Faktizität

Faktizität, facticité, factivité, facticidade, factualidade, facticity, facticidad

Facticity is dasein’s existential determinateness. The term “facticity” first emerges in the context of Heidegger’s confrontation with neo-Kantianism. While working on his dissertation (1913) and his habilitation (1915) as Heinrich Rickert’s student, he distinguishes between the logic character (Logizität) of the timeless, absolute, and universal sphere of theoretical knowledge, and the facticity (Faktizität) of what is temporal, individual, and accidental. During his earliest lectures in Freiburg (1919/20), he develops several phenomenological analyses of life in its immediate givenness. For him, life experiences the situations and understands the relationships of its surrounding world. “Facticity” designates that world of meaningful relationships and familiar situations in which life already encounters itself: “Factical life — in its richness of relations and meanings — is what is nearest to us” (GÄ58:i75).

Later, in the frame of the early phenomenological interpretations of Paul’s epistles and Augustine’s sources (1920/21), facticity is used to refer to the primary reality of factical life experience. But the facticity of human life has nothing to do with the factum of knowledge, nor does it designate the factum brutum of something simply occurrent without any kind of determination. The lecture course Ontology — The Hermeneutics of Facticity (1923) offers a first systematic attempt at conceptually articulating Dasein’s diverse factical modes of existence, and in the treatise The Concept of Time (1924), Heidegger uses the spelling Facticität in order to highlight its ontological sense. Finally, in Being and Time (1927) Dasein’s thrownness (Geworfenheit) signals the facticity of having fallen into the anonymity of the One (das Man), in contrast to its projection as a horizon of possibilities. Dasein exists factically. To put it otherwise, “existentiality is essentially determined by facticity” (SZ 192) and, together with existence and fallenness, it is a fundamental ontological character of Dasein as care. (CHL)


VIDE: (Faktizität->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Faktizität)

facticidade
facticité
facticity

Mundo (Welt) é a facticidade do existir (existieren) humano. O que Heidegger tem em vista com essa posição? Fático (faktisch) não é um termo que se pode compreender como um sinônimo de factual (tatsächlich). O mundo não é para nós um fato (Faktum), que podemos sempre constatar, bastando para tanto certa concentração de nossa atenção. Como o mundo é um correlato intencional do existir e como esse correlato aponta para o horizonte histórico de manifestação dos entes enquanto entes, jamais podemos simplesmente constatar a presença do mundo, como se ele fosse uma coisa entre coisas em geral. Dizer que o mundo não é jamais apreensível como um fato bruto, porém, não significa de maneira alguma afirmar que o mundo seria uma ilusão, uma abstração, um nada. Muito ao contrário. Na medida em que o ser-aí se confunde com as suas possibilidades de ser e em que essas possibilidades de ser precisam ser sempre ao mesmo tempo possibilidades do aí (das Da) que é o dele, ele nunca pode se realizar para além do aí (das Da). Eu posso me mostrar insatisfeito com o meu mundo, posso tentar negar a situação em que me encontro, posso tentar sonhar com um mundo por vir, que me libertasse completamente do aprisionamento em tal situação, mas tudo isto não tem como acontecer senão no mundo. Assim, o mundo, isto é, o horizonte de manifestabilidade (Offenbarkeit) dos entes enquanto entes e o lugar de realização de minhas possibilidades de ser (Seinsmöglichkeit), aparece como um limite (Grenze) contra o qual eu performaticamente não posso nada. Exatamente isto, contudo, caracteriza o conceito heideggeriano de facticidade. Fáticos são sempre limites contra os quais eu posso até pretender me lançar, mas que, ao me lançar contra eles, acabo sempre de imediato ratificando o seu caráter enquanto limite. Em suma, mundo é a facticidade do existir, porque mundo é o limite constantemente reafirmado em todas as possibilidades propriamente ditas do existente. Mas Heidegger mesmo especifica ainda mais essa definição: “O conceito de facticidade encerra em si: o ser-no-mundo (In-der-Welt-sein) de um ente ‘intra-mundano’ (»innerweltlichen« Seienden), de tal modo que esse ente pode se compreender como aferroado em sua ‘destinação’ (Geschick) ao ser do ente (Sein des Seienden), que lhe vem ao encontro no interior de seu próprio mundo” (SZ:56). Não é apenas o mundo que aparece como um limite contra o qual o ser-aí humano jamais pode às últimas consequências se voltar. Uma vez que o acontecimento de mundo traz consigo originariamente a manifestação dos entes enquanto entes e uma vez que tal manifestação implica o vir à tona de entes com os quais o ser-aí de um modo ou de outro precisa lidar para ser, a facticidade envolve radicalmente a impossibilidade não apenas de se lançar para além do mundo enquanto mundo, mas também de escapar de uma lida (Umgang) determinada com os entes que despontam no mundo. (MACMundo1:53-54)


NT: Facticity (Faktizität), 56, 59, 72 n. 1, 120, 128, 135, 145, 179, 181, 190-193, 222, 229, 231, 250, 252, 275-276, 284, 298, 314, 316, 328, 348, 350, 404; and existentiality, 181, 191-192, 221-222, 231, 249-250, 276, 284-285, 328, 364. See also Attunement; Historicity; Having-been; Thrownness (BTJS)


