Moi déterminable. Le Moi de l’aperception est identique au Moi déterminable, au Moi de [164] l’appréhension, à cette seule différence près que, dans le concept du Moi déterminant, il n’est pas nécessaire que soit co-pensé ce que je suis à titre de Moi déterminé, empirique. Fichte a fait de ces concepts de Moi déterminant et déterminable des principes fondamentaux de sa Wissenschaftslehre. Ce qui est, c’est l’Ego déterminant de l’aperception, Kant affirme que de cet étant et de cet être nous ne pouvons rien dire de plus que ceci, à savoir qu’il est. C’est seulement parce que l’Ego, en tant que cet Ego déterminé, est, qu’il peut se rencontrer comme Moi empirique.
« Je suis conscient de moi-même, est une pensée qui contient déjà un double moi, le moi comme sujet et le moi comme objet. Comment est-il possible que moi, le: Je pense, je sois pour moi-même un objet (de l’intuition) et qu’ainsi je puisse me distinguer de moi-même, voilà qui est absolument impossible à expliquer bien que ce soit un fait indubitable; mais cela révèle un pouvoir à ce point élevé au-dessus de toute intuition sensible qu’il entraîne, en tant que fondement de la possibilité d’un entendement, la complète distinction d’avec tout animal auquel nous n’avons pas motif d’attribuer un pouvoir de se dire: Je à soi-même, et qu’il transparaît dans une infinité de représentations et de concepts (sc. ontologiques) spontanément formés. Mais on ne veut pas soutenir par là qu’il y a une personnalité double; seul le moi qui pense et intuitionne, est la personne, alors que le moi de l’objet qui est intuitionné par moi, est, tout comme les autres objets hors de moi, la chose »8. Dire que le Moi de l’aperception transcendantale est logique, c’est-à-dire sujet du « Je lie », ne signifie ni qu’il est un autre Moi par opposition au Moi psychique subsistant, effectif, ni qu’il n’est absolument rien d’étant. Ce qui est dit simplement, c’est que l’être de ce Moi est problématique; pour Kant, il est tout à fait indéterminable, et en tout cas ne se laisse absolument pas déterminer par les moyens de la psychologie. La personalitas psychologica présuppose la personalitas transcendentalis.
Pero con esto no se agota el concepto de subjetividad en Kant. Sin duda alguna, este concepto transcendental del yo sigue siendo el esquema de la interpretación ulterior de la yoidad, de la personalidad en el sentido formal. Pero la personalitas transcendentalis no coincide enteramente con el concepto completo de personalidad. Kant distingue entre la personalitas transcendentalis, es decir, el concepto ontológico de la yoidad en general, y la personalitas psychologica. Por esta entiende Kant la facultad fáctica, fundada en la personalitas transcendentalis, o sea, en el «yo pienso», de ser consciente de los propios estados empíricos, esto es, de las representaciones propias, como acontecimientos que subsisten y cambian de continuo. Kant establece una distinción entre la autoconciencia pura y la autoconciencia empírica, o, como dice también, el yo de la apercepción y el yo de la aprehensión. Aprehensión quiere decir percepción, experiencia de lo subsistente, experiencia de los procesos psíquicos subsistentes mediante el denominado sentido interno. El yo puro, el yo de la autoconciencia, de la apercepción transcendental, no es un hecho de experiencia, sino que siempre, en todo experimentar empírico, en la medida en que es un «yo experimento», soy consciente de él en tanto que fundamento ontológico de la posibilidad de todo experimentar. Asimismo cabe pensar teoréticamente el yo empírico, en tanto que alma, como idea y entonces coincide con el concepto del alma, en el que el alma es pensada como el fundamento de la animalidad, o como dice Kant, del ser animado, de la vida en general. El yo, en tanto que personalitas transcendentalis, es el yo que, por esencia, es siempre sólo sujeto, es el yo-sujeto. El yo, en tanto que personalitas psychologica, es el yo que siempre es sólo objeto, el yo-objeto que se encuentra como subsistente, el yo-objeto, o como dice Kant directamente: «este [167] yo-objeto, el yo empírico, es una cosa». Toda la psicología es, por ello, una ciencia positiva de lo subsistente. Dice Kant, en el tratado Sobre los progresos de la metafísica: «Para la inteligencia humana, la psicología no es nada más, ni puede tampoco ser nada más, que antropología, es decir, conocimiento del hombre, pero limitado a la condición de que sea conocido como objeto del sentido interno. Pero tiene asimismo conciencia de sí como objeto de los sentidos externos, o sea, tiene un cuerpo, unido al objeto del sentido interno que se