- destaque
- original
destaque
(…) A afirmação de Kant de que “os seres humanos existem como fins em si mesmos” é suposto referir-se precisamente ao que Heidegger designa como “cuidado”, nomeadamente, “que o que está em jogo para o ser humano é o seu próprio ser”. No entanto, o objetivo de Kant não é apenas sublinhar a distinção entre coisas e pessoas, mas também apontar para “um mundo de inteligências”. Do mesmo modo, o conceito de cuidado de Heidegger, precisamente ao determinar o mundo da preocupação, também inclui aquilo a que ele chama “solicitude”, “cuidar dos outros” ou, em suma, “estar-com-os-outros”. “O mundo do ser-aí é ser-com-os-outros” (SZ 118). É certo que, tanto nas Conferências Prolegômenos como em Ser e Tempo, ao abordar “quem é o ser-no-mundo”, Heidegger rejeita a ideia de que a resposta a esta questão tenha qualquer “avaliação moral” (GA20 337, 389, 391). No entanto, a referência à determinação de Kant dos seres humanos como “propósitos em si mesmos” faz mais do que meramente sugerir que a descrição de Heidegger do “ser-com-os-outros” como um aspecto central do ser-aí pretende recapitular, em certo sentido, o que de outra forma é visto como fundamental para a ética. De fato, nalgumas das passagens mais exasperantes de Ser e Tempo, Heidegger pede aos seus leitores que diferenciem o “propósito puramente ontológico” da sua interpretação de uma “crítica moralizante do ser-aí quotidiano”, apenas para conceder mais tarde que “uma concepção ôntica específica da existência genuína, um ideal factual do ser-aí”, está subjacente à interpretação. (SZ 167, 310)
original
- L22of;GP 195. See, too, Heidegger’s rejection of distinct philosophical disciplines such as logic, ethics, aesthetics, and philosophy of religion in PAA 172.[
]
- This point is iterated in the summer of 1927 (GP 201-209) and becomes the basis for the lectures in the summer of 1930: Vorn Wesen der menschlichen Freiheit, ed. Hartmut Tiegen, GA 31, second edition (1994), 220, 238, 246, 255. Heidegger can point to the use of the category of causality to elaborate the meaning of ‘freedom’ and to the conformity of the table of categories of freedom in the Kritik der praktischen Vernunft to the table of categories in the Kritik der reinen Vernunft.[
]
- Immanuel Kant, Grundlegung zur Metaphysik der Sitten (1785), in Kants Werke, vol. 4 (Berlin: de Gruyter, 1968), 462, 453.[
]
- ‘Solicitude’ is not an adequate translation of ‘Fürsorge,’ a term used to signify everything from a mother’s loving care for her child to social welfare. Yet, while a little-used synonym for ‘anxiety’ or ‘worry,’ ‘solicitude’ can connote concern directed at others. ‘Being solicitous of others’ has the added advantage, like ‘Fürsorge,’ of being used widely, e.g., for loving attention and for intrusiveness or pushiness. ‘Solicitude is the Vulgate translation of ‘merimna’ in Greek; cf. SZ iqq 11. 1.[
]
- SZ 167, 310. For a development of this ethical accent, see Frederick Olafson, Heidegger and the Ground of Ethics (New York: Cambridge Univ. Press, 1998). See, too, Christopher Fynsk’s discussion of being-with in his Heidegger: Thought and Historicity, expanded edition (Ithaca, N.Y.: Cornell Univ. Press, 1993), 28-54.[
]