NT: Em qualquer nível do exercício da existência, ocorrem consolidações de referências, de elaborações e mudanças. O termo que a tradição latina guardou para designar essas consolidações foi o verbo fazer com seus derivados feito, fato, fatual, de fato, fatualidade e facticidade. Visando a distinguir os planos de estruturação ontológica e de consolidações ônticas, Ser e Tempo usa para o primeiro o substantivo abstrato facticidade (Faktizität) e para o segundo os derivados fatual, fato, de fato, fatualidade (Tatsache, tatsächlich, faktisch, Faktum, dass). (SZ 322)


Faktizität (die): «facticidad». El término Faktizität emerge en el contexto de discusión neokantiano para distinguir entra la logicidad (Logizität) de la esfera supratemporal, absoluta y universal del conocimiento lógico y la facticidad (Faktizität) de lo que es temporal, individual y accidental. Después de participar en esta discusión durante los años de elaboración de su tesis de habilitación (1915), Heidegger hace suyo este término a finales del año 1920 para referirse a la realidad primaria de la experiencia fáctica de la vida. Pero la facticidad de la vida humana no remite al factum del conocimiento, tampoco es el factum brutum de algo que está simplemente ahí delante sin ningún tipo de determinación y que se sustrae a cualquier intento de conceptualización. En cambio, el programa heideggeriano de una hermenéutica de la facticidad, como la que desarrolla en las lecciones del semestre de 1923, consiste precisamente en elaborar conceptos capaces de aprehender el fenómeno de la vida en su modos fácticos de existencia. En el tratado de 1924, El concepto de tiempo, se usa la variante Fakticität para resaltar aún más el peculiar sentido que Heidegger atribuye a este término. En cuanto a la etimología, reproducimos el resumen ofrecido por Franco Volpi en su glosario terminológico de la reciente revisión de la traducción italiana de Pietro Chiodi de Ser y tiempo. Faktizität deriva de Faktum («hecho»), calco alemán del latino factum y que debe distinguirse de Tatsache («hecho»), concepto elaborado en 1756 por el teólogo Joachim Spalding para traducir el inglés matter of fact que, a su vez, es la traducción de la expresión latina res facti. En Kant se encuentra la distinción entre el Faktum de la razón y la Tatsache de la libertad. El término Faktizität aparece como tal por primera vez en Fichte y ocasionalmente en Dilthey. Y, finalmente, reaparece en el ámbito del neokantismo, como se ha indicado antes. (GA58, pp. 41 (vida), 59, 61, 206, 114, 135, 157 (experiencia fáctica), 162 (factum); AKJ (GA9), p. 35 (yo fáctico); GA59, pp. 36, 87 (existencia), 173, 174 (tarea de la filosofía); GA60, pp. 3-6, 9-14 (experiencia fáctica de la vida), 16, 34, 94, 107 (inseguridad = vida fáctica), 119, 121-125 (cristiana), 205-210 (vida), 230, 231, 241-246 (de la vida), 255, 259, 262, 283, 299; GA61, pp. 2, 3, 39, 63, 79-80, 87, 114, 117, 140, 145, 152-153, 155, 159, 168, 172, 195; NB, pp. 18 (vida fáctica), 20, 25, 27 (facticidad ≠ existencia), 28, 29 (propio tiempo, generación), 31 (posibilidades de apropiación); GA63, pp. 3 (hermenéutica), 5-6, 14-20 (autointerpretación de facticidad), 21-33, 29 (concepto de facticidad), 31 (temporalidad), 67-80 (fenomenología hermenéutica de la facticidad); GA17, pp. 288-290; GA20, pp. 150, 208, 304; GA21, pp. 233 (Dasein ≠ presencia; Dasein = facticidad), 402, 414 (a priori de la facticidad); SZ, pp. 56 (definición = factualidad del Dasein), 72, 135, 191-192 (existir es siempre fáctico), 193, 221-222, 231, 249-250 (facticidad, existencia, caída), 276, 284-285, 300 (existencia fáctica), 328, 364.) (LHDF)


Faktizität (facticity) – The locus classicus of the term is in the post-Kantian “irrational hiatus” between aposteriori and apriori, where Faktizität is (497) paired with Logizität and specifically set off from it first by Fichte. After discussing it in its neo-Kantian sense, Heidegger then makes the term his own at the end of SS 1920 (GA59) to refer to the primal reality of factic life experience, already charged with its own hermeneutic “logicity,” thereby collapsing and conflating the post-Kantian distinction. (KisielBT)


Embora a analítica esteja consciente do afastamento que cava entre o originário e o autêntico, é de um modo mais reticente que simultaneamente reconhece e ilude o enigma da facticidade. Lançado no mundo, o Dasein está obscuramente e inextricavelmente ligado ao destino do ser do ente natural. Este laço é a própria facticidade. Esta não seria enigmática, caso não invadisse a clareira e se deixasse totalmente reduzir à transcendência da Stimmung. Heidegger renuncia à descrição do princípio ambíguo que liga o existente ao ser natural. Ele esforça-se por extirpar a morte, e mesmo o nascimento, da sua intricação na vida, e isto transformando-os em puras possibilidades existenciais. Tentaremos discernir na clareza demasiado pura destes existenciais «o indespedaçável núcleo de noite», de que eles seguramente guardam vestígio. (HEH:21)