Casanova
Tudo aquilo que pode ser pensado sobre as “tonalidades afetivas” precisa ser pensado a partir da experiência do seer e de sua questionabilidade, isto é, a partir da dor da história do seer. (a dor como a clareira da diferença – essa diferença mesma)
A requisição nunca pode voltar-se para um tratamento das “tonalidades afetivas” por assim dizer em si e para sua articulação em uma ordem hierárquica absoluta, que as coloque por assim dizer prontas para a escolha. Aqui não há nenhuma questão acerca de uma multiplicidade de tonalidades afetivas antes de tudo estabelecidas antropologicamente, sobre as quais, então, de acordo com o entusiasmo ou a depressão, se disporiam, a fim de jogar umas contra as outras, as tonalidades afetivas, e escolher sobretudo aquelas que se acham de acordo com o “tempo” heroico e exitoso; situação na qual, naturalmente, a “angústia’, completamente marcada pela incompreensão corrente, com certeza se vê prejudicada, se é que ela consegue efetivamente escapar à condenação sumária. [217]
Na medida em que “a tonalidade afetiva” é concebida em Ser e tempo como “disposição”, isso significa que ela precisa ser experimentada a partir do ser-aí. “Disposição” não visa, aqui, ao “bem” ou “mau” estar como condição psicológica. “Encontrar-se disposto” significa, aqui, o encontrar-se disposto ekstático no aí como a localidade do avatar do tempo estranho do ser-aí. Tempo como avatar do tempo é a essência da “temporalidade” do ser-aí.
“A tonalidade afetiva” é, aqui, já o estar afinado pela voz, isto é, pela requisição adicionada pelo pensamento e oriunda da questionabilidade do seer. A tonalidade afetiva fundamental é a “tonalidade afetiva” que responde a uma tal requisição, a dor da questionabilidade. A tonalidade afetiva também precisa ser experimentada em sua essência a partir da essência da dor como a despedida da intimidade (a dor não pode ser mal interpretada, por exemplo, como “tonalidade afetiva” no entendimento usual de “sentimento”).
Tonalidade afetiva é escuta interior a – (responder) à voz da dignidade do seer, voz essa que afina na dor da questionabilidade do seer.
“As tonalidades afetivas” do ser-aí “vêm” a partir do seer; elas são incontornáveis; elas nunca são, porém, de maneira igualmente essencial estados que se abatem sobre nós, mas, insistentes, são marcadas pela experiência.
É preciso que pensemos aqui “sobre” as tonalidades afetivas no sentido em que as tonalidades afetivas são radicalmente pensadas em termos da história do seer, isto é, no sentido em que são experimentadas de maneira pensante. Esse experimentar também é, então, ao mesmo tempo “afinador” em um sentido subsequente. A dor abriga em si a unidade originária da alegria da intimidade e da tristeza da separação.
A alegria é a guarda e a defesa do seer em sua transversão e abrigo no início.
A tristeza é a guarda e a defesa do seer em sua transversão e em seu curso evasivo em meio ao ocaso do início.
Alegria e dor, assim como sua unidade dolorosa, determinam-se sobretudo a partir da inicialidade do início.
Rojcewicz
Everything to be thought about “dispositions” must be thought on the basis of the experience of beyng and of its question-worthiness, i.e., on the basis of pain as understood with respect to the history of beyng.
It can never be demanded to treat “the dispositions” in themselves, as it were, to arrange them in an absolute hierarchy, and to lay them out as if they could be a matter of choice. In this domain, there is no question of an earlier, anthropologically postulated manifold of dispositions, which are then considered according to elation and depression, in order to play the dispositions off against one another and, above all, to choose those appropriate to the “heroic” and consequential “times.” In such a procedure, “anxiety,” especially in the usual misinterpretation, will of course appear at a disadvantage, provided it manages to avoid complete condemnation.
In Being and Time, “disposition” is grasped as “situatedness” [“Befindlichkeit”], which means that it must be experienced in terms of Da-sein. “Situatedness” does not here signify the psychological state of well-being [Wohlbefinden] or of feeling ill [Schlechtbefinden]. “Situatedness” here means the ecstatic situating of oneself [Sich-be-finden] in the “there” as the inhabited place of the foreign temporal domain of Da-sein. Time as temporal domain is the essence of the “temporality” [“Zeitlichkeit”] of Da-sein.