llama alma del hombre»9. De este yo psicológico, distingue Kant el yo de la apercepción en tanto que yo lógico. La expresión «yo lógico» requiere hoy una interpretación pormenorizada ya que el neokantismo ha tergiversado totalmente este concepto de Kant junto a otros muchos puntos esenciales suyos. Con la expresión «yo lógico», Kant no quiere decir que este yo sea, como Rickert piensa, una abstracción lógica, algo universal, anónimo y no efectivo. Que el yo sea un yo lógico, no significa, para Kant lo que significa para Rickert, un yo pensado lógicamente, sino que quiere decir: el yo es sujeto del logos, esto es, del pensar, el yo es el yo, en tanto que «yo uno» que subyace a todo pensar. En el mismo lugar en el que habla del yo lógico, Kant dice con profusión: «Es, por así decir, como lo substancial [es decir, como lo ὑποκείμενον], lo que permanece cuando he quitado todos los accidentes que inhieren en él»10. Esta yoidad es la misma en todos los sujetos fácticos. Esto no puede significar que el yo lógico sea algo general, anónimo, sino que, precisamente por su esencia es, tn cada caso, mío. A la yoidad le pertenece que, en cada caso, sea mía. Un yo anónimo es una madera férrea. Cuando digo: «yo pienso» o «yo me pienso», el primer yo no es algo distinto, en el sentido en que en el primer yo se expresase un yo general, no efectivo, sino que es precisamente idéntico al yo pensado, o, como dice Kant, al yo determinable. El yo de la apercepción es idéntico al yo determinable, al yo de la aprehensión, sólo que, en el concepto del yo determinante, no es preciso que se piense necesariamente a la vez lo que yo soy, en tanto que yo empírico determinado. En su Doctrina de la ciencia, Fichte usó, como fundamentales, los conceptos de yo determinante y de yo determinable. El yo determinante de la apercepción es. Kant dice que, sobre este ente y sobre su ser, no podemos decir nada, salvo que es. Sólo porque este yo es, en tanto que yo mismo, puede incluso encontrarse a sí mismo como yo empírico.
[168] «Yo soy consciente de mí mismo, es un pensamiento que contiene ya un doble yo, el yo como sujeto y el yo como objeto. Aunque es un hecho indudable, es absolutamente imposible explicar cómo es posible que yo, el yo pienso, sea para mí mismo un objeto (de la intuición) y, de este modo, pueda distinguirme de mí mismo. Pero esto pone de relieve una facultad tan elevada por encima de las todas intuiciones sensibles que, en tanto que fundamento de la posibilidad del entendimiento, tiene como consecuencia suya nuestra completa separación de todo bruto al cual no tenemos razones 185 para adscribirle la capacidad de decir “yo” de sí mismo, y deja ver una infinidad de representaciones y de conceptos [a saber, los ontológicos] formados por sí mismos. Pero con esto no se quiere dar a entender que haya una doble personalidad, sino que sólo yo, el yo que piensa y que intuye, es la persona, mientras que el yo del objeto que es intuido por mí es, al igual que los demás objetos fuera de mí, la cosa»11. Que el yo de la apercepción transcendental sea lógico, esto es, sujeto del «yo uno», no significa ni que es otro yo, por oposición al yo psíquico subsistente, efectivo, ni tampoco que no es en absoluto un ente. Sólo quiere decir que el ser de este yo es problemático, según Kant, totalmente indeterminable, y, en cualquier caso, no podría de determinarse, en principio, mediante la psicología. La personalitas psychologica presupone la personalitas transcendentalis.Hofstadter
This, however, does not exhaustively define the concept of subjectivity in Kant. To be sure, this concept of the transcendental ego remains the model for the further interpretation of egohood, personality in the formal sense. But personalitas transcendentalis does not coincide with the complete concept of personality. From the personalitas transcendentalis, the ontological concept of egohood in general, Kant distinguishes the personalitas psychologica. By this he means the factual faculty, grounded in the personalitas transcendentalis, in the “I think,” to become conscious of its empirical states, of its representations as occurrences that exist and are always varying. Kant makes a distinction between pure self-consciousness and empirical self-consciousness or, as he also puts it, between the ego of apperception and the ego of apprehension. Apprehension means perception, the experience of the extant, namely, the experience of extant psychical processes by means of the so-called inner sense. The pure ego, the ego of self-consciousness, of transcendental apperception, is not a fact of experience; in all empirical