Davos – Dasein não tem tradução nos conceitos de Cassirer

tradução do francês

Se disséssemos “consciência”, isso seria precisamente o que foi rejeitado por mim. O que chamo de Dasein não é apenas co-determinado em sua essência pelo que designamos como “espírito” nem pelo que chamamos de “vida”, mas o que se trata, é a unidade originária e a estrutura imanente do ser/estar-em-relação de um homem que é/está, de certa forma, acorrentado em um corpo e que, portanto, tem sua própria maneira de ser/estar ligado ao sendo (ao ente) no meio do qual ele se encontra, não no sentido de uma mente que baixaria o olhar sobre esta situação, mas no sentido que o Dasein, lançado no meio do sendo, cumpre enquanto livre um perscrutar do sendo, o qual é sempre histórico (geschichtlich) e, em um sentido último, contingente. Tão contingente mesmo que a forma mais alta da existência do Dasein não se deixa conduzir, em toda duração do Dasein que se estende entre a vida e a morte, senão a um número muito pequeno de raros instantes. Em outras termos, não é senão em raros instantes que o homem existe na ponta de suas próprias possibilidades; fora destes instantes, ele não faz senão se mover no meio de seu sendo.

Pierre Aubenque

[Excerto de ERNST CASSIRER et MARTIN HEIDEGGER. Débat sur le Kantisme et la Philosophie (Davos, mars 1929). Tr. Pierre Aubenque. Paris: Beauchesne, 1972, p. 44-45]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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