“Disposition” [“Stimmung”] is here already disposedness based on the voice [Stimme], i.e., based on the intended claim of the question-worthiness of beyng. The basic disposition is the “disposition” replying to such a claim; it is the pain of question-worthiness. The disposition must also be experienced in its essence out of the essence of pain as the absence of intimacy. (Pain must not be misinterpreted as “disposition” in the ordinary sense of “feeling.”)
Disposition is the steadfast hearkening—(to reply) to the voice of the dignity of beyng, a voice that disposes into the pain of the question-worthiness of beyng.
“The dispositions” of Da-sein “come” out of beyng; they are unavoidable; but, just as essentially, they are never states that simply befall us; instead, they are steadfast, they exist by way of experience.
We must here think “about” the dispositions in the sense that they are first thought inventively—i.e., experienced thoughtfully—in terms of the history of beyng. This experience is then at the same time also “disposing” in a sequential sense. Pain harbors the original unity of the joy of intimacy and the sorrow of absence.
Joy is the tending and preserving of beyng in its twisting free and sheltering in the beginning.
Sorrow is the tending and preserving of beyng in its twisting free and escaping in the downgoing of the beginning.
Joy and sorrow and their painful unity are determined above all from the inceptuality of the beginning.
Original
Alles über die »Stimmungen« zu Denkende muß aus der Erfahrung des Seyns und seiner Fragwürdigkeit und d. h. vom seyns-geschichtlichen Schmerz her gedacht werden. (der Schmerz als die Lichtung des Unterschiedes — dieser selbst)
Niemals kann der Anspruch darauf gehen, über »die Stimmungen« gleichsam an sich zu handeln und sie in einer absoluten Rangordnung zu gliedern und zur Auswahl gleichsam bereitzulegen. Hier gibt es keine Frage nach einer zuvor anthropologisch angesetzten Mannigfaltigkeit von Stimmungen, über die dann nach Gehobenheit und Gedrücktheit befunden wird, um die Stimmungen gegeneinander auszuspielen und vor allem diejenigen auszuwählen, die der »heroischen« und erfolgreichen »Zeit« gemäß sind; bei welchem Verfahren freilich die »Angst«, und vollends in der geläufigen Mißdeutung, gewiß in den Nachteil kommt, wenn sie überhaupt der völligen Verdammung entgeht.
Sofern »die Stimmung« in »Sein und Zeit« als »Befindlichkeit« begriffen ist, sagt das, sie muß aus dem Da-sein erfahren werden. »Befindlichkeit« meint hier nicht das psychologisch-zuständliche »Wohl«- und »Schlecht«-befinden. »Befinden« sagt hier das ekstatische Sich-be-finden im Da als der Ortschaft des unheimischen Zeit-tums des Da-seins. Zeit als Zeit-turn ist das Wesen der »Zeitlichkeit« des Da-seins.
»Die Stimmung« ist hier bereits die Gestimmtheit aus der Stimme, d. h. dem zugedachten Anspruch der Fragwürdigkeit des Seyns. Die Grund-stimmung ist die solchem Anspruch antworten-
‘
242. »Stimmung«
219
de »>Stimmung«, der Schmerz der Fragwürdigkeit. Die Stimmung muß auch in ihrem Wesen aus dem Wesen des Schmerzes erfahren sein als der Abgeschiedenheit der Innigkeit; (nicht etwa darf der Schmerz als »Stimmung« im gewöhnlichen Verstande zu einem »Gefühl« mißdeutet werden).
Stimmung ist innestehendes Hören auf – (antworten) die Stimme der Würde des Seyns, welche Stimme in den Schmerz der Fragwürdigkeit des Seyns stimmt.
»Die Stimmungen« des Da-seins »kommen« aus dem Seyn; sie sind unausweichlich; aber sie sind gleichwesentlich nie überfallende Zustände, sondern inständlich, sind erfahrend.
»Ü ber« die Stimmungen muß hier gedacht werden in dem Sinne, daß die Stimmungen seynsgeschichtlich erst er-dacht und d. h. denkend erfahren werden. Dieses Erfahren ist dann zugleich auch in einem nachfolgenden Sinne »stimmend«. Der Schmerz birgt in sich die ursprüngliche Einheit der Freude der Innigkeit und der Trauer der Abgeschiedenheit.
Die Freude ist die Hut und Wahr des Seyns in seiner Verwindung und Bergung in den Anfang.
Die Trauer ist die Hut und Wahr des Seyns in seiner Verwindung und Entgängnis in den Untergang des Anfangs.
Freude und Trauer und ihre schmerzliche Einheit zumal bestimmen sich aus der Anfängnis des Anfangs.