Transzendenz

Transzendenz, transcendence, transcendência, transcendencia, trascendencia, übersteigen, überschreiten, transcendens

El ser, como tema fundamental de la filosofía, no es un género del ente, pero concierne a todo ente. Su «universalidad» debe buscarse más arriba. Ser y estructura de ser están allende todo ente y toda posible determinación óntica de un ente. Ser es lo transcendens por excelencia1. La trascendencia del ser del Dasein es una trascendencia privilegiada, puesto que en ella se da la posibilidad y la necesidad de la más radical individuación. Toda apertura del ser como lo transcendens es conocimiento trascendental. La verdad fenomenológica (aperturidad del ser) es veritas transcendentalis. (SZ:38; STRivera:58)


Uma observação terminológica preliminar regulará o uso da palavra “transcendência” e preparará a determinação do fenômeno com ela visado. Transcendência significa ultrapassagem. Transcendente (transcendendo) é aquilo que realiza a ultrapassagem, que se demora no ultrapassar. Este é, como acontecer, peculiar a um ente. Formalmente, a ultrapassagem pode ser compreendida como uma “relação” que se estende “de” algo “para” algo. Da ultrapassagem faz parte, então, algo tal como o elemento em direção ao qual se realiza a ultrapassagem; isto é designado, na maioria das vezes, de maneira inexata como o “transcendente”. E, finalmente, em cada ultrapassagem algo é transcendido. Estes momentos são deduzidos de um acontecimento “espacial”; é a esse acontecimento que a expressão primeiramente visa.

A transcendência, na significação terminológica que deverá ser clarificada e demonstrada, refere-se àquilo que é próprio do ser-aí humano; e isto não, por certo, como um modo de comportamento entre outros possíveis, de vez em quando posto em exercício, mas como constituição fundamental deste ente, uma constituição que acontece antes de todo comportamento. Não há dúvida, o ser-aí humano, enquanto existe “espacialmente”, possui, entre outras possibilidades, também a de um “ultrapassar” um espaço, uma barreira física ou um fosso. A transcendência, contudo, é a ultrapassagem que possibilita algo tal como existência em geral e, por conseguinte, também um movimentar-“se”-no-espaço.

Se se escolhe para o ente que nós mesmos sempre somos a cada vez e que compreendemos como “ser-aí” a expressão “sujeito”, então a transcendência designa a essência do sujeito, ela é a estrutura básica da subjetividade. O sujeito nunca existe antes como “sujeito”, para então, caso subsistam objetos, também transcender; mas ser-sujeito quer dizer: ser um ente na e como transcendência. O problema da transcendência nunca pode ser exposto de tal modo que se procure uma decisão sobre se a transcendência pode convir ou não (150) ao sujeito; a compreensão da transcendência já é muito mais a decisão quanto a se realmente temos ou não em mente algo assim como a “subjetividade” ou se apenas tomamos em consideração por assim dizer um esqueleto de sujeito.

Naturalmente, com a caracterização da transcendência como estrutura fundamental da “subjetividade”, muito pouco se ganha, em um primeiro momento, para a penetração nessa constituição do ser-aí. Pelo contrário, como agora, de maneira geral, está propriamente desvalorizado o pressuposto expresso ou na maioria das vezes não expresso de um conceito de sujeito, a transcendência também não se deixa determinar mais como “relação sujeito-objeto”. Mas então o ser-aí transcendente (uma expressão já tautológica) não ultrapassa nem uma “barreira” posta diante do sujeito, que o obriga primeiro a permanecer dentro de si (imanência), nem um “fosso” que separa o sujeito do objeto. Os objetos – os entes objetivados – também não são, porém, aquilo em direção ao que se dá a ultrapassagem. O que é ultrapassado é precisa e unicamente o ente mesmo, e, na verdade, cada ente que pode tomar-se ou já está desvelado para o ser-aí; por conseguinte, também e justamente o ente que “ele mesmo” é enquanto existe. (GA9GS:149-150)


VIDE: (Transzendenz->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Trans)

transcendance
transcendence
VIDE transcendens

Transzendenz, transzendent e transzendieren (“transcender”) vêm do latim transcendere “ascender (scendere) para além, através (trans)”. Heidegger também utiliza seus equivalentes germânicos, übersteigen, “ascender, superar, exceder, transcender”, e überschreiten, “cruzar, exceder”.