experiencing, I am already conscious of this ego as “I experience,” the ontological ground of the possibility of all experiencing. The empirical ego as soul can likewise be thought theoretically as an idea and then it coincides with the concept of soul, where soul is conceived as the ground of animality or, as Kant says, of animateness, of life in general. The ego as personalitas transcendentalis is the ego that is essentially always only subject, the subject-ego. The ego as personalitas psychologica is the ego that is always only an object, something encountered as extant, the object-ego, or as Kant explicitly says, “this object-ego, the empirical ego, is a thing [Sache].” All psychology is therefore positive science of extant entities. In the essay On the Progress of Metaphysics, Kant says: “For human intelligence, psychology is nothing more and also can become nothing more than anthropology, knowledge of man, but restricted to this condition: so far as he knows himself as an object of inner sense. He is also, however, conscious of himself as an object of his external senses: he has a body, connected with which is the object of inner sense called man’s soul.” From this psychological ego Kant distinguishes the ego of apperception as the logical ego. The term “logical ego” needs a more detailed interpretation today because Neo-Kantianism has completely misunderstood this concept along with many other essentials in Kant. By the designation “logical ego” Kant does not intend to say, as Rickert thinks, that this ego is a logical abstraction, something universal, nameless, and unreal. “The ego is a logical ego” does not mean for Kant, as it does for Rickert, an ego that is logically conceived. It means instead that the ego is subject of the logos, hence of thinking; the ego is the ego as the “I combine” which lies at the basis of all thinking. At the same place where he is speaking of the logical ego Kant says in full profusion: “it is, as it were, like the substance [that is, like the hupokeimenon] which remains over when I have abstracted all the accidents inhering in it.” This egohood is the same in all factual subjects. This cannot mean that the logical ego is something universal, nameless; it is precisely by its essential nature always mine. It pertains to egohood that the ego is always mine. A nameless ego is an absurdity. When I say “I think” or “I think myself,” the first ego is not some other ego as though, say, a universal, unreal ego were speaking in the first ego. Rather it is quite the same as the ego being thought or, as Kant says, the determinable ego. The ego of apperception is identical with the determinable ego, the ego of apprehension, except that what I am as a determinate empirical ego does not necessarily have to be thought simultaneously in the concept of the determinant ego. Fichte applied these concepts of the determinant and determinable ego as fundamental for his Wissenschaftslehre. The determinant ego of apperception is. Kant says that we cannot assert anything more about this being and its being than that it is. Only because this ego is as this I myself, this ego itself, can it encounter itself as an empirical ego.
“‘I am conscious of myself’ is a thought that already contains a twofold ego, the ego as subject and the ego as object. Although it is an indubitable fact, it is simply impossible to explain how it is possible that I who am thinking myself can be my own object (of intuition) and thus can differentiate myself from myself. However it points to a faculty elevated so far above all sense intuitions that, as the ground of possibility of an understanding, it has as its consequence our complete separation from every beast, to which we have no reason to ascribe the capacity to say ‘I’ to itself, and it looks beyond to an infinity of self-made representations and concepts [the ontological ones]. What is intended by this, however, is not a double personality; only I who think and intuit am the person, whereas the ego of the object that is intuited by me is, like other objects outside me, the thing [Sache].” That the ego of transcendental apperception is logical, the subject of the “I combine,” does not signify that it is a different ego compared with the actual, existent psychical ego; it does not even mean that it is not at all anything that is. Only this much is asserted, that the being of this ego is problematic; according to Kant it is in general indeterminable, and in any case in principle not capable of determination by means of psychology. The personalitas psychologica presupposes the personalitas transcendentalis.
