GA19:22-23 – a alma desvela

Casanova

Antes de Aristóteles enumerar os modos do ἀληθεύειν (des-velamento), ele diz: ἀληθεύει ἡ ψυχή (a alma desvela). Portanto, com efeito, no sentido propriamente dito, a verdade é de qualquer modo uma determinação do ser do próprio ser-aí humano. Pois todo esforço do ser-aí em torno do conhecimento precisa se impor contra o encobrimento do ente, um encobrimento que é de três tipos: 1. Ignorância; 2. Opinião dominante; 3. Erro. É o ser-aí humano, com isso, que é propriamente verdadeiro. Ele é na verdade — se traduzirmos ἀλήθεια (desvelamento) por verdade. Ser verdadeiro, ser-na-verdade, como determinação do ser-aí significa: ter o respectivamente ente, com o qual o ser-aí costuma lidar, à disposição de maneira não encoberta. Aquilo que em Aristóteles é apreendido de maneira mais aguda já tinha sido visto por Platão: ἡ επ ἀλήθειαν ορμωμένη ψυχή (cf. Sofista 228c lss.),1 a alma se coloca por si mesma a caminho da verdade, do ente, na medida em que ele se acha desencoberto. Por outro lado, diz-se dos οἱ πολλοί (dos muitos): των πραγμάτων της ἀλήθεια άφεστωτας (as coisas lhes permanecem estranhas). A partir daí vemos que encontraremos em Platão a mesma orientação que em Aristóteles. Precisamos pressupor neles uma posição una em relação às questões fundamentais do ser-aí. Portanto, a alma, o ser do homem, considerada rigorosamente, é aquilo que é na verdade. [GA19MAC:23]

Rojcewicz & Schuwer

  1. Na medida em que as citações gregas, com base no estilo pedagógico das preleções de Heidegger, divergem do texto original, colocaremos as indicações das passagens entre parênteses com o adendo “cf”. (N.E.)[↩]
  2. Hereafter, when the Greek quotations deviate from the original text, on account of Heidegger’s pedagogically oriented lecture style, the citation will be marked with a “cf.”[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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