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Sein zum Tode

quinta-feira 6 de julho de 2023

Sein zum Tode, être-pour-la-mort, être-vers-la-mort, être envers la mort, être à la mort, ser-para-a-morte, Being-toward-Death, ser relativamente a la muerte

Um dos pontos mais estudados do pensamento de Ser e tempo   de Heidegger é o conceito do ser-para-a-morte, a situação-limite humana por excelência. Para ele, é só na antecipação do ser-para-a-morte que o Dasein se apropria como ser-para, aquilo que ele tem de ser. Diante do paredão intransponível, intransferível, inadiável e incontornável da morte, o Dasein se vê remetido de volta a antecipar uma decisão de apropriação de todo seu ser-para. Morte é o não-horizonte de todos os horizontes humanos, o aguilhão do fechamento de toda abertura possível da existência, donde se compreende também o conceito de Angst, angústia. Mas na angústia, estreitamento, ainda não se está diante do paredão do nada da morte. A morte não pode ser vivenciada. [Harada  ]


VIDE: Sein zum Tode

Sein zum Tode (das): «estar vuelto hacia la muerte», «ser-para-la-muerte». La muerte del Dasein — como su posibilidad de ser más extrema, inminente, indeterminada y cierta — permite considerar la existencia en su totalidad y su finitud. La muerte es un elemento constitutivo del Dasein que marca el horizonte irrebasable de su existencia, un horizonte que el Dasein no puede eludir y hacia el cual tiende irreversiblemente. Como cualquier otro existenciario, este «estar vuelto hacia la muerte» puede entenderse de una manera impropia y propia: en el modo de ser de la cotidianidad se manifiesta como una huida ante el fenómeno de la muerte; en la modalidad de la existencia propia se expresa como un adelantarse (Vorlaufen) resueltamente hasta ella. Esta anticipación inherente a la resolución (Entschlossenheit) prefigura la estructura de la temporalidad originaria. Véanse también las entradas Tod (der) y Vorlaufen (das), vorlaufen. [SZ  , pp. 234-237,240,245,247-251,258-266,302,306-310, 313, 325, 329-330, 344, 374, 382, 384-386, 390-391, 425-426.] [LHDF]


Em todo o caso, a análise heideggeriana   nega a abstração do poder-morrer, a fim de fazer deste o núcleo da temporalidade autêntica. O ser-para-a-morte é a mediação indispensável para passar da temporalidade [Zeitlichkeit] como estrutura unitária das três dimensões do tempo à temporalidade como abertura de si e a si, enquanto projeto [Entwurf]. O ser-para-a-morte possibilita a temporalidade. Esta dá-se primeiro como Cuidado [Sorge], quer dizer, como unidade dos três «êxtases» [Ekstase], projeto [Entwurf], facticidade [Faktizität] e decadência [Verfallen]. O Cuidado possibilita o ser-para-a-morte, que é denominado uma «concreção» do Cuidado, na medida, sem dúvida, em que o poder-morrer se contrai por antecipação num só ponto, contraindo a unidade concreta da existência completa. O ser-para-a-morte contém a totalidade possível do Dasein, não como totalidade morta, mas como totalidade em antecipação de si, totalidade se fazendo. O ser-para-a-morte só existe autenticamente como antecipação [vorlaufen], como totalidade projetada de si. […] No eu «sou como devendo-morrer» (é assim que é preciso entender o gerúndio, como um futuro necessário e indeterminado), o dever-morrer precede o sum, dá-lhe absoluta e inicialmente (allererst) sentido. A morte [Tod] é uma possibilidade [Möglichkeit] certa, de uma certeza maior e mais antiga do que o «eu sou» [Ich bin]. A certeza da minha morte é mais velha do que «eu» [Ich]! «Esta certeza, a saber, que é de mim mesmo que se trata no meu caminhar para a morte, é a certeza fundamental do Dasein, de uma proposição verdadeira relativa ao Dasein, enquanto que o Cogito é apenas uma aparente» [GA20  :437]. O que há a dizer sobre isto? Que o ser só aparece no tempo da finitude mortal; que o ser do sum, que me é dado apenas no horizonte estreito do dever-morrer, só assim se manifesta como meu. A posição heideggeriana   está aqui próxima do existencialismo kierkegaardiano: ambas contra a universalidade abstrata do: «não há morte em geral» [GA20  :433], ambas a favor de uma singularidade que só se encontra realizando-se nela.

A morte possibilita-me, e mantenho-me «em espera», suspenso na possibilidade, até à minha morte efetiva. O Dasein só se reúne completamente ao ser, no sentido do seu próprio ser, morrendo! Somente morrendo (im Sterben) posso dizer de um certo modo absoluto «eu sou» [GA20  :440]. Surpreendente posição! A morte individualiza-me, mas até à morte de facto preservo os meus possíveis graças à morte como possibilidade. Neste texto, anterior ao SZ  , Heidegger parece opor ser e existência. O ser, o tornar-se ente-subsistente [Vorhandenheit] na existência [Existenz], seria então a recaída última na existência. Ou ainda, uma outra interpretação: quando deixo quase de existir, estando a morrer, reúno a minha pura possibilidade de ser, que está mesmo a desaparecer. Ou ainda, sou o que sou, sou idêntico a mim, apenas à morte e, portanto, a morte precede-me sempre como o tempo aberto onde não estou ainda, mas em que hei-de estar. Para o Dasein o ser é o tempo. Existindo, ele não pode dizer nunca «eu sou» no sentido de uma identidade que estabelece consigo. Heidegger reconhece isto indiretamente no Nietzsche   II [GA6T2  ], quando inclui nas definições sucessivas da existência, logo depois da existência segundo Kierkegaard  , a existência no sentido de SZ   [Mas reinterpretando esta existência como «clareira do aí»!]. Em certa medida, esta proposição significa: não sou nunca um ente subsistente, um sum no sentido cartesiano da substância, salvo quando deixo de ser. Então a minha última palavra, no instante fatídico, seria: «eu sou», embora não tenha sido, tendo existido! Apenas me torno um «sujeito» à hora da minha morte! Tal compreende-se segundo a nossa possibilidade extrema, abrir-se graças a ela às nossas possibilidades próprias, «escolher-se a si mesmo» [GA20  :440], o que significa ao mesmo tempo e de maneira completamente reversível: ser-para-a-morte e existir. Ora se a morte é a possibilidade de ser do Dasein («O Dasein é assim essencialmente a sua morte». [GA20  :433]), esta possibilidade reflecte-se ou repercute-se em todas as estruturas do Dasein! [36] A morte como poder-ser torna-se o equivalente do ser-no-mundo, na absoluta singularidade. [HEH:32-36]