Boutot (1987:270-272) – Plotino, hipóstases

destaque

O fato de o neoplatonismo, e mais especificamente a filosofia de Plotino, não pertencer à tradição metafísica tal como Heidegger a entende (i.e. como ontoteologia) foi sublinhado por J.-L. Marion e sobretudo por P. Aubenque num artigo intitulado “Plotino e a superação da ontologia grega clássica”. Como sabemos, Plotino contesta o primado da ontologia, que para ele já não ocupa o primeiro lugar na hierarquia do saber filosófico. Como salienta P. Aubenque, uma tese essencial do plotinismo, e posteriormente do neoplatonismo, é que o ente não é a coisa primeira ou mais universal. O ente só pertence à segunda hipóstase, a da Inteligência. Acima do ente, há o Uno. “Ao reduzir, num único e mesmo movimento, o ente ao inteligível e a inteligência do ente a uma hipóstase, que já não é a primeira, Plotino torna imediatamente claro, embora isso não tenha sido muito notado até agora, o que é particular e, portanto, limitado sobre o que tem sido chamado de “estrutura onto-teológica da metafísica”, o fruto de uma decisão parcialmente arbitrária do pensamento, em vez de uma necessidade lógica.

original

BOUTOT, Alain. Heidegger et Platon. Paris: PUF

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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