Original
Damit ist aber der Begriff der Subjektivität bei Kant nicht erschöpfend bestimmt. Zwar bleibt dieser transzendentale Ich-Begriff das Schema für die weitere Interpretation der Ichheit, der Personalität im formalen Sinne, Die personalitas transcendentalis deckt sich aber nicht mit dem vollen Begriff der Personalität. Kant unterscheidet von der personalitas transcendentalis, d. h. dem ontologischen Begriff der Ichheit überhaupt die personalitas psychologica. Darunter versteht er das in der personalitas transcendentalis, d. h. im »Ich denke« gründende faktische Vermögen, sich seiner empirischen Zustände, d. h. seiner Vorstellungen als vorhandener und stets wechselnder Vorkommnisse bewußt zu werden. Kant macht einen Unterschied zwischen reinem Selbstbewußtsein und empirischem Selbstbewußtsein, oder wie er auch sagt, Ich der Apperzeption und Ich der Apprehension. Apprehension besagt Wahrnehmung, Erfahrung von Vorhandenem, nämlich Erfahrung der vorhandenen psychischen Vorgänge durch den sogenannten inneren Sinn. Das reine Ich, das Ich des Selbstbewußtseins, [183] der transzendentalen Apperzeption, ist keine Erfahrungstatsache, sondern in allem empirischen Erfahren als »Ich erfahre« ist dieses Ich immer schon als der ontologische Grund der Möglichkeit alles Erfahrens bewußt. Das empirische Ich als Seele kann gleichfalls theoretisch als Idee gedacht werden und fällt dann zusammen mit dem Begriff der Seele, wobei Seele gedacht wird als Grund der Animalität, oder wie Kant sagt, der Tierheit, des Lebens überhaupt. Das Ich als personalitas transcendentalis ist das Ich, das wesenhaft immer nur Subjekt ist, das Ich-Subjekt. Das Ich als personalitas psychologica ist das Ich, das immer nur Objekt, Vorgefundenes Vorhandenes ist, Ich-Objekt, oder wie Kant direkt sagt: »dieses Ich-Objekt, das empirische Ich, ist eine Sache.« Alle Psychologie ist daher positive Wissenschaft von Vorhandenem. Kant sagt in der Abhandlung »Uber die Fortschritte der Metaphysik«: »Die Psychologie ist für menschliche Einsichten nichts mehr, und kann auch nichts mehr werden, als Anthropologie, d. i. als Kenntnis des Menschen, nur auf die Bedingung eingeschränkt, sofern er sich als Gegenstand des inneren Sinnes kennet. Er ist sich selbst aber auch als Gegenstand seiner äußeren Sinne bewußt, d. h. er hat einen Körper, mit dem der Gegenstand des innem Sinnes verbunden, die Seele des Menschen heißt.«12 Von diesem psychologischen Ich unterscheidet Kant das Ich der Apperzeption als das logische Ich. Dieser Ausdruck »logisches Ich« bedarf heute einer näheren Interpretation, weil der Neukantianismus neben vielem anderen Wesentlichen auch diesen Begriff bei Kant völlig mißverstanden hat. Kant will mit der Bezeichnung »logisches Ich« nicht sagen, dieses Ich sei, wie Rickert meint, ein logisches Abstraktum, etwas Allgemeines, Namenloses und Unwirkliches. Das Ich ist logisches Ich, heißt für Kant nicht, wie für Rickert, ein logisch gedachtes, sondern es besagt: Das Ich ist Subjekt des Logos, d. h. des Denkens, das Ich ist das Ich als »Ich verbinde«, das allem Denken [184] zugründe liegt. Kant sagt zu allem Überfluß an derselben Stelle, wo er vom logischen Ich spricht: »es ist gleichsam, wie das Substantiale [d. h. wie das ὑποκείμενον], was übrigbleibt, wenn ich alle Accidenzen, die ihm inhärieren, weggelassen habe.