Heidegger distingue, assim, quatro sentidos de “transcendência” (GA65, 216s):

1. A transcendência ôntica: um outro ente transcendeu os entes; no cristianismo, Deus, o criador, transcendeu os entes criados. Esta é uma noção confusa, especialmente quando se diz que Deus é a “transcendência” ou até mesmo um “ente”.

2. A transcendência ontológica que se encontra no koinon (“comum” em grego) enquanto tal, o ser como conceito geral (genera — categorias — “acima” e “antes” dos entes, a priori). Esta é a abordagem de Aristóteles e seus seguidores medievais, que examinaram o ser como um transcendens, deixando obscura a diferença entre ser e entes.

3. A transcendência “fundamental-ontológica” (cf. SZ, 350-67): esta retorna para o sentido original de “transcendência”, superação (Übersteigung), sendo concebida como um aspecto distintivo de Dasein (ou melhor, Da-sein) e indicando que ele “sempre já se encontra no aberto dos entes”. A transcendência de Dasein envolve a compreensão de ser (cf. GA26, 280; GA27, 217). Assim a transcendência ontológica (2 acima), com a sua compreensão de ser, combina com a transcendência fundamental-ontológica. Mas a compreensão é agora concebida, de modo não-medieval, como “projeto lançado”. Transcendência significa portanto: “estar na verdade do ser”, o que não implica um explícito conhecimento do ser. Essa transcendência assegura a liberdade do homem.

4. A transcendência “epistemológica” ou cartesiana: um sujeito supera a barreira ou fronteira entre si mesmo e o seu objeto, entre o seu espaço interno e o mundo externo. Uma tal transcendência não ocorre, insiste Heidegger. Em virtude da transcendência no sentido 3, Dasein está aberto para objetos intramundanos, não está separado deles por barreira ou fronteira alguma; ele transcende para o mundo, não para os objetos (cf. GA26, 211s).

Não obstante ter defendido 3, que é o modo como Heidegger usa o termo “transcendência” em SZ, Heidegger critica o uso do termo que ele mesmo faz anteriormente. Por duas principais razões: (1) Falar da transcendência de Dasein poderia parecer implicar que antes de transcender Dasein parte, como um “eu” (Ich) ou sujeito sem-mundo, de uma esfera de entes sem-mundo, não-transcendidos. (GA65, 217s, 322). (2) Se a transcendência de Dasein é tornada mais explícita e conceitual, como uma transição filosófica ou metafísica dos entes em particular para os entes como um todo e de lá para o ser, isto é uma tentativa de atingir o ser por meio dos entes, de interpretar a sua natureza a partir da natureza dos entes. Mas isto não procede. O ser é único e incomparável, não deve ser atingido por meio de passos graduais a partir dos entes, mas apenas por meio de um salto direto para dentro dele. “Então não devemos superar os entes (transcendência), mas saltar por sobre esta distinção (entre ser e entes), e assim transcender, e questionar primordialmente a partir do ponto de vista do ser e da verdade” (GA65, 250s).

Heidegger rejeita a palavra “transcendência” mais do que o conceito. Ele ainda fala do homem desprendendo-se (Sichloswerfen, Loswurf) dos entes (GA65, 454) e da “rendição” (Entsetzung, que também inclui o significado de Entsetzen, “terror”) pelo ser dos entes que nos cercam e nos assediam (GA65, 481s). Nada na explicação da transcendência de SZ sugere que ela seja um processo gradual ou inferencial que parte de um ainda não transcendente Dasein e de entes ainda não transcendidos; entes só são considerados como entes em virtude de serem transcendidos, e Dasein não seria Dasein (ou um sujeito) se não transcendesse (GA26, 211). Heidegger não considera consistentemente a filosofia como envolvendo um salto imediato para dentro do novo paradigma: ao explicar o tempo-espaço para os seus contemporâneos, ele concorda em começar do espaço e do tempo como concebidos tradicionalmente (GA65, 372). Mas ele sente que o ser seria contaminado se nos aproximássemos dele por meio dos entes. (Duns Scotus similarmente sentiu que argumentar, como são Tomás, a favor da existência de Deus a partir da existência e movimento das entidades finitas enfraquece nosso conceito de Deus.)

