Página inicial > Palavras-chave > Temas > denken …
denken …
denken / pensar / penser / think / Denkwürdigen / digno de ser pensado / digno de pensar / erdenken / erdichten / inventer / forger / Nachdenken / reflexão / rechnende Denken / pensamento calculador / Andenken / remémoration / rememoração / anfängliche Denken / pensar inicial / inceptual thinking / gedanken-los / carentes de pensamentos / sem-pensamentos / Gedankenlosigkeit / carência de pensamentos / ausência-de-pensamentos / gedanken-arm / pobres de pensamento / pobres-em-pensamento / Gedanke-flucht / fuga-aos-pensamentos / Bedenkliche / grave / pensable / Bedenklichste / gravíssimo / ce qui donne le plus à penser
Termos de muito difícil tradução, sobretudo se se quiser respeitar o seu paralelismo. Globalmente, pode dizer-se que o Andenken é memória ou comemoração, quer dizer pensamento que se volta para trás num movimento retrospectivo, enquanto o Vordenken é avanço ou preparação, quer dizer pensamento que caminha para diante num movimento prospectivo. Convém no entanto não interpretar mal a singularidade deste duplo movimento. A retrospecção característica do Andenken não é olhar incidente sobre um passado revoluto, mas olhar dirigido em direcção ao que, na medida em que ainda não pensado, continua proposto ao nosso futuro — mesmo se não podemos esperar atingir esse futuro senão pelo «passo atrás» [1]. Inversamente, a prospecção característica do Vordenken não é um avanço livre, desligado de todo o passado, mas uma penetração em direcção ao futuro, ela própria apenas tornada possível a partir do Andenken — mesmo se deve passar resolutamente para lá dele [2]. Andenken e Vordenken constituem de facto os dois pólos de uma oposição, mas esta não pode em caso algum ser reduzida à oposição estática do passado e do futuro. Na realidade, ambos pertencem, segundo modalidades diferentes, à dimensão do futuro, e só se opõem no pano de fundo de uma troca ou de uma participação recíproca [3]. [MZHPO:34]
DENKEN E CORRELATOS
Matérias
-
GA8 (18-19): Só um ente que fala, quer dizer que pensa
2 de janeiro de 2017, por Cardoso de Castro
Reprises et Transitions - De la première heure à la seconde
Español na trad. RAÚL GABÁS (español); português em nossa trad. do francês ALOYS BECKER ET GÉRARD GRANEL; inglês na trad. de Fred D. WIECK and J. GLENN GRAY
NOSSA TRAD.
[…] Só um ente que fala, quer dizer que pensa, pode ter uma mão e realizar em uma manipulação o trabalho da mão.
[…] Mas os gestos da mão transparecem na linguagem, e isto na maior pureza quando o homem fala em se calando. No entanto, é na medida que o (…)
-
Haar (1990:143-148) – rememoração (Andenken)
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
Alves
O salto, porque volta ao mesmo lugar, porque só deixa o ponto de partida para melhor se reapropriar dele, é ao mesmo tempo rememoração (Andenken). «O salto só se mantém salto se rememorar» (als andenkender). O segundo acto que define a essência do pensamento é a memória (Gedächtnis), a rememoração da História do Ser, o ser como história. Porque deve o «passo atrás», o movimento que volta da metafísica à sua essência impensada, a diferença ontológica , também revestir a (…)
-
Zarader (2000:131-134) – Erörterung
30 de outubro, por Cardoso de Castro
O Erörterung apresenta várias características paralelas às do Ort. Já notámos na anterioridade do local, em relação a tudo aquilo que concede: o local e a origem, o aquilo a partir de onde. De facto, o primeiro traço da situação, será que ela se orienta para a condição de possibilidade. Essa linguagem — marcada pelo léxico do transcendental — é o do Princípio da Razão. Apresentando «o princípio», Heidegger escreve: «Devemos considerá-lo a bem dizer, no sentido oposto: não no sentido das suas (…)
-
Deleuze (1988:238-240) – o pensar
26 de outubro, por Cardoso de Castro
Nosso tema não é aqui o estabelecimento de uma tal doutrina das faculdades. Procuramos apenas determinar a natureza de suas exigências. A este respeito, porém, as determinações platônicas não podem ser satisfatórias. Com efeito, não são figuras já mediatizadas e referidas à representação, mas, ao contrário, estados livres ou selvagens da diferença em si mesma que são capazes de levar as faculdades a seus limites respectivos. Não é a oposição qualitativa no sensível, mas um elemento que é em (…)
-
Birault (1978:373-377) – La valeur (Wert)
30 de maio de 2017, por Cardoso de Castro
O pensamento segundo os valores é por conseguinte uma simples figura — a figura "moral" — do pensamento que calcula. O valor perdeu toda relação com o ser, com a integridade, a saúde, a coragem ou a nobreza do ser. O valor é agora valor avaliado, ou avaliação valorizante, valor calculado, valor adicionado, valor atribuído. O valor, desde que seja pensado na perspectiva do que é valioso e da validade, não tem em si mais nada de venerável ou de valoroso; não vale mais nada, mais nada senão o (…)
-