«13 Diese Ichheit ist bei allen faktischen Subjekten dieselbe. Das kann nicht heißen, dieses logische Ich sei etwas Allgemeines, Namenloses, sondern es ist gerade seinem Wesen nach je meines. Zur Ichheit gehört, daß das Ich je meines ist. Ein namenloses Ich ist ein hölzernes Eisen. Wenn ich sage, »Ich denke« oder »Ich denke mich«, so ist das erste Ich nicht etwa ein anderes in dem Sinne, als spräche im ersten Ich ein allgemeines, unwirkliches Ich, sondern es ist gerade dasselbe wie das gedachte, oder wie Kant sagt, das bestimmbare Ich. Das Ich der Apperzeption ist identisch mit dem bestimmbaren Ich, dem Ich der Apprehension, nur daß im Begriff des bestimmenden Ich nicht notwendig mitgedacht zu werden braucht, was ich als bestimmtes, empirisches Ich bin. Fichte hat diese Begriffe des bestimmenden und des bestimmbaren Ich grundsätzlich für seine »Wissenschaftslehre« angewandt. Das bestimmende Ich der Apperzeption ist. Kant sagt, über dieses Seiende und sein Sein können wir nichts weiter aussagen, außer daß es ist. Nur weil dieses Ich als dieses Ich selbst ist, kann es sich selbst als empirisches vorfinden.
»Ich bin mir meiner selbst bewußt, ist ein Gedanke, der schon ein zweifaches Ich enthält, das Ich als Subjekt, und das Ich als Objekt. Wie es möglich sei, daß ich, der ich denke, mir selber ein Gegenstand (der Anschauung) sein, und so mich von mir selbst unterscheiden könne, ist schlechterdings unmöglich zu erklären, obwohl es ein unbezweifeltes Faktum ist; es zeigt aber ein über alle Sinnenanschauungen so weit erhabenes Vermögen an, daß es, als der Grund der Möglichkeit eines Verstandes, die gänzliche Absonderung von allem Vieh, dem wir das Vermögen, zu sich selbst Ich zu sagen, nicht Ursache haben [185] beizulegen, zur Folge hat, und in eine Unendlichkeit von selbstgemachten Vorstellungen und Begriffen [d. h. die ontologischen] hinaussieht. Es wird dadurch aber nicht eine doppelte Persönlichkeit gemeint, sondern nur Ich, der ich denke und anschaue, ist die Person, das Ich aber des Objektes, das von mir angeschaut wird, ist, gleich ändern Gegenständen außer mir, die Sache.«14 Daß das Ich der transzendentalen Apperzeption logisches ist, d. h. Subjekt des »Ich verbinde«, besagt weder, daß es gegenüber dem vorhandenen, wirklichen psychischen Ich ein anderes Ich sei, noch gar, daß es überhaupt nichts Seiendes sei. Es ist nur soviel gesagt, daß das Sein dieses Ich problematisch, nach Kant überhaupt imbestimmbar, jedenfalls grundsätzlich nicht mit den Mitteln der Psychologie zu bestimmen ist. Die personalitas psychologica setzt die personalitas transcendentalis voraus.
- Ibid., p. 294.[↩]
- Ibid., p. 249.[↩]
- Ibid., p. 248ss.[↩]
- Kr V., B 403. (N.d.T.)[↩]
- Progrès de la Métaphysique, trad. fr., p. 23. (N.d.T.)[↩]
- WW., t. VIII, p. 294 [Ak. Aus., XX, 3, 7, 308; trad. fr., p. 72].[↩]
- WW., t. VIII, p. 249 [Ak. Aus., XX, 3, 7, p. 270; trad. fr., p. 23].[↩]
- Op. cit., pp. 248 sq. [trad. fr., pp. 22-23].[↩]
- Ibid., p. 294 [trad. esp., p. 104].[↩]
- Ibid., p. 249 [trad. esp., p. 31].[↩]
- Ibid., pp. 248 s. [trad. esp., p. 31].[↩]
- a.a.O., p. 294.[↩]
- a.a.O., p. 249.[↩]
- a.a.O., p. 248 ff.[↩]