GA19:413-414 – liberar da tradição

Casanova

Aqui também, e ainda hoje e fundamentalmente na fenomenologia, vemos a presença de um romantismo que acredita ser possível alcançar por uma via direta o espaço livre, de tal modo que poderíamos nos desprender em certa medida por um salto da história. O que está em questão para o modo de questionamento filosófico – precisamente no caso daquele que visa a penetrar nas coisas mesmas – não é se libertar do passado, mas, inversamente, (451) liberar o passado para nós, liberá-lo da tradição; e, em verdade, da tradição inautêntica, que tem a peculiaridade de desfigurar no dar, no tradere, na entrega, o próprio dom. Somente se auxiliarmos o nosso próprio passado, no sentido do passado da investigação, a alcançar o seu direito estaremos em condições de crescer nesse passado, isto é, somente então estaremos em condições de nos elevarmos em meio à investigação assim liberta ao seu nível de questionamento e investigação. Esse tipo de consideração histórica toma possível compreender que aquilo que permanece na história – e permanece não no sentido de um presente eterno, mas de uma historicidade temporal própria – não são os sistemas, mas a parte com frequência difícil de ser reconhecida de um trabalho realmente investigativo, uma parte que apreendemos como parte de um trabalho efetivamente realizado. É somente a partir daqui que é possível conquistar a comunicação propriamente dita com o passado. E somente se tivermos alcançado uma comunicação com o passado há a perspectiva de sermos históricos. Intransigência em relação à tradição se mostra como veneração pelo passado – e ela só é autêntica na apropriação do passado a partir da destruição da tradição. É a partir daqui que todo trabalho historiológico efetivo, que sempre é claramente algo bem diverso de toda historiologia no sentido usual, precisa se inserir na pesquisa material sobre a coisa mesma empreendida pela filosofia.

Rojcewicz & Schuwer

Even here, and even today still, and not for the last time, in phenomenology, there is a romanticism which believes that it can step directly into the open space, that one can, so to speak, make oneself free of history by a leap. Philosophical questioning—precisely the one intending to press on to the matters themselves—is not concerned with freeing us from the past but, on the contrary, with making the past free for us, free to liberate us from the tradition, and especially from the ungenuine tradition. For the latter has the peculiar characteristic that in giving, in tradere, in transmitting, it distorts the gifts themselves. Only if we do justice to our own past, in the sense of past research, will we be able to grow in it, i.e., only then will we be capable of raising our liberated research to its level of questioning. This kind of historical consideration lets us understand that what remains in history— not in the sense of an eternal present but as a proper temporal historical· ity—are not systems but the often difficult to recognize pieces of actual research and work, that which we will grasp as pieces of actually accomplished labor. Genuine communication with the past is to be gained only on this basis. And only if we have attained this communication does there exist a prospect to be historical. Ruthlessness toward the tradition is reverence toward the past, and it is genuine only in an appropriation of the latter (the past) out of a destruction of the former (the tradition). On this basis, all actual historiographical work, something quite different from historiography in the usual sense, must dovetail with philosophy’s research into the matters themselves.

Original

Auch hier, und auch heute noch und nicht zuletzt in der Phänomenologie, gibt es eine Romantik, die glaubt, auf dem geraden Wege ins Freie zu kommen, daß man sich gewissermaßen mit einem Sprung von der Geschichte losmachen könnte. Es kommt bei der philosophischen Fragestellung – gerade bei der, die es absieht, auf die Sachen selbst zu dringen – nicht darauf an, sich von der Vergangenheit frei zu machen, sondern umgekehrt die Vergangenheit für uns frei zu machen, frei zu lösen aus der Tradition, und zwar der unechten Tradition, die das Eigentümliche hat, daß sie im Geben, im tradere, im Weitergeben, die Gabe selbst verunstaltet. Nur wenn wir unserer eigenen Vergangenheit, im Sinne der Vergangenheit der Forschung, zu ihrem Recht verhelfen, vermögen wir an ihr zu wachsen, d.h. erst dann sind wir imstande, uns an der so freigelegten Forschung auf ihr Niveau des Fragens und Forschens zu heben. Diese Art der Geschichtsbetrachtung läßt verstehen, daß das, (414) was bleibt in der Geschichte – und bleibt nicht im Sinne einer ewigen Gegenwart, sondern einer eigentlichen zeitlichen Geschichtlichkeitnicht die Systeme sind, sondern das oft schwer wiedererkennbare Stück wirklich forschender Arbeit, das, was wir als ein Stück wirklich geleisteter Arbeit erfassen. Erst von hier aus ist die eigentliche Kommunikation mit der Vergangenheit zu gewinnen. Und erst wenn man mit dieser die Kommunikation erreicht hat, besteht Aussicht, geschichtlich zu sein. Rücksichtslosigkeit gegen die Tradition ist Ehrfurcht vor der Vergangenheit, – und sie ist echt nur in der Aneignung dieser – der Vergangenheit – aus der Destruktion jener – der Tradition. Von hier aus muß jede wirkliche historische Arbeit, die eben etwas ganz anderes ist als die Historie im üblichen Sinn, sich in die Sachforschung der Philosophie einfügen.