Demske: Being as Noein-Einai (Parmenides)
1º de maio de 2017, por Cardoso de Castro
p. 95-98
What was being for the other great pre-Socratic thinker, Parmenides? Contradicting the widely held opinion that the teaching of Parmenides is diametrically opposed to that of Heraclitus, Heidegger maintains that both thinkers really shared the same philosophical standpoint: "Where should these two Greek thinkers, the founders of all thought, take their stand but in the being of beings? For Parmenides too, being is the hen, kyneches, that which holds itself together in itself, (…)
-
Trawny (2015) – errância
2 de fevereiro, por Cardoso de Castro
destaque
Aqui temos de estar atentos, bem como de exercer o nosso discernimento. Porque quando um filósofo começa a misturar o que aparentemente se opõe à verdade, isto é, a mentira, com a verdade, a perverter uma na outra, então o sofista não está longe. Será possível que Heidegger seja o sofista da modernidade? Quem poderia negar que esta questão é sugerida precisamente pela publicação das Schwarze Hefte? Heidegger liberta nelas a sua ira. Surge um pensador que lança os seus raios sobre (…)
-
Zarader (2000:86-88) – o pensamento
30 de outubro, por Cardoso de Castro
A segunda parte da aula O que chamamos pensar? [GA8] — que pode aqui ser considerada como texto de referência — segue um movimento de conjunto especialmente revelador. Desde a primeira aula, estamos confrontados com a «clivagem»: apresentando os múltiplos sentidos da sua interrogação, Heidegger distingue logo entre a determinação do pensamento que tem, desde sempre, força de lei («como é que aquilo que é aqui nomeado pensamento está circunscrito na doutrina tradicional do pensamento?») e a (…)
-
GA41: Significado «razão pura»
19 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Extrato da tradução em português de Carlos Morujão
O eu, enquanto «eu penso» é, de ora em diante [após Descartes], o fundamento em que repousa toda a certeza e verdade. Mas, ao mesmo tempo, o pensamento, o enunciado, o logos, é o fio condutor das determinações do Ser, das categorias. Estas encontram-se tendo como fio condutor o «eu penso», tendo em vista o eu. Deste modo, o eu, devido a este significado fundamental para a fundamentação da totalidade do saber, torna-se a determinação (…)
-
Arendt (LM2:17-18) – onde estamos quando pensamos?
1º de janeiro de 2020, por Cardoso de Castro
João Duarte
Concluí o primeiro volume de A vida do Espírito com certas especulações sobre o tempo. Isso era uma tentativa para clarificar uma questão muito antiga, levantada pela primeira vez por Platão, mas nunca respondida por ele: onde é o topos noetos, a região do espírito em que o filósofo habita? Reformulei esta pergunta no decurso da investigação para a seguinte: Onde estamos quando pensamos? Para onde nos afastamos quando nos alheamos do mundo das aparências, cessamos todas as (…)
-
Stambaugh (1969:8-12) — Identität - Identity
24 de janeiro de 2019, por Cardoso de Castro
Excerto da introdução de Joan Stambaugh (p. 8-12) a sua tradução de Identität und Differenz.
As Heidegger remarks, it took philosophy two thousand years to formulate the problem of identity in its fully developed form as mediation and synthesis. With Leibniz and Kant preparing the way, the German Idealists Fichte, Hegel, and Schelling place identity in [9] the center of their thought on the foundation of transcendental reflection. These thinkers are concerned not with the simple unity of (…)
-
Arendt (LM:94-96) – pensar e julgar
3 de outubro de 2020, por Cardoso de Castro
Abranches, Almeida e Martins
Essa distinção entre pensar e julgar só veio a merecer destaque com a filosofia política de Kant — o que não é de se estranhar, já que Kant foi o primeiro e permaneceu sendo o último dos grandes filósofos a lidar com o juízo como uma das atividades espirituais básicas. Pois o que importa é que nos vários tratados e ensaios que Kant escreveu tardiamente, o ponto de vista do espectador não é determinado pelos imperativos categóricos da razão prática, isto é, pela (…)
-
Richardson (2003:20-22) – Positividade do Pensamento Fundamental
26 de setembro, por Cardoso de Castro
De forma mais positiva, o pensamento fundamental tenta meditar o Ser como o processo da verdade, ou seja, o processo de iluminação nos seres. Qual é a estrutura fundamental desse pensamento? É trazida à luz pela natureza do homem concebida como ek-sistência, ou seja, dotada da prerrogativa, única entre os entes, de uma abertura extática ao processo de iluminação de ά-λήθεια. A Ek-sistência assim entendida pode ser chamada de “Aí” (Da) do Ser, porque é aquele domínio entre os entes onde (…)
-
Dreyfus & Kelly (2011:62-64) – gratidão
3 de novembro, por Cardoso de Castro
