Fink (1994b:204-206) – a dialética do ser, da existência e do mundo

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Entre as questões fundamentais da dialética do ser está a relação entre ser e aparecer, pensada a partir do ente, como exteriorização e apresentação de algo que ao mesmo tempo se encerra e regressa a si. Também aqui devem ser desconstruídas (abgearbeitet) as representações segundo as quais uma aparência das coisas atua como uma parede intermédia, como um ferrolho de fecho, e aquelas pelas quais a “coisa para nós” esconde, em certa medida, a “coisa em si”. Naturalmente, a dialética da existência está sempre ligada à relação do homem com as coisas que o rodeiam, mas não se esgota na relação do homem com o mundo fenomenicamente dado que o rodeia. O homem é uma criatura natural e uma liberdade existente, ele nunca reúne os dois modos de ser sem problema, ele “é”, existe como sua contradição, ele está suspenso entre dois abismos, o mais alto ente e o nada, ele nunca está seguro como o animal, e nunca em liberdade sem constrangimento, como o anjo. Está ancorado às coisas de que precisa, necessárias à sua sobrevivência — e é rodeado pelas coisas na sua proximidade, estando ao mesmo tempo mais fora do que qualquer ser intramundano, porque se relaciona com o nunca-dado que reúne todos os fragmentos enquanto se afasta deles. Intramundano e aberto ao mundo, o homem torna-se o lugar da verdade das coisas e é, ao mesmo tempo, o lugar do erro, da dúvida e da mentira.

Kessler

[FINK, Eugen. Proximité et distance: essais et conférences phénoménologiques. Tr. Jean Kessler. Grenoble: Jérôme Millon, 1994b]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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