Fink (1966b:20-22) – Édipo

destaque traduzido

O destino de Édipo traça o destino da paixão do homem pela verdade, em monumental grandeza e simplicidade. O filho da terra viola a sua mãe quando se levanta contra ela e tenta subjugá-la com a sua astúcia, quando constrói casas e cidades, faz ferramentas e máquinas e celebra os triunfos do seu trabalho e da sua inteligência. Será que esse conhecimento é suficiente? Não poderá ser ultrapassado por um conhecimento mais assustador, pelo qual saberíamos que a mãe natureza é inesgotável a um ponto que o homem é incapaz de imaginar? O saber prático e técnico na esfera do ser não se desmorona subitamente, quando a questão do que é realmente o ser desperta e se impõe? O não-saber a que somos precipitados por uma reflexão que se inicia não é um “estado” em que possamos habitar, mas antes um estado determinado por uma tensão insuportável; a negatividade do não-saber torna-se a ansiedade de uma peregrinação, de uma odisseia espiritual em que nunca temos a certeza de chegar a uma Colona. Se a tragédia de Édipo é uma metáfora simbólica do desejo humano de verdade, e portanto de filosofia, então a filosofia é aqui representada como um jogo. É um jogo que pode, numa medida essencial, dar-nos uma interpretação da filosofia.

Hildenbrand & Lindeberg

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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