Heidegger rejeita a transcendência ôntica, embora mantenha constante interesse por ela. Ele se pergunta como a ideia de ser como o “todo-poderoso” surgiu da nossa transcendência fundamental-ontológica e da nossa compreensão de ser (GA26, 211 n.3). Sugere que a afirmação de que o “povo” é o propósito da história é apenas aparentemente não-cristã; ela estabelece uma ideia ou valor transcendente do mesmo modo como o cristianismo postula um Deus transcendente. As várias “visões-de-mundo”, concorrentes entre si, sejam cristãs ou anticristãs, possuem isto em comum: elas pressupõem que o homem seja um ente cuja natureza já é fixa e conhecida e serve de base para a sua transcendência. Em contraste com isso, a transcendência fundamental ontológica, e o “salto” envolvido na posterior filosofia de Heidegger, determina o que o homem deverá ser (GA65, 24s).

Mais tarde, Heidegger cunha o termo “rescendência” (Reszendenz) para o inverso da transcendência que ocorre na tecnologia antropocêntrica (SF, 56). (DH:190-192)


NT: Transcendence (Transzendenz), 38 (of the being of Da-sein), 38fn, 39fn (-like), 49 (idea of), 61 (and immanence of knowing), 202 (of consciousness into reality) 364 (of Da-sein); of the world (as a problem), 335, 350-351, 363-364, 366, 389; world-time has the same t. as the world, 419; as Temporality, 38fn. See also Clearing; Ecstatic unity; Temporality of being; Temporality, horizonal; Time (world-time) (BTJS)


Transzendenz (die): «trascendencia». Transzendenz («trascendencia»), transzendent («trascendente») y transzendieren («trascender») proceden del latín trascendere (literalmente, «ascender» (scendere) «por encima» o «a través» (trans)). Heidegger también utiliza los términos alemanes übersteigen («pasar por encima», «superar») y überschreiten («traspasar»). En la filosofía escolástica, los transcendentalis del ser son el unum, el verum y el bonum en la medida que son atributos que se pueden aplicar a todas las entidades. Heidegger aborda el tema de los trascendentales en su tesis de habilitación sobre Duns Escoto, donde la trascendencia remite a la intencionalidad, a la relación primaria que el alma establece con Dios. En Ser y tiempo, se llama al Dasein el trascendens puro y simple. Pero no será hasta las lecciones del semestre de verano 1927 cuando el término Transzendenz, que reemplaza al de Existenz, se convierta en la indicación formal de la condición de posibilidad de la intencionalidad. La Transzendenz indica el trascender del Dasein en el sentido de trascendere: ir más allá de sí mismo. En el caso de Heidegger, no se trata de un más allá (Jenseits) trascendente, sino de un trascender el nivel de la vida cotidiana y del trato con las cosas en la medianía del uno público para situarse en el claro (Lichtung) del ser. (GA20, p. 181; GA22, pp. 10, 231; GA24, pp. 77-90, 91 (intencionalidad del Dasein = condición de posibilidad de la trascendencia), 98 (el trascender es un descubrir), 230 (trascendencia originaria = Dasein), 248, 379 (trascendencia del Dasein → temporalidad), 413, 418-429 (estar-en-el-mundo, trascendencia, temporalidad), 423-424 (mundo = lo realmente trascendente), 426 (existir = trascender), 428, 429 (temporalidad → trascendencia → comprensión del ser), 447, 460; SZ, pp. 3, 14, 38, 280, 350-366 (trascendencia del mundo), 363-364, 364-366 (mundo), 389, 419.) (LHDF)


Transzendenz (transcendence) — Heidegger’s treatise on the transcendentals, the habilitation of 1915-16, already relates transcendence to intentionality, drawn from its medieval context as the “transcendent primal relation of the soul to God” (GA1:351). Heidegger thus cites Scheler’s similar equation, calling the human being “an eternal beyond” (GA63:25), in GA63, along with texts from Calvin and Zwingli, which are repeated into BT. But it is not until SS 1927 (GA24) that transcendence becomes Heidegger’s “formal indication,” thus detheologized and understood as the condition of the possibility of intentionality. (KisielBT)



  1. NotaH a: Pero transcendens – a pesar de toda su resonancia metafísica – no a la manera escolástica ni grecoplatónica del κοινόν, sino trascendencia en tanto que lo extático-temporeidad-temporariedad; pero ¡«horizonte»! El Ser (Seyn) ha «recubierto» el ente (Seyendes). Pero trascendencia desde la verdad del Ser: el Ereignis (acontecer apropiante).