Natur, nature, natureza, naturaleza
Una mirada a la ontología usual muestra que, junto con haber errado la constitución del Dasein que es el estar-en-el-mundo, se ha pasado por alto el fenómeno de la mundaneidad. En reemplazo suyo, se intenta interpretar el mundo a partir del ser del ente que está-ahí dentro del mundo y que, además, por lo pronto no está en absoluto descubierto, es decir, a partir de la naturaleza1. La naturaleza – comprendida en sentido ontológico-categorial – es un caso límite del ser del posible ente intramundano. El Dasein sólo puede descubrir al ente como naturaleza, en este sentido, en un modo determinado de su estar-en-el-mundo. Este conocimiento tiene el carácter de una determinada desmundanización (Entweltlichung) del mundo. La «naturaleza», como concepto categorial global de las estructuras de ser de un determinado ente que comparece dentro del mundo, jamás puede hacer comprensible la mundaneidad2. Asimismo, el fenómeno de la «naturaleza», tomado por ej. en el sentido del concepto de naturaleza del romanticismo, sólo es ontológicamente comprensible desde el concepto de mundo, es decir, desde la analítica del Dasein. (SZ:65; STRivera:87)
When we say about a being that it is innerworldly—like nature, for example—this being still does not have the mode of being which comports itself toward a world; it does not have the mode of being of being-in-the-world. It has the mode of being of extantness, to which additionally the determination of innerworldliness can accrue when a Dasein exists which lets that being be encountered as innerworldly in Dasein’s being-in-the-world. Physical nature can only occur as innerworldly when world, i.e., Dasein, exists. This is not to say that nature cannot be in its own way, without occurring within a world, without the existence of a human Dasein and thus without world. It is only because nature is by itself extant that it can also encounter Dasein within a world. (GA25EM:14)
Nature is older than those ages (Zeiten) which are measured out to men and to peoples and to things. But nature is not older than “time” (Zeit), How could nature be older than “time”? As long as she remains “older than the ages,” she is, of course, “older,” therefore earlier, thus more original, thus precisely more timely than the “times” with which the sons of the earth calculate. “Nature” is the oldest time, and not at all “supertemporal” in the metaphysical sense, and definitely not “eternal” in the Christian sense. Nature is more temporal than “the ages,” because as the wonderfully all-present she has already bestowed on everything real the clearing in the open where everything real is first capable of appearing. Nature is prior to all actuality and all action, even prior to the gods. For she, “who is older than the ages,” is also “higher than the gods of Occident and Orient.” Nature is not by any means “above” the gods in an isolated domain of reality “above” them. Nature is higher than “the” gods. She, “the powerful,” is still capable of something other than the gods: as the clearing, in her everything can first be present. Hölderlin names nature the holy because she is “older than the ages and above the gods.” (GA4:59)
VIDE: (Natur->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Natur)
nature
natureza
naturaleza
NT: Nature (Natur), 9-11, 18, 25, 47 n. 2, 48, 60, 63, 65 + fn, 70-71, 89, 95, 98-100, 106, 112, 144-145, 152, 165, 179, 199, 211, 361-363, 377, 379, 388, 388 n. 9, 398-400, 401 (Yorck), 404, 412-413, 415, 417 n. 4, 418, 428 (Aristotle); 429, 431, 432 n. 30, 434 (Hegel); thing of n., natural thing (Naturding), 48, 63, 99-100, 211; surrounding world of … (Umweltnatur), 71, 381, 413. See also Intelligibility (unintelligibility) (BTJS)
Natur vem do latim natura, “nascimento, característica, ordem natural etc.”, e esta, por sua vez, de nasci, “ser nascido, crescer, ser produzido”, com seu particípio passado natus. O grego physis tem uma esfera de significados similar, e vem de phyein, “crescer, vir à luz etc.” Heidegger insiste que a tradução latina de physis, assim como acontece com todas as palavras gregas importantes, destruiu sua força original (GA40, 10s. Cf. GA54, 57ss). Physis aparece ocasionalmente nas preleções iniciais. Os gregos consideravam o ser como “vigência e ser-simplesmente-dado (Anwesenheit und Vorhandenheit) da physis, no sentido mais amplo” (GA21, 77). “Physis não é ‘natureza’; ela é (…) ‘o que é espontaneamente’, o que subsiste em si mesmo” (GA22, 287). O termo não aparece todavia em SZ, e apenas mais tarde torna-se proeminente.
Nas primeiras preleções e em SZ, Natur opõe-se, com frequência, à “história”, como o reino das ciências naturais em contraste com o das “ciências humanas” ou “do espírito” (Geisteswissenschaften) (GA20, 1). Contrasta, também com a “graça” ou o “sobrenatural”, com a “arte”, e com o “espírito” (GA7, 237). Que Natur contraste com outros campos é um de seus defeitos. Ela não representa uma visão original, não contaminada do(s) ente(s), mas um reino específico de entes, demarcado com vistas a uma concepção prévia dos entes enquanto tais, anterior a qualquer demarcação deste tipo. E esta concepção original dos entes que Heidegger quer desvelar, penetrando além das subsequentes linhas de demarcação. Há dois sentidos importantes de Natur. 1. a natureza tal como é circunvisualmente descoberta nas nossas lidas cotidianas com as coisas; 2. a natureza tal como conhecida teoricamente pelas ciências naturais (GA21, 314; SZ, 65). Estes sentidos não são idênticos. Uma casa não é uma parte da natureza no sentido 1, embora as árvores no jardim e os marimbondos no sótão possam ser. Para o físico, a casa é uma parte da natureza tanto quanto as árvores e os marimbondos, embora não sejam considerados como uma casa, árvores e marimbondos. Posteriormente, a natureza no sentido 1 torna-se terra. (DH)
Uma primeira abordagem consistiria em afirmar que os Gregos conceberam a φύσις (physis) pelo modelo da natureza. Ter-se-iam entregue, num primeiro tempo, a uma observação dos processos naturais, e por abstração e generalização é que a φύσις teria sido separada do seu domínio de origem para ser depois aplicada à totalidade dos entes. Isto conduziria a duas consequências igualmente necessárias: por um lado, o que os Gregos chamavam φύσις não seria mais do que «a generalização da experiência ingênua (considerada hoje como ingênua) do desabrochar dos germes e das flores, e do nascer do sol» (GA55:89); por outro lado e em consequência disso, sendo a natureza o reino dos processos materiais, e sendo a φύσις, como conceito grego fundamental para o ente na sua totalidade, derivada dela, o primeiro pensamento grego seria uma «filosofia da natureza» (Naturwissenschaft), «uma representação de todas as coisas segundo a qual elas são de uma natureza propriamente material» (GA40:12). Filosofia certamente um pouco primitiva, mas que devíamos contudo honrar pela precocidade com que colocou os primeiros marcos do naturalismo, e até do materialismo moderno. (MZHPO:46)