Os deuses são essenciais para a compreensão grega homérica do que é ser um ser humano. Como Peisistratus — o filho do velho e sábio Nestor — diz no início da Odisseia: “Todos os homens precisam dos deuses.” Os gregos estavam profundamente conscientes das maneiras pelas quais nossos sucessos e fracassos — na verdade, nossas próprias ações — nunca estão completamente sob nosso controle. Eles eram constantemente sensíveis, maravilhados e gratos por aquelas ações que não se pode realizar por (…)
-
Glenn Gray (1968:xxi-xxiii) – pensar (denken)
6 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
For Heidegger thinking is a response on our part to a call which issues from the nature of things, from Being itself. [Introduction & Translation "What is called thinking?" (GA8). New York: Harper & Row, 1968]
What is it that Heidegger does call thinking? It is important to say first of all what he does not call thinking. Thinking is, in the first place, not what we call having an opinion or a notion. Second, it is not representing or having an idea (vorstellen) about something or (…)
-
GA6:264-266 – pensa-se a partir de um "canto do mundo"
12 de setembro, por Cardoso de Castro
[…] Nietzsche alcançou uma clareza cada vez mais intensa quanto ao fato de o homem sempre pensar a partir de um “canto do mundo”, a partir de um ângulo espaço-temporal: “Não podemos ver para além de nosso canto” (n. 374; 1887). O homem é concebido e denominado aqui “aquele que se encontra preso em um canto”. Desse modo, encontramos uma clara expressão do fato de tudo o que é efetivamente acessível ser absorvido no campo de visão determinado pelo canto, uma clara expressão e um claro (…)
-
Haar (1990:154-157) – pensar e questionar
30 de maio de 2017, por Cardoso de Castro
Alves
Irrupção no ser, vigilância que rememora, dizer simples — estaremos a esquecer com esta tripla definição que o exercício do pensamento, para quem quer que tenha lido um pouco de Heidegger, manifesta-se antes de mais como um inlaçável questionamento? Da primeira frase de SZ: «A questão do ser caiu hoje em dia no esquecimento»… até à célebre última palavra do ensaio sobre «a questão da Técnica»: «O questionamento é a devoção do pensamento», parece que Denken e Fragen experimentam-se e (…)
-
GA89:89-95 – tornar presente [Vergegenwärtigung]
17 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
[…] Trata-se do esclarecimento da diferença que já foi discutida várias vezes aqui, a diferença entre recordar [Erinnerung] e tornar presente [Vergegenwärtigung]; para começar, a interpretação suficiente do fenômeno do tornar presente. […] Tornamos presente agora, cada um para si, a Estação Central de Zurique. Colocamos duas questões que cada um deve responder por si. Primeiro: para onde me dirijo ao tornar presente a Estação Central de Zurique? O que é tornado presente, em que penso no (…)
-
GA40: Estrutura da Obra
19 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
GA40 / GA40PT / GA40EN / GA40FR / GA40ES
Carneiro Leão I A QUESTÃO FUNDAMENTAL DA METAFÍSICA II SOBRE A GRAMÁTICA E ETIMOLOGIA DA PALAVRA “SER” III A QUESTÃO SOBRE A ESSENCIALIZAÇAQ DO SER IV A DELIMITAÇÃO DO SER V CONCLUSÃO
Pilári 1. La pregunta fundamental de la metafísica 2. La gramática y la etimología de la palabra «ser» I. La gramática de la palabra «ser» II. La etimología de la palabra «ser» 3. La pregunta por la esencia del ser 4. La delimitación del ser I. Ser y devenir II. (…)
-
GA41:138-139 – intuição e pensamento
19 de julho de 2017, por Cardoso de Castro
Morujão
[…] O conhecimento humano é um relacionar-se com objectos, de modo representativo. Este representar não é um mero pensar por conceitos e juízos, mas, o que é acentuado pelo espaçamento tipográfico e pela construção da frase, é «a intuição». A relação imediata com os objectos, e que verdadeiramente os traz até nós, é a intuição. Certamente que ela não pode sozinha constituir a essência do conhecimento, como, tão pouco, a constitui somente o pensamento, mas o pensamento pertence à (…)
[1] EHD [GA4], p. 95 (127) : «Se o pensamento, lembrando-se daquilo que foi (das Gewesene), lhe deixa a sua essência e não altera o seu reino usando-o apressadamente como presente, descobrimos então que o que foi, pelo seu retorno no Andenken, se estende para lá do nosso presente (Gegenwart) e vem até nós como um futuro (ein Zukunftiges). Bruscamente, o Andenken deve pensar o que foi como algo de ainda-não-desdobrado (als ein Nochnicht-Entfaltetes)». Cf. também SvG [GA10], p. 107 (147).
[2] Cf. IuD [GA11], p. 34 (Qu. I [Q12], p. 276) : «O que quer que tentemos pensar, e seja qual for a maneira por que o façamos, pensamos no espaço de jogo da tradição. Ela reina quando nos liberta da reflexão (Nachdenken) para uma prospecção (Vordenken) — que não significa traçar planos. Não é senão quando, pensando, nos voltámos para o já pensado, que estamos ao serviço do que há ainda para pensar».
[3] Para uma interessante caracterização ào Andenken heideggeriano, nomeadamente na sua diferença em relação à Erinnerung hegeliana, pode consultar-se proveitosamente G. Vattimo, Le aventure della differenza, Milano, Garzanti, 1980, pp. 175 e segs.