O que essa palavra dá a pensar pode esclarecer-se através de um exemplo, mas somente desde que o pensemos suficientemente como tal. Uma CLAREIRA na floresta é o que é não em virtude do claro e do luminoso que nela podem brilhar durante o dia. A CLAREIRA também subsiste na noite. CLAREIRA diz: nesse lugar, a floresta é transitável.
O luminoso no significado de claro e o luminoso da CLAREIRA são distintos não apenas no tocante a coisa como também no que diz respeito à palavra. Luzir (Lichten) significa: liberar, tornar e deixar livre. Luzir pertence à leve (leicht). Tornar algo leve, aliviar significa colocar à parte os obstáculos, trazer para o desimpedido e livre. Levantar a âncora significa liberá-la do fundo do mar e alçá-la para o livre da água e do ar.
Vigência está remitida à CLAREIRA no sentido de propiciar o livre. A seguinte questão então se coloca: o que luz na vigência de uma tal CLAREIRA liberadora?
Não será essa fala de CLAREIRA mais uma metáfora derivada da CLAREIRA da floresta? A CLAREIRA é, contudo, algo já vigente na floresta vigente. Entendida como propiciar o livre para uma vigência e uma demora do vigente, a CLAREIRA não é nem algo vigente nem uma propriedade da vigência. Mas a CLAREIRA e aquilo que ela ilumina permanecem sendo o que o diz respeito ao pensamento tão logo ele se depara com a questão sobre qual o seu parentesco com a vigência como tal.
Pensar que e como a CLAREIRA propicia vigência, isso pertence à questão sobre a determinação da coisa (causa) do pensamento que, devendo corresponder a essa coisa (causa) e ao estado de coisas que lhe é próprio, vê-se na necessidade de uma transformação. Espaço e tempo mostram-se como esse estado de coisas já que desde sempre colocam-se para o pensamento em conexão com a vigência do vigente. Todavia, é somente a partir da CLAREIRA que o próprio do espaço e do tempo e de sua relação recíproca tornam-se determináveis para a vigência como tal. (Coisa do Pensamento)